Snifs, snifs... as férias terminaram! Acabou-se a praia, a cervejinha, a água de coco e o festival de bundas bonitas. Chega de ficar pelados em Santos, peguei minha Brasília amarela, subi a serra e só parei aqui na boa e velha redação do Bigorna. Mas não é que, para minha surpresa, minha porta nova (e caríssima) estava arrombada e a geladeira completamente devassada?!? Quem seria o glutão responsável por tamanha afronta?!? Rá! Tinha que ser o arredondado Laudo! O esférico quadrinhista veio trazer seus dez gibis preferidos, mas bateu-lhe uma larica incontrolável e o cidadão arrombou a porta e esvaziou minha pobre geladeira. Agora estou no prejú duas vezes: com a porta e com a despensa do mês todo que foi pro saco sem fundo do Laudão. Mas tudo bem, pelo menos seus gibis são ótimos e com certeza a venda deles lá no Mercado Livre vai me garantir uma boa grana pra cobrir o prejuízo. Agora toca chamar o guincho pra rebocar o glutão desmaiado aqui na cozinha. Alô, Porco Seguro?...
Os Dez Melhores Quadrinhos de Todos os Tempos
Por Laudo Ferreira Jr.
01 - Flash Gordon - Alex Raymond
Flash Gordon é a primeira lembrança de quadrinhos que tenho na vida! Tinha lá meus seis anos quando vi esse gibi. O traço belíssimo e elegante do Alex Raymond, seu herói com toda aquela coisa clássica, cenários futuristas (pra época, claro), seus vilões, tudo isso me fez a cabeça imediatamente! Até hoje sou fã do personagem. Os quadrinhos do Flash Gordon que li nessa época eram publicados pela antiga Editora Saber e no pacote veio também Mandrake, Fantasma e Príncipe Valente.
02 - Super Heróis Marvel pela Ebal - vários autores
Essas antigas edições Marvel da Ebal são queridas por muita gente. Sempre trazendo dois heróis da casa num mesmo gibi, tipo Capitão América/Homem de Ferro, Hulk/Namor, algo assim. A HQs de Super-heróis dessa época era outra coisa e foi através desses quadrinhos da casa do Adolfo Aizen que conheci mestres primordiais como Jack Kirby e Gene Colan.
03 - Drácula - Nico Rosso
Nico Rosso é meu mestre absoluto! Li pacas seus quadrinhos quando tinha meus doze, treze anos e por aí adiante. A série de quadrinhos do Drácula desenhada pelo Nico Rosso, além de ter seu próprio título publicado pela antiga Editora Taika, saia também em várias outras publicações de terror da editora. O claro-escuro de Nico Rosso nos quadrinhos do gênero era maravilhoso, porém o que mais me ganhava eram suas mulheres, era perceptível que as desenhava sem problema moral algum, pois elas estavam sempre, no mínimo, com pouquíssima roupa. Além de Drácula,outras obras desse genial mestre, como Naiara, Seleções Terrir e MitoloRIA, por exemplo, me fizeram a cabeça e me influenciaram tremendamente.
04 – Grilo - vários autores
Lembro-me de que em meados dos anos 70 eu estava naquela coisa doida e compulsiva de comprar gibis e então me deparei com essa revista na banca. Comprei-a e ela me apresentou um mundo novo dentro dos quadrinhos! Lembro-me da sensação de novidade e estranheza quando li pela primeira vez coisas como Valentina, do Crepax; Crumb, Henfil, Richard Corben e por aí vai.
05 – Fradim - Henfil
Através da Grilo conheci o trabalho do Henfil, e aí cheguei na revista própria dele. Henfil e seu Fradim me apresentaram um outro modo de fazer humor nos quadrinhos: reflexivo, crítico e corrosivo! Quando comecei a ler sua revista, apesar de não entender muita coisa que ele abordava, havia algo em seu trabalho que mexia comigo: o traço solto e rápido, quase feito num risco só, as expressões malévolas do Baixim e todas aquelas coisas doidas que esse mestre dos Quadrinhos criava.
06 - Mestres do Terror - vários autores
Esse clássico gibi publicado pelo mestre Rodolfo Zalla, juntamente com “Calafrio” (outra revista de Zalla) remetiam às antigas revistas de terror dos anos 70 de editoras como Edrel e Taika, e nelas podia-se ler obras de feras como Mozart Couto, Colin, Shimamoto, Colonnese e por aí vai. E foi através da seção de cartas dessas revistas que tive contato (isso lá pelos anos 80) com fanzineiros do Brasil todo. Muitos deles se tornaram meus amigos até hoje.
07 - O homem é bom? - Moebius
Moebius está na lista dos artistas que influenciaram diretamente o que faço! Seu traço estiloso, detalhista e até mesmo místico, é algo que ainda hoje trago de certa forma comigo. A HQ “The Long Tomorrow” que faz parte desse álbum, publicado pela Editora L&PM, trouxe uma nova concepção para mim do que poderia ser uma HQ de ficção-científica.
08 – Valentina - Guido Crepax
Assim como foi com Alex Raymond, com seu charmoso e elegante Flash Gordon, Guido Crepax com essa musa absoluta, trouxe-me uma estética também charmosa, fina, elegante, uma outra forma de fazer quadrinhos. Seu jeito de contar uma história, desde a criação da página, sua diagramação, uso de onomatopéias, estilo de traço, detalhismo, me provocavam uma certa estranheza ao ler seus quadrinhos, mas me foram marcantes e me levaram definitivamente para outras perspectivas dentro dos Quadrinhos.
09 - A Piada Mortal - Alan Moore e Brian Bolland
Aqui no Brasil esse quadrinho saiu quase que junto com “Cavaleiro das Trevas”, mas confesso que essa obra do Alan Moore e do Brian Bolland me marcou muito mais que a obra do Frank Miller. Quem por ventura ler hoje, talvez não sinta tanto impacto. Mas na ocasião, lembro-me perfeitamente da sensação doida de ver as atrocidades que o Coringa comete na história. “Cacete, ele aleijou a Batgirl!!”, pensei na ocasião. O fim é memorável! Absoluto!
10 - Chiclete com Banana - Angeli
Assim como a revista Grilo e obras como Valentina, me mostraram outras possibilidades dentro dos quadrinhos, o universo das HQs e tiras do Angeli também teve o mesmo impacto sobre mim. Inclusive por trazer tipos que, muitas vezes, eu convivia no meu dia-a-dia, já que que seus personagens são tipos fáceis até hoje de se encontrar pelas ruas. A forma de seu humor e seu traço me influenciaram de certa forma. Na seqüência vieram Laerte e Glauco na mesma praia do traço, do humor e daquela pegada toda que esses caras possuem.