Preparem as porpetas e o molho da macarronada que a italianada tá na área! Quem veio almoçar na animada Cantina do Bigorna esta semana foi o cartunista brasileiro mais italiano do país, o bambino Luigi Rocco. O ragatzo veio trazer sua lista dos Dez Gibis preferidos e aproveitou pra se empanturrar de spaguetti com brachola e vinho siciliano. Depois, todo alegrinho e babado de molho e vinho, ainda subiu na mesa e dançou a Tarantella, bateu palma, arrotou que nem um suíno, gargalhou, cantou o hino do Palmeiras e ameaçou fazer um strip-tease. Antes que o vexame se consumasse totalmente puxei rapidamente a toalha e derrubei o estabanado da mesa. Antes que ele se recompusesse embrulhei-o na toalha e coloquei-o na rua, junto com o lixo reciclável que a Prefeitura ficou de passar e pegar. Foi a melhor coisa que eu fiz. Quem sabe não reciclam o Rocco também?!?
Os Dez Melhores Quadrinhos de Todos os Tempos
Por Luigi Rocco
1 - Carl Barks - conjunto da obra
Quando eu lia os gibis da Disney as histórias não eram creditadas, mas quando aparecia alguma do Barks era fácil notar que por trás dela tinha alguém diferente e muito talentoso. Eu não sabia dizer muito bem o que era, mas as aventuras se diferenciavam das demais, como por exemplo a dos ovos quadrados ou aquela em que os patos vão para o Vietbang, em evidente alusão às guerras asiáticas dos anos 50 e 60.
2 - Tintin - Hergé
Conheci as aventuras do jovem repórter por meio dos desenhos animados produzidos pela produtora belga Belvision e que passavam na TV bandeirantes no programa do titio Molina, nos idos dos anos 70. O programa ia ao ar bem no horário das novelas da Globo, então já viu, né? Em casa só tinha uma TV e eu raramente conseguia assistir. O jeito foi tentar ler as aventuras em quadrinhos. Consegui um álbum na antiga livraria Freitas Bastos que ficava pertinho da praça da Sé, aqui em Sampa. Era a aventura Perdidos no Mar, lançada pela editora Record. Cara, aquilo era sensacional!!!Contrabando, tráfico de entorpecentes e de escravos, tudo misturado em com aquela precisão no desenho que o Hergé conseguia com o auxílio do Bob de Moor e todos os seus talentosos assistentes. Só posso dizer uma coisa: quem teve 12 anos e não leu Tintin desperdiçou sua infância!
3 – Vizunga - Flavio Colin
A genialidade do Colin é inquestionável e permeia toda a sua obra, mas as tiras do Vizunga são uma espécie de apanhado geral de tudo o que o mestre gostava: amor à natureza, ecologia, folclore, aventura e bom humor. Quando o personagem Vizunga, um velho aventureiro, aparecia, os desenhos eram em estilo sério. Quando ele contava suas aventuras selvagens pelo Brasil e pelo mundo o desenho era em tom de cartum, uma grande sacada! As tiras foram distribuídas pelos estúdios do Maurício de Souza nos anos 60, mas as cem primeiras tiras foram publicadas nos dois últimos números da revista Eureka da editora Vecchi, editada pelo Ota.
4 - Tom Ficcanaso - Benito Jacovitti
Pode-se contar nos dedos de uma mão as vezes que o mestre italiano Benito Jacovitti, ou Jac, como ele assinava, foi publicado no Brasil, mas uma dessas vezes foi na revista Eureka, pelas mãos do (mais uma vez) Ota, um dos poucos verdadeiros Editores de quadrinhos que nós temos neste país. O trabalho do Jacovitti me impressionou muuuuuito! Eram quadrinhos com centenas de detalhes em cada um e que ficavam espalhados pelos cantos da cena: salames com pés de gente, peixes fumando cachimbo, espinhas de peixe, dados e muito mais. A ação nas histórias era vertiginosa,num ritmo muito louco. Vale a pena conhecer!
5 – Fradim - Henfil
O trabalho do Henfil é um divisor de águas na história do quadrinho/cartum brasileiro! Só podemos lamentar a perda precoce desse cara! Ainda teria muito a nos dizer, principalmente nesse mundinho que tá cada vez mais cínico...
6 - Presidente Reis - Luiz Gê
Bem, citei o presidente Reis só pra não perder a coerência autor/personagem, mas os trabalhos do Gê mantém a excelência desde uma simples vinheta até os álbuns com dezenas de páginas, como a recente adaptação do Guarani para os quadrinhos. O cara é tão bom que ficou afastado dos quadrinhos por uns bons anos e nunca deixou de ser citado.
7 - Os Bandeirantes - Moretti e Nicoletti
A série foi publicada em cores no Suplemento Quadrinhos da Folha de São Paulo na metade dos anos 70. Como o nome já diz, tratava da história do Brasil no período colonial. Aventuras longas e muito elaboradas, com um traço seguro e muito bem humorado, merecia uma republicação em álbum. O Nicoletti afastou-se dos quadrinhos e trabalha atualmente com ilustração, mas o grande Moretti ainda está nas paradas com o seu personagem Estevão Piro.
8 - O Incal - Moebius
Toda a série do Incal é sensacional! O desenho do Moebius está no seu auge e os roteiros do Jodorowsky tem um frescor uma ousadia que depois acabaram se diluindo nas outras séries (antes e depois do Incal). A série é tão boa que eu acabo achando até que ela é um pouco injustiçada e muito pouco lembrada nestas listas de quadrinhos mais importantes do mundo...
9 – Adolf - Osamu Tezuka
Os quadrinhos do Tezuka só recentemente chegaram ao Brasil, mas quem assistiu aos animês do Kimba e da Princesa e o Cavaleiro nas redes Tupi e Record nos anos 70 sabe do poder das histórias do mestre nipônico, principalmente nestes tempos de terremoto. A série Adolf em particular é uma aula de como se fazer bons quadrinhos.
10 - O Quarteto Fantástico - Stan Lee e Jack Kirby
Eu conhecia os X-Men publicados no Brasil nos anos 70 pela das edições GEP,aí um dia passando pela banca de jornais vi uma revista com a chamada: Quarteto Fantástico versus X-men! Aquilo me chamou a atenção... Comprei a revistinha,uma edição da Ebal, e meu cabelo arrepiou! O Quarteto era ótimo, principalmente os encontros do Tocha-Humana com o Homem-Aranha. E o traço do velho King Kirby ficou marcado pra sempre em minha mente. Sem dúvida o maior mestre dos quadrinhos de super-heróis!
Termino a listagem pedindo desculpas às dezenas de outros mestres que ficaram de fora, por falta de espaço ou falha de memória.