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Por José Pinto de Queiroz Filho 13/12/2010 É gratificante lembrar momentos felizes, principalmente os vividos na infância e na adolescência. E o leitor de gibis da Era de Ouro, está sempre empenhado em resgatar recordações felizes de outrora. E para isso ele pode contar com os fanzines e os sites à semelhança do Bigorna, que funcionam como verdadeiras máquinas do tempo cuja leitura lhe permite revisitar o passado desse mundo remoto que parecia perdido. Apropriando-se de recursos gráficos diversos acompanhados por textos sedutores, os fanzines viabilizam ao leitor o resgate mais desenvolto do passado vivido. Às vezes, basta a leitura de um anúncio pretérito; outras, da reprodução de uma fotografia antiga; de um pequeno trecho escrito; de uma fenomenal Splash Page¹; da reimpressão de uma história antiga; da revisita a um gibi do passado ou do ressurgimento de uma dúvida de infância, que pode ser esclarecida por outro leitor através da sessão de cartas. Por tudo isto, os fãs classificam os fanzines dedicados a Era de Ouro das HQs como Tesouros Nostálgicos. Imagine, então, quando o foco são os Gibis de Natal e os inolvidáveis Almanaques Natalinos? Os “Almanaques” dos Gibis de Natal Embora as capas exibidas sejam compreensivelmente repetitivas, ninguém fica impassível diante da visão dos almanaques que nos fizeram tão felizes. O mês de dezembro era, para os guris, o mais marcante do ano, não só pelo Natal, mas também pelas revistas especiais com ilustrações e histórias em quadrinhos próprias para a ocasião. Ao contemplar as capas, não há como não voltar no tempo. Tempo em que os Almanaques de fim-de-ano enfeitavam as bancas de jornal e revistas. Dezembro era o mês das maiores emoções e dos presentes de Papai-Noel -, neles incluídos os gibis de maior tamanho, com capas cartonadas e maior número de páginas que se juntavam ao clima de festa. A estrela maior das capas era, sem dúvida, o Papai-Noel, só ou acompanhado de heróis e super-heróis. Os inocentes olhos das crianças da época regalavam-se de alegria só de ver essas preciosidades que muitas vezes nem podiam comprar. O Jovem Hodierno É difícil fazer um jovem de hoje vivenciar o mesmo sentimento de alegria e envolvimento comum a toda criança que teve a felicidade de, num dia qualquer de dezembro, chegar a uma banca e topar com um novo Almanaque. Somente quem viveu aquele tempo é capaz de recordar o prazer indescritível que obteve com essas maravilhas. O jovem de hoje vive outros tempos. Tempos incertos, de equívocos mil: da omissão do pai, e da ausência da mãe no lar. Acreditava-se erradamente que o leitor de gibi era o delinqüente de ontem. Hoje, postula-se, o novo perfil da delinqüência resulta de uma crise, sem precedentes, no seio da família; de uma educação permissiva; e do consumo desenfreado de entretenimentos, produzidos sem qualquer respeito às normas, valores e ética humanistas. Isso, sim, pode gerar a delinqüência bem-nascida que compra, vende, consome drogas, espanca empregadas domésticas, incendeia índios, agridem os homossexuais e matam professores enquanto seus pais, remoendo de culpas, optam pela omissão generalizada produzindo a falência da autoridade familiar. Os lares se transformam em pensões anônimas, vazias, onde os encontros casuais não conseguem criar e manter um contexto familiar parecido com o de antigamente. Sem condições de assumir suas responsabilidades os pais procuram suprir a ausência e o vazio afetivo presenteando os filhos com mesadas, carros, liberdade precoce e irresponsável. Sendo assim, testemunhando os novos tempos você, leitor do Bigorna, pode se julgar um felizardo: primeiro, por ter vivido Natais maravilhosos; e segundo, pelo privilégio de poder resgatar a memória dessa alegria vivida, fazendo-a permanente no mais íntimo de sua mente. Nota: |
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