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Por Matheus Moura 23/11/2010 “Pensemos inicialmente em nosso próprio País, depois lá fora, as publicações de alto nível, acontecem naturalmente, garanto.” Wilson Vieira é um profissional das HQs que fez o percurso inverso ao qual muitos autores brasileiros sonham fazer. Deixou o mercado Europeu e passou a se dedicar a produzir no país – sem excluir, claro, as oportunidades de publicar no exterior. Tudo começou na década de 1970 quando Wilson saiu do Brasil e foi para a Itália. Lá deu início a carreira de desenhista (ilustrando personagens como Homem-Aranha, Tarzan, Diabolik) e depois de muito labutar e aprender, voltou ao País natal. Aqui deu continuidade ao iniciado na Europa, mas com uma diferença: ao invés de trabalhar exclusivamente com desenhos, passou a se dedicar aos roteiros. Hoje é um dos grande roteiristas nacionais, publicando tanto no Brasil quanto na Europa. Talvez seu trabalho mais conhecido, e de maior fôlego, seja Cangaceiros Homens de Couro, em parceria com Colonnese e publicado em 2004 pela CLUQ – Clube dos Quadrinhos. A segunda parte do álbum está no prelo e em breve deve aparecer por aí. Essa e outras novidades você confere na entrevista abaixo, em que Wilson fala ainda da carreira, mercado nacional e estrangeiro, como é viver de quadrinhos e muito mais. 01 - Quem é Wilson Vieira? 02 – Do Brasil para a Itália e a volta para cá, como foi? O que levou-o a retornar? Bem, fui para a Itália estudar, a princípio, Arqueologia, porém por questões burocráticas e de praticidade, acabei mesmo estudando Belas-Artes e durante o período que lá estive de 1973 até 1980, ingressei no então famoso Studio Staff di IF, localizado em Gênova, cujo responsável era o estudioso de Fumetti, chamado Gianni Bono, onde dei início a minha aventura pessoal como desenhista de (Fumetti) Quadrinhos. A princípio totalmente inexperiente, tendo os primeiros contatos com o lápis, o nanquim, as cores, os roteiros e fui gradualmente com muito esforço e perseverança e com a insistência positiva de Gianni, o qual já acreditava e vislumbrava o meu potencial Artístico, melhorando o meu traço, dia após dia e aos poucos entendi, do que realmente eu gostava: QUADRINHOS e tudo o que o circunda. A volta, foi realmente minha escolha e opção pessoal, pois como desenhista já tinha alcançado o meu objetivo maior que era trabalhar para a Bonelli Editore e para ela, desenhei alguns episódios do personagem western mítico, chamado IL PICCOLO RANGER, além de ilustrar também outros personagens tais como Homem-Aranha, Tarzan, Diabolik (outro ícone dos Quadrinhos Italianos) e dezenas de outros personagens e dos mais variados temas, como guerra, aventura, terror, suspense, western, super-heróis, etc. Outro peso da balança, foi por ser filho único e já tinha me afastado da família por muitos anos. Além do mais, morria de saudades do meu próprio País e das pequenas coisas, tais como o arroz com feijão. Não esqueçamos que estamos falando dos anos 70 e naquela época tudo era diferente e muio mais difícil. 03 – Você mencionou alguns personagens com os quais trabalhou na Itália. Atualmente trabalha com algum desses personagens clássicos? Se não, qual deles lhe dá certa saudade e por quê? É, são realmente clássicos, e altamente vendáveis na expressão ampla da palavra, todos eles. Não, caro Matheus, não trabalho atualmente com nenhum deles; aliás somente para o Homem Aranha desenvolvi um roteiro e, logicamente, está na famosa e popular "gaveta", de nós Artistas, um dia quem sabe encontrarei algum desenhista, para ilustrá-la e publicá-la. Sinceramente, saudades não sinto de nenhum desses personagens, (a não ser Il Piccolo Ranger, pois até hoje sou um fanático pelo tema WESTERN - tanto que escrevo O ALFABETO DO VELHO OESTE, para o Tex Willer Blog lá de Portugal, para o amigo José Carlos Francisco. Onde esmiuço o tema profundamente, palavra por palavra, de A a Z), porém digo que tive imenso prazer em desenhá-los a sua época, pois cada um deles era sobre um tema, com suas ambientações e linguagens específicas e incluo que a diversificação faz um bem imenso para quem é desenhista e para o roteirista também, pelo menos vejo desse modo. Você deve gostar naturalmente, do que desenha ou escreve, senão é melhor procurar outra coisa para fazer. Claro que para as grandes editoras você é "obrigado por força da profissão" a desenhar tudo o que é solicitado, mas se não o fizer com grande prazer, esqueça, o seu produto final não será de qualidade, aqui ou em qualquer parte do mundo. Aliás, a Nona Arte é muito exigente e não perdoa esses deslizes elementares por parte dos Artistas Profissionais. Por isso a época longa de aprendizagem, de quem gosta de desenhar ou escrever a que chamamos de "amadorismo", é muito importante, ali você pode errar, não gostar, enrolar, desistir, dentro desse período tudo é permitido; e é aí, que justamente os Artistas Profissionais emergem. 04 – E quanto a sua ascensão na Itália, comentou que logo já estava a trabalhar no Studio Staff di IF. Lá teve a oportunidade de “errar, não gostar, enrolar, desistir”, como disse? Conte um pouco da experiência dentro do estúdio e, se possível, trace um paralelo entre os editores italianos e brasileiros... Exatamente, meu amigo. Tive o tempo para fazer tudo isso, menos o "desistir", isso nunca e para isso, tive a sorte de ter sempre alguém ao meu lado, enquanto aprendia e que me orientava o correto ou incentivava, o próprio Gianni ou os desenhistas e roteiristas que trabalhavam lá a mais tempo que eu e que até hoje publicam por lá. Para você ter uma idéia, passei vários meses desenhando, rochas, árvores, casas e outros tantos desenhando os personagens secundários. Somente quando desenvolvi a habilidade espontânea em desenhar "quase tudo", sem nenhuma orientação, finalmente comecei a desenhar os personagens centrais e HQs completas. Quanto ao traçar um paralelo entre os editores daqui e de lá, bem essa é uma definição muito simples em explicar, os editores de lá mandavam seus roteiros e eu tinha que seguir a linha geral dos personagens já existentes, ao desenhar. Ou senão fazíamos testes e mais testes, para lançar algum personagem novo, sob orientações precisas dos próprios editores italianos. Aqui tenho a sorte de escrever HQs, que geralmente são sempre aprovadas, aliás até hoje por aqui e lá fora, nunca tive um roteiro meu rejeitado, ou pedidos para refazê-lo ou ajustá-lo, são aceitos como eu os ofereço. Isso deve-se muito a experiência que obtive durante os anos que desenhei, ou seja eu visualizo a HQ pronta antes, do roteiro ser escrito, prática essa que só é adquirida com a experiência, acredite. E todos os meus roteiros eu os escrevo em Português e Italiano, abrindo assim maiores oportunidades de publicação. É um trabalho exaustivo sim, porém o faço com muito prazer, tentando sempre dar de mim o melhor e amigo sou um virginiano, portanto sou um detalhista por natureza (risos). 05 – E por que deixar os desenhos em segundo plano e se dedicar aos roteiros? Ainda desenha? Bem, caro Matheus, foi uma transição, bem normal para mim. Sem nenhum trauma (risos), quando voltei ao Brasil, lecionei por um bom tempo Desenho Artístico, Quadrinhos, Desenho Básico para Publicidade e naquela época, não é como a de hoje, onde existem muitas Editoras, foi quando me interessei por um programa (série), que começou a passar na Rede Globo, a história de Lampião e Maria Bonita, ali nasceu o meu envolvimento e total dedicação aos roteiros, que sigo até hoje, comecei a pesquisar, gostei muito, aliás o que mais gosto antes de iniciar qualquer roteiro é ler muito sobre o que ele solicita. Mas voltando ao assunto, foi quando acabei publicando como roteirista, o meu primeiro álbum aqui no Brasil: Cangaceiros - Homens de Couro #1, através da editora CLUQ (Clube dos Quadrinhos) daí veio um álbum Western: Gringo o Escolhido, através da Editora Nomad e aí meu amigo, não parei nunca mais. Escrevo diariamente, sábados, domingos e feriados, tornou-se uma rotina em minha vida. Na realidade eu sou um desenhista, todos os dias também enquanto desenho, existe uma conexão muito forte entre esses dois setores, (pelo menos comigo é assim), desenho sim, muito raramente, geralmente para amigos, como foi o caso do site Italiano Dylandogofili, do meu amigo Cristian Fasano, quando me solicitou uma ilustração do personagem Dylan Dog eu a fiz e depois acabou se tornando um pôster, para o aniversário personagem. Ele também me convidou agora recentemente, para escrever o roteiro para o sue fanzine Dylandogofili #0. Fiz também uma ilustração para o site Italiano Diabolik Club, onde desenhei o personagem Diabolik para um fanzine do próprio site. E recentemente está on-line uma HQ minha (texto e desenhos - feita em 1985) no site Progetto Fumetto do também amigo Giorgio Zanetti. Mas o que me realiza atualmente são os roteiros, portanto é o que me dedico mais. 06 – Interessante. Falando do Homens de Couro. Como foi a construção da história. Ela conta a história de infância e desenvolvimento de Virgulino Ferreira, o Lampião. Essa história é totalmente ficcional? Se não, o que há de real nela? Esse é realmente o objetido da série, caro Matheus. Narrar os fatos da vida de Lampião o mais real possível, sempre. Não, não é ficcional, tudo o que screvo sobre esse grande personagem Brasileiro, está baseado em inúmeros livros que adiquiri, depoimenos gravados, com o passar dos anos e em profundas pesquisas. Evidentemente você obrigatóriamente, deve inserir, "algo Quadrinhístico" que deixe o leitor de Quadrinhos mais interessado, por tais relatos e queira ver o que acontecerá no próximo número e assim por diante. Mas diria que 90% dos roteiros, são baseados na vida real de Virgulino, Cangaço e Cangaceiros. E como comprovar ou não, o que foi real na vida de um ícone, uma lenda? São mil versões diferentes de vencidos e de vencedores, eu sempre gostei da versão dos vencidos, pois ela atesta categoricamente, a sua condição mais humana. Nos alerta que devemos sempre lutar, com todas nossas forças, por nossos objetivos; pois o perder ou vencer, é uma simples peça do inexplicável, Jogo da Vida dos Homens. 07 – Já tem a história da segunda parte pronta? Se sim, quem agora desenhará? O Cangaceiros - Homens de Couro? Sim e não só o segundo número, que será desenhada pelo grande desenhista nacional Anilton Freires e publicada pela Editora Quadrix Comics Group, de Alex Magnos, em 2011. O terceiro e o quarto também estão já escritos, serão devidamente desenhados e publicados também. Esta é uma série que me dá um imenso prazer em escrevê-la, pois é carregada de uma brasilidade imensa e não só isso, é que a própria história do Cangaço e dos Cangaceiros é simplesmente fenomenal, envolvente, protagonizada por personagens extremamente fortes, numa região onde os fracos não sobreviviam. E isso me fascina e me induz, a pesquisar e escrever cada vez mais, sobre esse tema. 08 – Fale um pouco para nós da parceria com o grande Colonnese... Bem, como você mesmo disse o "grande Colonnese" eu o conheci, através do amigo Wagner Augusto, jornalista e editor do CLUQ, editora essa a qual publicou o Cangaceiros #1. Em 1992 o Colonnese, foi por mim contratado para desenhar esse álbum inicial. Alguns meses depois o álbum estava totalmente desenhado. E o curioso sobre essa série é que desde a sua idéia original, ela permaneceu inédita por 22 anos, e após executada, mais longos 12 anos, até finalmente a sua devida e merecida publicação em 2004. Paciência é o meu sobrenome, caro Matheus (risos). Lembra-se, de quando eu disse que nunca desisti do que fazia por prazer? Essa série, é a testemunha viva do dito (risos). 09 – Aproveitando o gancho da resposta 05, você escreve diariamente, mas seria HQs, ou escreve textos para outras mídias? Atualmente, vamos dizer, “vive de que”, quadrinhos? Viver de Quadrinhos, eu? Não, bem como a maioria esmagadora, dos Aristas o qual conhecemos, com certeza. Porém em minha agenda diária sempre reservo algumas horas livres, para dedicar-me exclusivamente aos roteiros de Quadrinhos, além dos sábados, domingos e feriados. Um roteirista, como você bem sabe, "encontra" ou "descobre" em muitas fontes atuais, temas ótimos para desenvolver um argumento e daí um roteiro, isso acontece comigo sempre. Não sei um nome, uma frese, coisas assim e daí surgem as idéias, as coloco num caderno, faço um esboço das quadrinizações e começo a escrever (que para mim, é uma canseira "braba" daquelas), só me acalmo e descanso depois do roteiro pronto. Será desenhado também pelo grande desenhista nacional Fred Macêdo, um roteiro meu Western com 136 páginas, que penso também publicá-lo em 2011. E muitas outras novidades virão, com certeza. Tanto daqui, como lá de fora. 10 – E sua parceria com o Fred Macêdo, como teve início? O que já fizeram juntos? É bem curiosa a nossa história. Tempos atrás tinha escrito um roteiro Western e necessitava de um bom desenhista, que gostasse do tema, para ilustrá-lo e publicá-lo. Procurei na Web, aqui e acolá e deparei-me com esse fabuloso Artista que é o amigo Fred. Expliquei o meu roteiro, as chances que tínhamos em publicar, tanto aqui no Brasil, como lá fora na Europa, pesquisamos juntos (sempre trocamos centenas de e-mails, sobre nossas HQs, eu mando para eles algumas imagens interessantes, ele me manda os esboços, as pranchas a lápis) e daí como ele queria publicar algo também sobre o tema, nasceu nossa amizade tanto pessoal quanto profissional, através da nossa primeira HQ em parceria. Inclusive ele já esteve aqui em São Paulo em minha casa e passamos um dia muito legal, juntos, falando de e sobre HQs. Bem já fizemos em parceria as HQs: Kwi-Uktena (western/horror), Evolution (ficção/horror), O Ceifeiro (western/horror). Ele irá começar Chasco outro western, neste caso será um álbum Spaghetti - Western. E desenvolvemos juntos também o "mascote/logo" para a FNNETWORK, uma emissora de rádio que é televisionada, lá em Gênova/Itália, comandada por dois irmãos e amigos pessoais que tenho por lá: Carlo e Roberto Trapani e continuamos juntos, firmes e fortes, (risos). 11 – Recentemente saiu a no BDJornal, publicação portuguesa sobre quadrinhos, e nela há duas histórias sua. Acha mais fácil ser publicado na Europa que aqui no Brasil? Como é isso? Bem, atualmente, para mim, está sendo muito mais fácil publicar tanto aqui quanto lá fora, explico: lá fora, publico (e publicarei) tudo o que faço (e farei - já estamos lá desde 2008) na revista Portuguesa BDJornal do reconhecido editor José Machado Dias, pois ele também como autor gosta do meu jeito de escrever e acha minhas HQs interessates e vendáveis. Publico (e publicarei) algumas HQs também na revista Italiana Walhalla ( publicamos tempos atrás na revista de #9 - Evolution) da Associação Cultural e Artística - ComixComunity, sempre as escolhidas (por mim oferecidas) por seus famosos editores Gianpaolo Bombara e Claudio Sacchi (aliás outra já foi oferecida e aprovada por eles - portanto aguardem novidades). E outras Editoras Italianas, também já abriram suas portas para mim, graças ao meu curriculum Italiano e os roteiros oferecidos. E obviamente, a facilidade que proponho a eles, ao escrever os roteiros em Português e Italiano. Quanto ao Brasil, publico a maioria de nossas produções na Quadrix Comics Group e agora também iniciei uma colaboração com a sua revista A3 Quadrinhos, caro Matheus, o qual também me enche de orgulho e espero que seja uma colaboração de longa data. Ou seja, confirma exatamente o que sempre levo comigo: "Se o roteiro for interessante e os desenhos de alto nível, resultando num trabalho altamente profissional, sempre encontraremos uma Editora, interessada e disposta a nos abrir as portas para os nossos produtos, tanto aqui, quanto lá fora". E seguindo essa linha de raciocínio, está inserido um selo em meus três Blogs em Italiano que diz: "PORTA RISPETTO È ARTE IL FUMETTO" - TENHA RESPEITO, O QUADRINHO É ARTE. Essa simples frase, reflete com exatidão, o que penso e sempre pensei, dos Quadrinhos e tento levar ao pé da letra essas palavras. E o mais importante, é que levamos não só aqui, mas lá fora também, a criatividade da nossa HQB, seja ela em roteiros ou desenhos e isso é altamente positivo, não? 12 – Claro! Você tocou em um ponto interessante. Como percebe essa questão do respeito pelas HQs, comparando o público e editores nacionais com os europeus? Simples, o público Brasileiro é bem mais imediatista, ou seja ele consome revistas vorazmente e as esquece, com a mesma rapidez, tanto dos autores, quanto dos personagens propostos. O público Italiano é mais tradicionalista, compra, guarda e segue seus autores e personagens favoritos, por um longo tempo. Como posso comprovar isso? Pelos inúmeros e-mails que recebo da Europa (Portugal e Itália) falando bem a respeito das HQs que lá publicamos, muitos desses leitores dizem que estão começando a colecionar as revistas das quais participamos e esperam que publiquemos cada vez mais, por lá. Não que recebo menos e-mails de Brasileiros, ao contrário, mas essa diferença existe e é latente, uma questão Cultural, penso eu. Portanto somente com muitas e muitas publicações, com diferentes temas e propostas, faremos com que isso mude. Quanto aos editores, não vejo diferenças gritantes entre eles não. Pelo menos com os quais estou colaborando. A única coisa exigida obviamente, e com todo direito, é a qualidade das HQs propostas, tanto em roteiros, quanto em desenhos. E eu sempre tive a plena liberdade em propor os temas, os quais sempre foram aceitos como são originalmente, e esse é o indicativo maior que estamos (roteirista e desenhistas), trilhando o caminho certo, e é por aí que iremos, em nossas futuras propostas também. 13 – E com relação, em geral, ao mercado de quadrinhos brasileiros. O que acha dos novos autores, do que é publicado pelas editoras de bancas e o a nova onde de materiais para livrarias? Eu acho ótimo. Essa nova "ondada" de novos autores e editoras é altamente estimulante, para o nosso mercado. Existem tantos roteiristas e desenhistas de alto nível, e isso é excelente principalmente para o mercado interno, claro. Pensemos inicialmente em nosso próprio País, depois lá fora, as publicações de alto nível, acontecem naturalmente, garanto. Em meu caso, claro é um pouco diferente, pois já era conhecido lá fora como desenhista porém, tive que recomeçar tudo novamente, do 0 como roteirista, mostrando muito trabalho, agora é que começo colher os frutos, após uma longa semeadura (risos). Adoro também, quando meus colaboradores surgem com suas propostas gráficas novas. Como disse antes, quanto maior a diversidade de temas, estilos e propostas e publicações, somente fortalecerá a nossa HQB, com certeza. Em relação a distribuição e vendas, quanto mais e diversificada, melhor é, isso os editores já "sacaram" e estão investindo pesado em bancas, livrarias, as vendas próprias on-line, tudo isso somado, somente aumentarão as vendas e nos trará novos horizontes. Caro Matheus, resumindo, penso que a saída para a nossa HQB, seja: o aumento substancial das publicações, pelas grandes editoras, médias editoras ou editoras independentes, em vários formatos ou seja; fanzines, revistas ou álbuns e o mais diversificado possível, em suas propostas. Inútil é acompanhar os "modismos" freqüentes também em HQs, pois eles não acrescentam nada a nossa evolução, são coisas efêmeras e vazias. Insistir, persistir ao infinito. Aí sim, criaremos uma nova "casta" de leitores fiéis, as vendas aumentarão, os autores serão remunerados e finalmente a nossa HQB terá o destaque que merece, já a longo tempo, estabelecendo-se para sempre. 14 – O que indica para um novo autor que, como você antes, agora começa do zero? O que ele deve fazer e como se portar? Bem é reiniciar tudo novamente, com a mesma "garra" de antes; investir em seu novo objetivo, com afinco. Voltamos novamente ao início do nosso gostoso bate-papo, perseverança, meu amigo, caminhar degrau por degrau, trabalhar duro mesmo. Ler muito, estar "antenado" com o mundo, literalmente falando, pesquisar, propor novas alternativas, ousar, enfrentar grandes desafios, ouvir muitos nãos e ir em frente, tentar, retentar, "engavetar" muitas coisas, colocar no papel tantas outras, jogar no lixo um montão de idéias, das quais você não gosta nem aprova. Guardar simples anotações ou rabiscar muito, treinar em todos os sentidos, colocar para fora uma simples emoção, tornar ela "materializada" seja como for, desenhada ou escrita. Conversar com pessoas de mais experiência, seja pessoal ou profissional, ouvir muito, desenvolver aquilo que mais gosta, aprofundar nele, são ser superficial, não ser mais um autor, mas tentar ao máximo ser um ótimo autor, acreditar em si próprio, em suas crenças, no que faz, ou irá fazer. Inventar novas técnicas, colocar de lado outras. Usar e abusar da sua criatividade, ser metódico, seguir rigidamente algumas regras pessoais e profissionais. Fazer tudo o escrito acima, colocando em prática com fanzines. Não ser ansioso, nem imediatista, tudo tem o seu tempo e hora certa para acontecer, principalmente falando da Nona Arte. E o mais importante, possuir um discernimento profundo, de si próprio quanto o que faz, pois nós Artistas sempre sabemos quando um trabalho ficou bom ou não, portanto seja sincero antes de mais nada consigo mesmo. 15 – Isso é importante! Destaca alguns dos novos talentos de hoje? Bem, posso falar, "puxando bem, a sardinha pro meu lado", como se diz por aí, dos meus atuais colaboradores (Desenhistas), pois conheço de perto os seus trabalhos, os demais não os conheço profissionalmente e seria injusto mencioná-los, por uma questão de sinceridade pessoal, apesar que sei, existam centenas e centenas de novos autores, espalhados por esse nosso imenso Brasil e fora dele. Eu pessoalmente destacaria: Fred Macêdo, Daniel Brandão, Allan Goldman, Anilton Freires, Walber Feijó, Angelo Roncalle, Walter Pax e fora esses Artistas Nacionais, incluiria também os jovens Artistas estrangeiros que são: Walter Rodriguez (Argentino) e Riccardo Nunziati (Italiano). Repito e sublinho esses Aristas Nacionais e Internacionais, são os que trabalham ou já trabalharam comigo, daí a minha escolha comprovada; pessoal e profissional. 16 – Na sua concepção, o leitor de quadrinhos atual, e brasileiro, quer ler o que? Ótima pergunta, a qual não saberia responder. Isso é o que o leitor brasileiro, diferencia do europeu. Lá por uma gama muito grande de escolhas, o leitor, lê o que mais prefere. Aqui não, não temos escolhas, diversidades; quando é mangá só se produzem mangás, lembra-se quando falei sobre os "modismos"? Ou quando é uma coisa e só aquela coisa, ou senão temos o que? Vazio total. O leitor adulto não criou ainda o hábito de ler Quadrinmhos, entende? E isso, tem que ser ensinado desde pequeno. E nossa produção? Ainda não basta, é quase que imperceptível, infelizmente, torno a repetir; temos que publicar mais, fazendo com que o leitor escolha o produto de sua preferência e enquanto isso não acontece, o que vende mesmo são os Quadrinhos importados. |
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