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Por Carlito Cunha 15/05/2011 Quando eu era garoto, em Salto Grande,no interior de SP, eu vendia laranjas, pastéis e doce-de-leite na plataforma da Estação da EFS (Estrada de Ferro Sorocabana) para ajudar minha mãe. Foi nessa estação que fiquei conhecendo o Orlando, jornaleiro dos trens de passageiros(naquela época era comum os jornaleiros venderem jornais e revistas dentro dos trens), de quem passei a comprar meus gibis. Eu, como tantos outros, fui um garoto vidrado em HQs! Naquela época comprei muitas revistas ilustradas por um certo italiano. Aquelas ilustrações e a assinatura daquele sujeito ficaram gravadas em minha mente por toda minha infância e adolescência. Isso foi lá pra 1947. Nessa época eu já tinha alguma queda para o desenho. Em 1953,quando eu voltei do Exército e trabalhava em Presidente Prudente, fiz uma viagem ao Rio de Janeiro e procurei a famosa EBAL (Editora Brasil América) com uns desenhos debaixo do braço. O diretor daquela editora ,um senhor de óculos grossos e que tinha sua caricatura em algumas revistas(depois vim a saber que se tratava do próprio Adolfo Aizen, vejam só!), não só disse que eu não desenhava nada como me “humilhou” mostrando-me uns originais do Manoel Victor Filho, que na época já era um dos grandes profissionais da HQ brasileira. Voltei para Presidente Prudente arrasado! O tempo passou e em 1972, já morando em São Paulo, quando já tinha trabalhado na TV Tupi, na Arco Artusi Propaganda, na É Propaganda (onde fui sócio proprietário), na LTB/Páginas Amarelas (tudo isso como desenhista, desmentindo o diretor da EBAL), associei-me a um nissei meio maluco e fundamos uma editora para publicar principalmente histórias em quadrinhos. Nascia assim a "M&C – Minami e Cunha" editora!O nissei maluco era o Minami Keizi! Começamos publicando muitas histórias estrangeiras: Modesty Blase, Bufallo Bill,Doutor Estranho e Conan, o bárbaro,entre outros.Aliás, no caso destes dois últimos, nós fomos os primeiros a publica-los em revista própria no Brasil, sendo que o Doutor Estranho lançamos com o nome de Doutor Fantástico. Na sequência resolvi (que ingenuidade) enveredar pela HQ brasileira. Descobri então que não havia muita coisa feita aqui com a seriedade usada pelos americanos, franceses, italianos, espanhóis, etc, que desenhavam não só para o mercado interno,mas também pensando em exportar suas histórias. Faziam quadrinhos para o mundo! Aqui no Brasil tudo era feito num modo absurdo: o material era publicado uma única vez, o mercado era monopolizado por algumas editoras, os autores eram mal pagos, etc, etc, etc. Aí eu pensei:"Quer saber?!Vou EU fazer histórias em quadrinhos!".A intenção era boa. Um dos personagens que criei foi o Chico de Ogum. Mas eu não tinha tempo disponível para ilustrar minhas histórias vividas pelo Chico. Por sorte meu sócio, Minami Keizi, conhecia muitos ilustradores e entre eles um italiano, craque em HQ. E foi então, com muita emoção, que fui apresentado ao Nico Rosso. Quem?!? Aquele mesmo italiano dos desenhos e assinatura pelos quais eu era fascinado nos meus tempos de infãncia na Estação de Salto Grande!!! O destino, brincalhão, colocou-nos frente à frente, para trabalharmos juntos, e ele ilustrou magnificamente o meu Chico. Imortalizou-o! Produzi onze histórias do Chico de Ogum e uma delas se passa em Salto Grande como uma homenagem ao lugar onde nasci e dei meus primeiros passos em tudo na vida. Carlito Cunha ,ou Carlos da Cunha,é escritor, quadrinhista ,ilustrador e foi fundador ,ao lado de Minami Keizi, da editora "M&C" nos anos 70. Visitem seu blog. |
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