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Por Henrique Magalhães 15/11/2010 Entre os dias 2 e 4 de novembro de 2010, o quadrinista francês Killoffer (veja aqui) apresentou sua obra na Paraíba. Sua presença fez parte do seminário “Quadrinhos: reflexão e paixão”, organizado pelo Núcleo de Artes Midiáticas do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPB, com a parceria da Aliança Francesa de João Pessoa. O objetivo do seminário é mostrar a diversidade expressiva e de conteúdo dos quadrinhos e servir de esteio para os estudos acadêmicos no campo da Graduação e da Pós-Graduação. A vinda de Killoffer à Paraíba enquadra-se no propósito de fomentar o debate sobre os modos de produção e circulação das publicações independentes, sobre o fazer editorial e as perspectivas de consolidação de seus projetos. Killoffer é um dos mais importantes autores franceses de quadrinhos na atualidade, representando as novas vertentes que surgiram no início da década de 1990, com a criação da editora independente L’Association. Killoffer, juntamente com alguns companheiros, foi o fundador desse grupo editorial, que até hoje abre perspectivas para os quadrinhos autorais. A presença de Killoffer deu relevância especial à série de eventos programados pelo Namid e pela Aliança Francesa. No dia 2 de novembro ocorreu a abertura da exposição “Ils rêvent le monde: images sur l’an 2000 (Eles sonham o mundo: imagens sobre o ano 2000), organizada pela Aliança Francesa. A exposição faz uma viagem fantástica pelos mundos possíveis e imaginários vislumbrados por diversos autores franceses, incluindo Killoffer. Para marcar a vinda de Killoffer à Paraíba, a editora independente Marca de Fantasia, de João Pessoa, lançou a versão brasileira de um de seus álbuns, originalmente editado por L’Association. Trata-se de “Quando tem que ser” (Quand faut y aller), com tradução de Henrique Magalhães, que reúne várias fases da obra do artista. Trabalho expressivamente autoral e autobiográfico, os quadrinhos de Killoffer se destacam no cenário dos novos autores franceses, com uma obra visceral e inovadora. O lançamento do álbum de Killoffer ocorreu em 3 de novembro, na livraria especializada Comic House, ocasião em que o autor dedicou aos leitores uma concorrida seção de autógrafos. A memorável noite do lançamento de “Quando tem que ser” foi, sem dúvida, um momento de muita significação para os quadrinhos na Paraíba. Vários autores locais estiveram presentes para aquisição do álbum com a devida dedicatória. Um clima de confraternização e entusiasmo tomou a todos, dando uma relevância sem precedentes à produção da editora Marca de Fantasia. Incansável, com uma simpatia contagiante, Killoffer ilustrou pacientemente, e sempre de forma graciosa, os quase 50 álbuns tirados na primeira impressão. Em 4 de novembro, Killoffer fez ainda uma conferência sobre seu trabalho e sua participação em L’Association, descrevendo o modo de produção da editora independente e as perspectivas desse projeto editorial frente ao mercado. Para o autor, os quadrinhos franceses sofrem pela saturação da produção. Os milhares de álbuns lançados ao ano na França levam o setor editorial à exaustão. Há, sem dúvida, uma queda de criatividade e inovação nos quadrinhos, pelo efeito da massificação. Surgem jovens autores com grande capacidade técnica no desenho, mas destituídos de bons argumentos para contar novas histórias. Killoffer considera que isso não significa a morte dos quadrinhos, no máximo representa um refluxo, que será revertido quando surgirem novas iniciativas editorias, como aquela de L’Association nos anos 1990, da qual foi um dos protagonistas. A conferência de Killoffer, embora contasse com escassa presença do público, foi um dos momentos mais importantes do evento. Apresentado slides com sua produção, Killoffer mostrou porque é hoje um dos mais inquietos autores franceses. Seu trabalho com charge, cartum e ilustração, além dos quadrinhos, ainda que voltado para os grandes grupos empresariais e editoriais, como a Eurostar, La Poste e os jornais Le Monde e Libération, continua provocador e quase surreal, com ampla liberdade criativa não só na expressão gráfica, mas também no campo das ideias. A genialidade da obra de Killoffer foi reconhecida por um de nossos maiores artistas plásticos, Flávio Tavares, que esteve presente na conferência. Flávio é também um exímio artista gráfico, que viu no traço de Killoffer o vigor excepcional dos grandes artistas. A passagem de Killoffer pela Paraíba foi marcada por grande repercussão, tanto midiática, com entrevistas e notícia na TV Cabo Branco, bem como reportagens de página inteira nos três jornais de maior circulação do estado, gerando interesse do público. Os quadrinhos franceses expostos e, sobretudo, a presença de Killoffer provocaram entusiasmo, que foi contemplado com três momentos memoráveis para os quadrinistas do estado, que passaram a apreciar ainda mais a produção dos quadrinhos franceses. Para a edição do álbum de Killoffer pela editora Marca de Fantasia, as negociações em torno da cessão dos direitos autorais encetadas por Mikael de la Fuente, diretor da Aliança Francesa de João Pessoa, e pelo editor Henrique Magalhães, culminaram com a permissão para a edição de 400 exemplares do álbum, dos quais foram impressos apenas 50 exemplares especialmente para o lançamento com a presença do autor. Para a tirarem restante de 350 exemplares, pretende-se fazer uma edição que se aproxime ainda mais da edição original quanto ao formato, já que a primeira foi feita no formato reduzido, adequado ao modo de produção da editora Marca de Fantasia. A vinda de Killoffer não teria sido possível sem o empenho incondicional da Aliança Francesa de João Pessoa, bem como o essencial apoio do Escritório do Livro da Embaixada da França e de L’Association. Contou-se, também, com a participação efetiva do Núcleo de Artes Midiáticas do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPB, da livraria Comic House, de Zarinha Centro de Cultura e da editora Marca de Fantasia. |
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