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Por Rod Gonzales e Guilherme Rodrigues Oliveira (colaborou Marcio Baraldi) 10/08/2010 "O problema do quadrinho brasileiro são as editoras, que não investem nos autores e só querem lucro imediato!" Sérgio Morettini nasceu em 1961 na Argentina, mas reside no Brasil desde 1984. De lá pra cá já produziu muita coisa: Quadrinhos, ilustrações, desenho animado, cartum, charges, caricaturas e publicidade. Haja versatilidade! Ele é criador do personagem Mico Legal, que já teve quatro gibis lançados pela editora Escala. Também já desenhou para várias franquias famosas, entre elas Menino Maluquinho, Senninha, Chaves, Zé Carioca, Recruta Zero, Xuxa, Os Trapalhões, entre outros. Sérgio também já fez diversos trabalhos na área de animação para TV e cinema, ilustrações para livros e revistas, gibis institucionais e ilustrações publicitárias. Também trabalha como caricaturista em eventos, enfim,u m artista completo e versátil! Para conhecer mais sobre este grande artista internacional e seus trabalhos, o Bigorna foi atrás do hómi e deu uma geral em sua vasta carreira. Como diz Mestre Milton Nascimento: "Eu sou da América do Sul, sou do mundo, sou do ouro!". Fiquem agora com o ouro sul-americano de Morettini! Brilha, Sergião! 1 - Como surgiu seu interesse em quadrinhos? Quando começou a desenhar? Meu interesse por HQ's surge na infância, curtindo um monte de gibis de super-heróis publicadas no México e distribuídas para toda a América hispânica. Com apenas 4 anos de idade eu já era fã incondicional daquele seriado do Batman, dos anos 60, com o Adam West. Comecei a desenhar desde que tenho memória, por influência da minha mãe que era uma ótima artista. 2 - Quando você veio da Argentina? Qual foi o motivo da sua vinda para o Brasil? Cheguei ao Brasil em 1984 motivado pela falta de trabalho na área dos Quadrinhos na Argentina. 3 - Como foi sua adaptação ao Brasil? Minha adaptação é a de todo aquele que se sente parte do país e tem o estigma de todo dia ser lembrado de onde nasceu. Além de aguentar as pessoas te perguntando como estão as coisas por lá sendo que você mora aqui. 4 - Quantos anos de carreira você já possui? Quantos prêmios você ganhou? Considera que ganhou prêmios suficientes pelo tanto que ralou na profissão? Já são 32 anos de carreira! Ganhei três prêmios relevantes, mas considero que não são suficientes. Ano retrasado ganhei um prêmio Angelo Agostini como mestre das HQs Nacionais, foi um bom reconhecimento. Agradeço a quem votou neste velho desenhista (risos). 5-Quais foram seus últimos trabalhos? Meus últimos trabalhos foram para a editora Saraiva, algumas ilustrações para livros paradidáticos. 6 - Você já trabalhou em várias editoras, como Escala, Abril e Globo, diz para o pessoal que está começando agora como é trabalhar em grandes editoras? Trabalhar para as grandes editoras é a mesma coisa que para as pequenas, é difícil agradar e os preços são baixos. Faz muito tempo que as tabelas de preços não se reajustam, tem estúdios que atravessam o trabalho e aí você recebe menos ainda. As grandes editoras não são ruins, elas tem que ser vistas como empresas, se você dá lucro então interessa para elas. Para as pessoas que estão começando eu recomendo que marquem entrevistas nas editoras e apresentem seus trabalhos, as chances são poucas mas vale a pena tentar. 7 - Além do Mico Legal, você tem outros personagens, dentre eles "O Guru, "O Bolão", "Barda". Qual é seu personagem favorito? Meu personagem favorito é o Mico Legal sem dúvida! Porque seu universo é amplo, tem muita coisa que pode ser mostrada e seus quadrinhos, além de muita diversão. Pelo menos o troféu HQMix de 2000, que ganhei pelo Mico Legal, confirma essa premissa! 8 - E agora quais são seus projetos para ele? Os projetos são um curta de 10 minutos que está em aprovação de recursos em Brasília e um gibi cooperativo com os cartunistas Ruy Jobim e Salvador Messina, onde os caipiras do Mico terão sua vez. 9 - Agora me diz uma coisa, o que é mais fácil de produzir: seus personagens ou criações de outras pessoas? Evidentemente produzir personagens próprios é mais fácil! Os de criação externa são um desafio técnico e uma forma de sobrevivência. O ideal é sempre fazer seus próprios personagens, mas isto, pela conjuntura de mercado, não é muito fácil. 10 - Você acha que hoje em dia dá para ganhar dinheiro nesse mercado de Quadrinhos? Hoje não dá para você ganhar dinheiro só com Quadrinhos. Aconselho ser eclético, fazer caricaturas, publicidade, ilustrações e outros. 11 - Isso que eu ia perguntar. Que conselho você dá aos novos artistas que estão entrando no mercado dos Quadrinhos? Aconselho que batalhem muito, pois não é fácil! Tratem de dominar muitos estilos e por favor tornem-se livres pensadores, tenham opinião própria, assim como estilo próprio também. 12 - Tem mais uma coisa muito interessante que vi, você também faz animações, né? O primeiro filme do Grilo Feliz é uma das obras que participou, como foi fazer esse longa-metragem? É mais complicado que fazer Quadrinhos? Para ser sincero, não gosto de falar das produções de outros autores pois acho que cabe a eles fazê-lo. No caso do Grilo foi complexo fazer o filme, demorou 20 anos, com lei de incentivo e tudo. Por isso nem me pergunte sobre ele, lavo as minhas mãos. 13 - Mas a obra conseguiu o sucesso esperado? Não sei nada sobre o sucesso desse trabalho. 14 - Quais outras animações você fez ou participou da produção? Trabalhei como lay-out man no estúdio HGN com produções da Disney e em muitos comerciais de TV pelo estúdio Sketch Filmes, fora outras produtoras onde trabalhei. Também trabalhei na animação de abertura do programa "Xou da Xuxa", exibido pela TV Globo, assim como participei do filme "A Princesa Xuxa e os Trapalhões". 15 - E quais são seus projetos futuros? Meus projetos?!?...Sei lá, sobreviver já tá bom (risos)!.... 16 - O Mico Legal era um gibi muito bem feitinho, tinha qualidade e tal, mas não durou muito tempo. Assim como o Menino Maluquinho e tantos outros gibis nacionais de ótima qualidade. Porque acha que os gibis nacionais não duram? É preconceito por serem nacionais, não são bem divulgados ou a molecada de hoje não quer mais saber de gibi, preferindo a internet e os games? O Mico Legal vendeu bem, tanto que saíram os quatro números que eram a exigência da editora. As outras revistas de outros autores da mesma coleção não venderam e ficaram só no primeiro número publicado. Agora porque os títulos nacionais não duram e acabam logo já é culpa de uma série de fatores: culpa dos oligopólios, gente que monopoliza a área, que para ficar no mercado mataram as HQs de outros autores para não ter concorrência, editoras que não querem investir nos autores e só visam lucro rápido, editoras que só publicam mil exemplares e pagam o autor a cada 6 meses e apenas 4% do valor de capa (quem aguenta?), outras mídias mais poderosas que não contemplam as HQs, público desinteressado, falta de patrocínios, falta de sindicatos ou associações que defendam os autores, etc, etc , etc! Enfim, motivos é o que não faltam! 17 - Na sua opinião quais são os maiores problemas do Quadrinho Brasileiro e latino-americano? Como transformar a América Latina numa grande indústria de Quadrinhos, a exemplo da América do Norte? O problema no Brasil e na América Latina são as editoras, que não investem nos autores e só querem ter lucro imediato. Enquanto não mudar essa mentalidade das editoras não há como ter uma Indústria. 18 - Você conhece os projetos de Lei do Quadrinho Nacional? Acredita que um projeto desses resolveria os problemas do Quadrinho Nacional? Conheço, mas na minha opinião não resolvem. 19 - Pra finalizar, se o gênio Shazam lhe concedesse três desejos o que você pediria? A) Que o avatar Maitreya (Cristo) viva na mente e nos corações da Humanidade Visite o site do artista aqui. |
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