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Por Gian Danton 28/02/2011 O lançamento do Quarteto Fantástico foi uma verdadeira revolução no mercado, abrindo caminho para que a Marvel se tornasse a editora predileta dos fãs. Mas o personagem que melhor representaria esse método Marvel de fazer quadrinhos só surgiria em 1962. Trata-se do Homem-Aranha. Quando Stan Lee apresentou a idéia para o personagem, todos na editora, especialmente o dono, Martin Goodman, acharam que seria um fracasso. Afinal, ele não era rico, era cheio de complexos e falhas de caráter e nem ao menos era bonito, fisicamente. Além disso, todo mundo odeia aranhas. Mas era justamente nesses pontos negativos do personagem que Lee apostava. Ele achava que os leitores iriam se identificar com aquele nerd que só se dava mal, era rejeitado por todos, mas, quando vestia sua máscara, tornava-se o grande herói da cidade. Para destacar ainda mais esses supostos aspectos negativos, Lee chamou Steve Ditko, que fazia Peter Parker franzino, com cara de nerd. Jack Kirby, o outro grande artista da editora, foi rejeitado por fazer o personagem musculoso. A idéia era mostrar um perdedor que se tornava o herói do pedaço. O Homem-Aranha fez um sucesso imediato. A história mostrava o garoto frágil, Peter Parker, vítima de gozação dos outros, que ganha super-poderes ao ser picado por uma aranha radioativa. Inicialmente ele usa esses poderes para ganhar dinheiro, apresentando-se na TV, mas tudo muda quando ele deixa escapar um bandido, que depois irá matar seu tio Ben. A partir de então, ele passa a adotar como lema uma frase do tio: "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades" e usa suas novas habilidades para ajudar as pessoas e combater os criminosos. Como contraponto, Parker convive com uma tia super-protetora. Tornou-se comum a cena em que ele liga para tia, ainda vestido de homem-aranha, e ela lhe diz para tomar cuidado, usar agasalho para não se resfriar e, principalmente, tomar cuidado com o Homem-aranha. A série levou ao extremo os temas já abordados no Quarteto Fantástico. O homem-aranha é extremamente humano. Ele fica doente, tem dúvidas sobre sua atuação com herói, recebe foras das namoradas... Os poderes recebidos parecem mais um fardo, um problema a mais para um garoto que enfrenta vários problemas, entre eles o aluguel do fim do mês. A morte da namorada Gwen Stacy, na década de 1970 mostrou a que ponto o realismo podia chegar: mesmo os protagonistas poderiam morrer. Uma das histórias mais antológicas do personagem é aquela em que ele precisa conseguir um composto químico capaz de salvar Tia May, mas esse composto também está sendo procurado também pelo doutor Octopus. De repente o herói se vê preso sob uma pesada viga. A seqüência mostra, em várias páginas, ele tentando se livrar do obstáculo. Quando finalmente consegue levantar a viga, o frágil Peter Parker é mostrado (no desenho de Steve Ditko) como um homem musculoso. É como se o grande inimigo que ele precisasse vencer fosse a si mesmo e, ao se tornar vitorioso, ele se tornava um herói. Era algo com que os adolescentes de qualquer lugar do mundo podiam se identificar. Afinal, o que é a adolescência, senão um período de dúvidas, dramas e vitórias? A grande qualidade dos artistas que passaram pelo personagem (Stan Lee e Gerry Conway nos roteiros, Steve Ditko, John Romita e Ross Andru nos desenhos) só fizeram resaltar o ar de mito que o personagem ganhou. Em todas as culturas há histórias de jovens guerreiros que são desprezados pelos demais, mas que, nos momentos decisivos, acabam salvando a aldeia, ou o reino, ou a cidade. Como Davi, vencendo o gigante Golias. |
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