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Por Elydio dos Santos Neto 03/10/2010 Encerrei a parte II (veja a parte I aqui) deste artigo afirmando o seguinte: Hoje existem profissionais e material, impresso e na internet, que favorecem uma formação adequada dos professores para trabalhar com as histórias em quadrinhos na educação. (...) Os professores podem e devem pedir que seus gestores, coordenadores e diretores, favoreçam a aproximação a estes materiais. Obviamente que não estou afirmando que os educadores precisam necessariamente ler e estudar os temas todos que sugiro aqui antes de começar a trabalhar com os quadrinhos em escolas ou em outros espaços educativos e de formação. Não há uma ordem rigidamente definida para tanto. Cada um faz o próprio caminho e, na medida em que vai trilhando-o, vai também pesquisando, estudando e construindo um jeito próprio de trabalhar com as mesmas. Os interessados, portanto, não se assustem com a lista que aponto abaixo. A relação apresentada é apenas um indicativo. O leitor pode desconsiderá-la ou pode selecionar por onde quer começar. Seja qual for a escolha este material estará à disposição para quando estiver sentindo a necessidade de estudar e aprofundar. Alguns dos livros já não são mais publicados. Poderão ser encontrados em boas bibliotecas ou em bibliotecas especializadas de universidades. Poderão também ser localizados em sebos, físicos ou virtuais. Nas indicações está o ano da edição do exemplar que possuo em minha biblioteca particular. Este dado serve como referência para a localização das obras no tempo. Algumas, ainda da década de 1970, permanecem importantes. Para cada grupo de assunto há mais de uma indicação bibliográfica. Elas apresentam semelhanças e diferenças na abordagem que fazem das temáticas em questão e, portanto o leitor pode ter a liberdade de escolher por onde começar. Qual a lógica que utilizei para elaborar as indicações que se seguem? Pensei nos educadores e educadoras que, talvez, conheçam os quadrinhos como leitores, mas não têm ainda um estudo e uma reflexão sistemáticos sobre os mesmos. Por isso organizei as indicações em oito seções, a saber: I.PARA ENTENDER O QUE SÃO HISTÓRIAS EM QUADRINHOS Aqui estão os livros que procuram definir o que são as histórias em quadrinhos, as várias possibilidades de gêneros e os diferentes estudos que foram e estão sendo realizados sobre os quadrinhos. Há também algumas indicações sobre as histórias em quadrinhos brasileiras, buscando compreender como estas se definem: SHAZAM!, Álvaro de Moya (Org.), São Paulo, Editora Perspectiva, 1970, 340 páginas. O QUE É HISTÓRIA EM QUADRINHOS, Sônia M. Bibe-Luyten, São Paulo, Editora Brasiliense, 1985 (Coleção Primeiros Passos), 56 páginas. HISTÓRIA EM QUADRINHOS: ESSA DESCONHECIDA ARTE POPULAR, Thierry Groensteen, João Pessoa, Marca de Fantasia, 2004, 47 páginas. AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO BRASIL: TEORIA E PRÁTICA, Flávio Mário de Alcântara Calazans (Org.), São Paulo, Intercom/Unesp-Proex, 1997, 175 páginas. O MUNDO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, Leila Rentroia Iannone e Roberto Antonio Iannone, São Paulo, Moderna, 1994 (Coleção Desafios), 87 páginas.
HQTRÔNICAS: DO SUPORTE PAPEL À REDE INTERNET. Edgar Silveira Franco, São Paulo, Annablume/Fapesp, 2008, 284 páginas. O QUE É HISTÓRIA EM QUADRINHOS BRASILEIRA, Edgard Guimarães (Org.), João Pessoa, Marca de Fantasia, 2005 (Coleção Quiosque), 87 páginas. O QUE SÃO HISTÓRIAS EM QUADRINHOS POÉTICO-FILOSÓFICAS? UM OLHAR BRASILEIRO, Elydio dos Santos Neto, Revista Visualidades, volume 7, número 1, Goiânia-GO, UFG/FAV, Jan/Jun 2009, páginas 69-99. LINGUAGEM PROVOCANTE: ARTISTAS-PESQUISADORES UNEM O LÚDICO COM A REFLEXÃO PARA INSTIGAR ANÁLISES SOBRE A CONDIÇÃO HUMANA NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS. Entrevista de Matheus Moura com Elydio dos Santos Neto na Revista Conhecimento Prático de Filosofia. Leia aqui. BIBLIOTECA DOS QUADRINHOS: GUIA OBRIGATÓRIO DA ARTE SEQUENCIAL NO BRASIL, Gonçalo Junior, São Paulo, Opera Graphica, 2006. II.FANZINES Uma das maneiras de veiculação das histórias em quadrinhos é por meio dos fanzines. As indicações deste grupo sugerem estudos sobre o que sejam os fanzines, contam sua história e trazem um levantamento dos principais fanzines em terras brasileiras. Os fanzines podem ser uma estratégia interessante para trabalhar os processos de criação com os alunos e alunas: O QUE É FANZINE, Henrique Magalhães, São Paulo, Brasiliense, 1993 (Coleção Primeiros Passos), 79 páginas. A NOVA ONDA DOS FANZINES, Henrique Magalhães, João Pessoa, Marca de Fantasia, 2004 (Coleção Quiosque), 83 páginas.
FANZINES: AUTORIA, SUBJETIVIDADE E INVENÇÃO DE SI; Cellina Rodrigues Muniz (Org.), Fortaleza, Edições UFC, 2010, 139 páginas. III.MANGÁS Os mangás são hoje um verdadeiro sucesso nas bancas e livrarias do mundo inteiro. Também no Brasil. Muitos dos alunos e alunas das escolas brasileiras são fãs de mangás. Os livros aqui indicados procuram apresentar sua caracterização, origem e história no Japão, bem como mostrar as principais criações neste campo: MANGÁ: O PODER DOS QUADRINHOS JAPONESES, Sônia Bibe Luyten, São Paulo, Hedra, 2000, 250 páginas. MANGÁ: COMO O JAPÃO REINVENTOU OS QUADRINHOS, Paul Gravett, São Paulo, Conrad do Brasil, 2006, 183 páginas. O GRANDE LIVRO DOS MANGÁS, Alfons Moliné, São Paulo, JBC, 2004, 225 páginas. CULTURA POP JAPONESA: MANGÁ E ANIMÊ, Sonia M. Bibe Luyten (Org.), São Paulo, Hedra, 2005, 144 páginas. O VELHO LOUCO POR DESENHO, François Place, São Paulo, Companhia das Letrinhas, 2004, 95 páginas. IV.HISTÓRIA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS A característica principal deste grupo de indicações é contar a história dos quadrinhos, com especial atenção para a história dos quadrinhos brasileiros: HISTÓRIA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, Álvaro de Moya, Porto Alegre, L&PM, 1986, 240 páginas. HISTÓRIA (DOS QUADRINHOS) NO BRASIL, Álvaro de Moya e Reinaldo de Oliveira, In: Shazam!, Álvaro de Moya (Org.), São Paulo, Editora Perspectiva, 1970, páginas 197-236. HISTÓRIA E CRÍTICA DOS QUADRINHOS BRASILEIROS, Moacy Cirne, Rio de Janeiro, Europa-Empresa Gráfica e Editora/FUNARTE, 1990, 113 páginas. A INCRÍVEL HISTÓRIA DOS QUADRINHOS: VINTE ANOS DE QUADRINHOS DA PARAÍBA, Henrique Magalhães, João Pessoa, Sancho Pança/Marca de Fantasia, 1983. A GUERRA DOS GIBIS: A FORMAÇÃO DO MERCADO EDITORIAL BRASILEIRO E A CENSURA DOS QUADRINHOS, 1933-1964; Gonçalo Junior, São Paulo, Companhia das Letras, 2004, 433 páginas. A GUERRA DOS GIBIS 2: MARIA ERÓTICA E O CLAMOR DO SEXO (IMPRENSA, PORNOGRAFIA, COMUNISMO E CENSURA NA DITADURA MILITAR – 1964-1985); Gonçalo Junior, São Paulo, Peixe Grande, 2010, 494 páginas. MINAMI KEIZI, A EDREL E AS HQs BRASILEIRAS: MEMÓRIAS DO DESENHISTA, DO ROTEIRISTA E DO EDITOR; Elydio dos Santos Neto, Revista Caderno.com, volume 4, número 1, Universidade Municipal São Caetano do Sul, 1º. Semestre de 2009, páginas 28-48. A versão eletrônica deste artigo está disponível aqui. A SAGA DOS SUPER-HERÓIS BRASILEIROS, Roberto Guedes, São Paulo, Opera Graphica, 2005. QUANDO SURGEM OS SUPER-HERÓIS, Roberto Guedes, São Paulo, Opera Graphica, 2004. A ERA DE BRONZE DOS SUPER-HERÓIS, Roberto Guedes, São Paulo, HQM Editora, 2008. V.A LINGUAGEM DOS QUADRINHOS Nesta seção há um aprofundamento sobre aspectos da linguagem das histórias em quadrinhos: OS QUADRINHOS, Antonio Luiz Cagnin, São Paulo, Ática, 1975. QUADRINHOS E ARTE SEQUENCIAL, Will Eisner, São Paulo, Martins Fontes, 2001, 154 páginas. A LEITURA DOS QUADRINHOS, Paulo Ramos, São Paulo, Contexto, 2009 (Coleção Linguagem e Ensino), 160 páginas. VI.DESENHANDO HISTÓRIAS EM QUADRINHOS Aqui as indicações auxiliam no processo de criação das histórias em quadrinhos, do roteiro ao desenho propriamente das histórias passando também pela criação de fanzines, inclusive considerando hoje os recursos do computador: COMO FAZER HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, Juan Acevedo, São Paulo, Global, 1990, 214 páginas. FANZINE, Edgar Guimarães, João Pessoa, Marca de Fantasia, 2005, 61 páginas. NARRATIVAS GRÁFICAS: PRINCÍPIOS E PRÁTICAS DA LENDA DOS QUADRINHOS, 2ª. edição revisada e ampliada, Will Eisner, São Paulo, Devir, 2008, 176 páginas. DESENHANDO QUADRINHOS: OS SEGREDOS DAS NARRATIVAS DE QUADRINHOS, MANGÁS E GRAPHIC NOVELS; Scott McCloud, São Paulo, M.Books do Brasil, 2008, 264 páginas. REINVENTANDO OS QUADRINHOS: COMO A IMAGINAÇÃO E A TECNOLOGIA VÊM REVOLUCIONANDO ESSA FORMA DE ARTE, Scott McCloud, São Paulo, M.Books do Brasil, 2006, 252 páginas. A PALAVRA EM AÇÃO: A ARTE DE ESCREVER ROTEIROS PARA HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, Marcelo Marat, João Pessoa, Marca de Fantasia, 2006, 101 páginas. VII.HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E EDUCAÇÃO São livros que sugerem diferentes estratégias para a utilização das histórias em quadrinhos no trabalho em educação, seja no espaço da educação formal e escolar, seja no espaço da educação não formal e não escolar: HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NA ESCOLA, Flávio Calazans, São Paulo, Paulus, 2004, 47 páginas. COMO USAR AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NA SALA DE AULA, Angela Rama e Waldomiro Vergueiro (Orgs.), São Paulo, Contexto, 2004, 160 páginas. A EDUCAÇÃO ESTÁ NO GIBI, DJota Carvalho, Campinas, Papirus, 2006, 111 páginas. QUADRINHOS NA EDUCAÇÃO: DA REJEIÇÃO À PRÁTICA, Waldomiro Vergueiro e Paulo Ramos (Orgs.), São Paulo, Contexto, 2009, 224 páginas. OS NOSSOS DEUSES SÃO SUPER-HERÓIS: A HISTÓRIA SECRETA DOS SUPER-HERÓIS DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, Christopher Knowles, São Paulo, Cultrix, 2008, 248 páginas. MUITO ALÉM DOS QUADRINHOS: ANÁLISES E REFLEXÕES SOBRE A 9ª. ARTE, Waldomiro Vergueiro e Paulo Ramos (Orgs.), São Paulo, Devir, 2009, 207 páginas. LITERATURA EM QUADRINHOS NO BRASIL, Moacy Cirne e outros, Rio de Janeiro, Nova Fronteira/Fundação Biblioteca Nacional, 2002, 159 páginas. O JOVEM E O CONSUMO DO MANGÁ: REFLEXÕES SOBRE NARRATIVA E CONTEMPORANEIDADE, Adriana Hoffmann, Anais da 29ª. Reunião Anual da ANPED. Disponível aqui. VIII.ALGUNS SITES E BLOGS COM INFORMAÇÕES, ARTIGOS, ENTREVISTAS, REFLEXÕES E RESENHAS SOBRE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS A internet favorece hoje a rapidez na troca de informações, bem como um grande volume de armazenamento, com facilidade de acesso, a custos relativamente baixos. Em função disso há muitos sites especializados em quadrinhos à disposição na rede. Navegar por estes sites periodicamente pode ser um excelente meio para saber o que está sendo produzido e pensado no mundo das histórias em quadrinhos. A título de sugestão, entre sites e blogs, faço as dez indicações abaixo. O leitor que ainda não está familiarizado com estes sites/blogs poderá, em bem pouco tempo, selecionar novos endereços a partir das indicações que faço a seguir: BIGORNA O trabalho do professor e da professora em sala de aula é uma tarefa de criação. Somente consegue criar quem está permanentemente “alimentando-se” para esta tarefa. Os materiais sugeridos, com certeza, podem cumprir esta tarefa de serem “alimentos”. Que aqueles e aquelas desejosos de novos caminhos e novas respostas em educação possam ter ânimo, entusiasmo e condições objetivas para se debruçar sobre este material. Nossa realidade brasileira está a pedir professores que, com imaginação e rigor, ajudem a reinventar nosso país e nosso povo. Trabalhar com as histórias em quadrinhos na educação pode ser, entre tantas outras, uma das formas para atingir este grande objetivo. Sigamos criando e reinventando. |
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