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Por Gian Danton 08/09/2010 Depois da I Guerra Mundial e a crise de 1929, que outro tipo de catástrofe poderia se abater sobre o mundo? A II Guerra Mundial. O mundo tinha um vilão que, apesar de não ter saído das páginas dos gibis, tinha várias semelhanças com personagens de quadrinhos: era ridículo e extremamente maligno. Chamava-se Hitler e o grande sonho dos garotos da América era ver um herói dando um soco em sua fuça. Foi essa a idéia que o roteirista Joe Simon teve. Martin Goodman, chefão da Timely (atual Marvel) gostou tanto da idéia que resolveu lançar uma revista às pressas. O artista escolhido para ilustrar essas histórias foi Jack Kirby - que logo se tornaria uma lenda, influenciando toda a geração de desenhistas da futura Marvel. Simon e Kirby sabiam que tinham ouro nas mãos, tanto que fizeram várias exigências. O personagem deveria estrear em revista própria e não em uma antologia. Os criadores ficariam com 15% dos lucros e teriam cargos assalariados, como editor e diretor de arte. Goodman concordou com tudo. O primeiro número chegou às bancas em fevereiro de 1941 e foi um sucesso. A primeira edição se esgotou em poucos dias. A edição seguinte foi de um milhão de exemplares e também esgotou. O Capitão América tornou-se o gibi mais vendido do período da guerra, mas também provocou muita polêmica. Joe Simon conta que a editora foi inundada por uma torrente de cartas de ódio e telefonemas obscenos cujo teor era: “morte aos judeus!”. O prefeito de Nova York mandou uma guarnição para proteger os artistas e telefonou pessoalmente, felicitando-os pelo seu trabalho na revista. Os editores incentivavam os leitores a criarem clubes e servirem ao país como bons super-heróis. Essa iniciativa publicitária tomou tons bizarros quando crianças começaram a denunciar colegas ou parentes como espiões apenas por eles terem nomes com pronúncia germânica. Os artistas, entretanto, só foram perceber a extensão do sucesso do personagem quando começaram a aparecer uma porção de imitadores. Surgiram o Capitão Bandeira, o Capitão Liberdade e a Águia Americana. A editora chegou a publicar uma ameaça de ação legal nas páginas da revista: “Cuidado, imitadores! Só há um Capitão América!”. Mas Martin Goodman não parecia muito disposto a manter o acordo e, quando Simon e Kirby perceberam que estavam sendo passados para trás, foram para a National (futura DC Comics), onde criaram o último sucesso da guerra: Os Boys Comando. Stan Lee tentou continuar as histórias do Capitão América, transformando-o num professor que combatia o crime nas horas vagas. Kirby e Simon ficaram tão furiosos com o fato de estarem usando seu personagem que resolveram criar uma paródia: o Fighting American, um super-herói que enfrentava vilões inaptos, com nomes ridículos, como Super-Khakalovitch e Hotsky Trotsky. Evidentemente, a versão de Stan Lee não deu certo e a própria Marvel passou a desconsiderá-la. Lee só iria acertar em 64, quando recriaria o Capitão juntamente com Jack Kirby, tentando explicar toda a bobagem que tinha sido feita até ali com o personagem. O Capitão América foi o primeiro personagem de HQ a assumir um discurso político, mas não foi o único a combater na II Guerra Mundial. Quase todos os personagens da época, de Tarzan ao Spirit, atuaram na guerra, em favor dos aliados. O Fantasma passou a enfrentar japoneses que invadiram a sua floresta e até Flash Gordon voltou do planeta Mongo para combater os nazistas. |
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