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Resenha: Orgulho e preconceito e zumbis
Por Cadorno Teles
11/08/2010

Quem imaginaria reunir um romance de Jane Austen com defuntos putrefatos que levantam do túmulo e rastejam atrás de miolos fresquinhos? É isso que o inglês Seth Grahame-Smith faz em seu Pride and Prejudice and Zombies, recontando uma das mais cultuadas comédias de costumes em meio a uma praga de famigerados mortos-vivos.

Publicado por aqui pela Intrínseca, Orgulho e preconceito e zumbis (tradução de Luiz Antonio Aguiar, 320 páginas) é uma brincadeira daquelas E se acontecesse..., ou O que ocorreria se..., onde o autor pega a história original do romance clássico, com os costumes e tramas sociais da época, acrescentando e ambientando elementos pop culture, como zumbis e artes marciais em novas cenas que transformam o erudito em absurdo. Uma sátira para os acadêmicos de plantão, que valorizam os chamados complexos trabalhos de construção textual e abominam os populares.

A história se passa na Grã-Bretanha do início do século XIX, cujo território é assolado por uma misteriosa peste, os mortos estão voltando à vida e com uma fome horripilante de cérebros humanos. A família Bennet se vê em volta a duas questões importantes para aquele período, primeira, para a mãe o importante era conseguir um bom partido para casar com uma de suas cinco filhas e segunda, para o pai que se dedicava em mantê-las vivas, para tanto aprendem artes marciais com adagas e espadas para sobreviverem a qualquer ataque subido. A filha mais velha, Elizabeth se vê envolta num noivado com o altivo e arrogante Sr. Darcy, mas está mais preocupada a livrar-se da ameaça zumbi. Temos assim, um romance, uma comédia de costumes e uma sanguinolenta ficção a la George Romero.

Lendo o primeiro parágrafo da narrativa, com certeza, algum purista expulsará com veemência o que deglutiu há pouco, ou melhor, vomitará até sentir o amargo da bílis. Grahame-Smith interpõe uma frase como essa, “É uma verdade universalmente aceita que um zumbi, uma vez de posse de um cérebro, necessita de mais cérebros” no texto clássico de Austen de forma tão irreverente que para muitos já acostumados com filmes ao melhor estilo dos filmes B irão se divertir com a diferente reinterpretação do autor.

Ilustrado com desenhos que seguem o estilo do ilustrador original de Orgulho e preconceito, C. E. Brock, mas que retratam as recatadas damas inglesas abatendo hordas de mortos-vivos com golpes de kung-fu e de adagas.

Paródia ou reinterpretação, Orgulho e preconceito e zumbis é um livro que gerou uma nova espécie de conceito literário, os mashups, uma amálgama de clássicos com elementos pulps, como Sense and Sensibility and Sea Monsters ou Abraham Lincoln, Vampire Hunter, e com certeza renderá muito mais, pois já foi levado para os quadrinhos e tem adaptação para o cinema sendo produzida. Um livro que entretém, mas não espere muito. Basta lembrar dos zumbis. Dos ninjas? De Shaolin? E dos aristocratas ingleses do século XIX para notar a diversão.

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