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Por Antônio Luiz Ribeiro 08/05/2011 O ano de 1967 foi importante para o Estúdio D’Arte do argentino Rodolfo Zalla e do italiano Eugênio Colonnese. Foi quando produziram três novos super-heróis: "Escorpião", "Superargo" e... "Mylar"! "Mylar" é um extra-terrestre durão, misterioso e muito poderoso surgido em maio daquele ano. E, como se não bastasse, teve a sorte de ter Colonnese como desenhista. Seu traço limpo, bonito e correto anatomicamente, sempre fez dele um dos desenhistas preferidos dos leitores, geralmente preconceituosos em relação a artistas locais. Já os roteiros, ficaram por conta de Luiz (Meri) Quevedo. O protagonista, também conhecido como “O Homem Mistério”, chegou à Terra em um disco voador (que também funcionava como seu laboratório/QG) que aterrizou e ocultou nos penhascos da Ilha de Fernando de Noronha. Sua missão, fazer pesquisas e observações na Terra. De quebra, demonstrar aos terrestres os benefícios da “união e a justiça para o desenvolvimento de um povo”. Sua preocupação era legítima: em suas viagens, "Mylar" visitou planetas semelhantes à Terra, destruídos totalmente por guerras (a história se passa um ano após a Crise dos Mísseis Cubanos, que quase detonou o globo). Apesar de ser fisicamente superior aos terrestres, "Mylar" não tinha nenhum super-poder, contava com seu Cinturão Atômico, peça que lhe permitia, entre outras coisas, voar como o Superman. O uniforme do "Mylar", vermelho com uma elipse de um raio no peitoral, lembrava o "Flash" americano. O herói usava também uma máscara cobrindo todo o rosto e, mesmo sem ela, sua face nunca se revelava ao leitor, o que lhe dava um ar misterioso – que aterrorizava os bandidos e estimulava as fantasias sexuais das mocinhas ("Mylar" chegou a pegar pelo menos duas delas). A nova HQ fez logo sucesso, principalmente por causa do visual das histórias. Os roteiros não eram lá grande coisa: um pouco ufanistas, com verborragia e, pior, repleto de erros de português. O que valia mesmo eram os incríveis desenhos de Colonnese. E Meri dava a impressão de ter se arrependido de pousar "Mylar" no Brasil. Por isso, as histórias muitas vezes se passavam nos Estados Unidos e até em outros planetas. "Mylar", apesar do sucesso, deixou de circular no nº 8, em 1968 (julho, provavelmente) devido á recusa dos editores em devolverem os originais ao artista. Desgostoso, Colonnese decidiu não desenhar mais para a editora Taika. Para piorar a situação, seus desenhos se perderam numa enchente que invadiu a editora, juntos com os de outros artistas. "Mylar" é daqueles heróis que deixaram saudades. Após o cancelamento, muitos leitores pediram a sua volta. Em 1970, quando Colonnese trabalhava para a EBAL, os fãs pediram para a editora continuar com a saga do herói. Seria, afinal, uma boa oportunidade da editora iniciar seu próprio universo de super-heróis, já que ela publicava, há algum tempo, com sucesso, o "Judoka". Contudo, a EBAL, com sua tradicional visão empresarial jurássica, negou o pedido, alegando que o desenhista estava “muito ocupado” produzindo histórias como "A Independência do Brasil", "A Libertação dos Escravos" e outras bobagens ufanistas da editora. É por essas e outras que a EBAL acabou indo para o buraco. Somente em 1991 é que "Mylar" foi republicado, pelo CLUQ (Clube dos Quadrinhos), dos Editores Independentes Associados. |
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