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Por Gian Danton 07/11/2010
Antes da proibição já existiam quadrinhos de sucesso, como o índio Patoruzú, criado por Dante Quinterno, em 1929. Patoruzú era um milionário de bom coração que se sentia satisfeito fazendo o bem. O personagem deu origem à primeira distribuidora de tiras nacionais. Mas foi a partir do governo Perón que a HQ platina teve um salto. Surgiram grandes publicações, como a “Rico Tipo", “Intervalo’; e “Aventura” que iriam alcançar a incrível marca de 165 milhões de exemplares por ano - metade do que se lia num pais cuja capital tinha mais livrarias do que todo o Brasil. Na Argentina não só as crianças, mas também os adultos foram conquistados pelos quadrinhos. O mercado se tornou tão forte que até mesmo roteiristas e desenhistas europeus foram trabalhar na Argentina, como aconteceu com Hugo Pratt e René Goscinny, criador do Asterix. Era a inversão: os quadrinistas argentinos lutavam de igual para igual com os seus concorrentes estrangeiros.
Seus roteiros se destacavam pelo conteúdo humano e pela crítica social. O Eternauta, sua obra-prima, conta a história da invasão de Buenos Aires por alienígenas durante um rigoroso inverno. Enquanto os invasores seguem dizimando a população, surge um homem, Juan Salvo, o Eternauta, que decide combatê-los. Acredita-se que os extraterrestres tenham sido inspirados nos militares argentinos, que alguns anos depois instalariam uma ditadura no país. Oesterheld mesclava a realidade argentina com a ficção-científica, criando obras de grande significado. Seus roteiros e seu trabalho como editor transformaram a HQ Argentina em uma das melhores do mundo. Entretanto, sua carreira terminou bruscamente na década de 1970, quando se instalou uma ditadura militar na Argentina. Oesterheld foi um dos primeiros a serem perseguidos. Ele e suas filhas acabaram sendo mortos. Da família, só sobrou a esposa do roteirista e seu neto. Além de todos os crimes cometidos pelos militares, somou-se mais esse: dar sumiço a um dos homens mais talentosos já surgidos nos quadrinhos. |
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