|
Por Antonio Luiz Ribeiro 22/05/2011 Embora os super-heróis de histórias em quadrinhos existissem nos Estados Unidos desde os anos 30 ("Fantasma", "Superman"), só nos anos 60 eles pegaram para valer no Brasil. Foi quando, para pegar carona no sucesso dos heróis Marvel da EBAL, as pequenas editoras brasileiras, em parceria com desenhistas locais, resolveram também criar seus clones. Mas o primeiro super-herói brasileiro surgiu, na verdade, nos anos 50 e não nos quadrinhos, mas na televisão. Tratava-se do "Capitão Sete", que nasceu na TV Record de São Paulo (não confundir com a Record atual) e foi exibido ao vivo pela primeira vez em 1954. Foi criado pelo ator e boxeador Ayres Campos, que também o interpretava. No início, o Capitão não era um super-herói como conhecemos. Fazia mais um tipo "Flash Gordon", que foi evoluindo a cada episódio. A princípio, o personagem não voava, usava só espadas e pistolas de raios. O Capitão tinha como assistente a então garota-propaganda da Record, Idalia de Oliveira. Contava com sua nave, onde observava as atitudes dos demais humanos na Terra. Quando encontrava alguém em apuros, descia da nave, vestia seu capacete e sua inconfundível roupa, com um "sete" atravessado por um relâmpago no peitoral. O número sete era por causa do canal. Assim, todos associavam o Capitão Sete, como o "herói da Record", "herói do 7". A origem do herói remonta sua infância, numa cidade do interior paulista, quando sua família ajudou um alien que, em troca, cuidou da educação do pequeno Carlos em seu planeta de origem. Quando voltou, o jovem tinha superpoderes. A partir daí, passou a enfrentar vilões na Terra e no espaço e, em sua identidade secreta, era um tímido químico. O programa era em preto e branco, mas o figurino do herói, na TV, era originalmente de coloração azul e preta. Ayres Campos era um ator com visão empresarial, semelhante a Maurício de Souza. Patenteou o personagem, licenciou-o para vários produtos e arranjou como patrocinador o leite Vigor. A próxima etapa seria transformar o Capitão em herói de gibi. Licenciou o personagem para a editora Continental. A adaptação ficou a cargo do diretor artístico da editora, Jayme Cortez. Este, ao que parece, se preocupou mais em dar vida e conteúdo ao personagem do que o próprio criador, pois a única e exclusiva preocupação de Campos era ganhar muito dinheiro com seu personagem, seja através da TV ou da fábrica de uniformes do herói. E deu certo, pois o ator-empresário ficou rico. Foi Jayme Cortez que transformou Capitão Sete num herói voador e, junto com seu grupo de desenhistas, bolou as histórias - todas quase sempre com texto final do redator Hélio Porto. A origem do Capitão foi apresentada no no. 1 (1959), desenhada por um jovem Júlio Shimamoto. Os desenhistas eram Getulio Delphim, Juarez Odilon, Osvaldo Talo, Sérgio Lima e Jitahi. Já na equipe de roteiristas encontravam-se o mestre Gedeone Malagola, Helena Fonseca e Hélio Porto. No gibi, a origem era a mesma da TV, com poucas diferenças: o Capitão era, na verdade, um químico nerd chamado Carlos, namorado de Silvana, filha de um figurão da Interpol. Quando garoto, Carlos foi levado para o Sétimo Planeta, onde desenvolveu super-poderes como super-força, poder de vôo e uma inteligência excepcional. Guardava seu uniforme comprimida numa caixa de fósforos. O gibi durou até 1964, com cerca de 60 números. Nos anos 80, a editora Grafipar, de Curitiba, tentou revitalizar o Raio Negro. Se desse certo, outros heróis certamente também seriam revividos, entre eles, quem sabe, o Capitão. Infelizmente, o revival do Raio Negro fracassou, devido às dificuldades financeiras da editora (recessão dos anos 80) e sua consequente quebra. |
Quem Somos |
Publicidade |
Fale Conosco
|