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Por Matheus Moura 26/06/2010 O uso de animais e/ou referências ao mundo natural é tema recorrente na indústria do entretenimento, seja em filmes, jogos e, principalmente, nos contos de fada, animações e quadrinhos. É difícil imaginar alguém que não conheça a figura de Mickey ou então do Gato de Botas e de outras tantas representações já feitas. Como Edgard Guimarães recorda na revista Osvaldo, em parceria com Antonio Eder, a necessidade do homem em dar características humanas ao animais vem de longa data. Tanto egípcios, gregos, mesopotâmios quanto outras culturas asiáticas tiveram suas figuras antropomórficas. Osvaldo, criado pela dupla citada acima, não foge à regra, mas inova. O personagem é um coelho que durante longo período viveu em um laboratório, sendo submetido a diversos testes em favor dos humanos. Por sorte, as drogas que injetavam em Osvaldo não surtiram efeito, o que acabou por beneficiá-lo, pois os cientistas deixaram-no de lado para poderem explorar uma cobaia mais receptiva à reação química. Com o tempo ele conseguiu escapar e agora vive, em plenitude, suas aventuras. É justamente uma dessas aventuras que a revista Osvaldo, editada pela Marca de Fantasia, apresenta. Além do caso com um “leão”, ao final o leitor tem contato com a origem do personagem, mostrando sua passagem pelo laboratório. Apesar de a revista não ser assumidamente abolicionista, usa da inocência e empatia, para dar um recado de amor e compaixão ao próximo. De acordo com Edgard, a intensão dele ao criar Osvaldo foi fazer uma história leve, engraçada, usando do escracho para poder passar uma mensagem crítica e ao mesmo tempo científica, em vários aspectos diferentes. Tudo com muito humor e ótimas “sacadas” do roteirista mineiro, que antes é editor e crítico do premiado zine QI (Quadrinhos Independentes, já a caminho da edição 102), além de pesquisador. Por sua vez, Antonio Eder, o desenhista da aventura, é um renomado autor nacional, de Curitiba, tendo já diversas HQs – tanto em livro quanto revista e como independente – já editadas. Como é possível observar ao ler a aventura do coelho sortudo, a dupla conseguiu cumprir o intencionado. Deu muito certo a mistura do traço despojado de Antonio Eder, com seu característico toque infantil, feito em linhas arrendondadas, abusando das expressões e perspectivas, com a maneira de narrar do roteirista. Quanto ao texto de Guimarães, é de se espantar a simplicidade com que foram escritos, unindo o (muito) bom humor, com uma narrativa gráfica fluída, cativante e ao mesmo tempo profunda. Este é um aspecto mais bem observado pelo leitor atendo, pois assim ele verá como cada página irá dialogar com outra em harmonia. É a síntese entre perícia gráfica e contação de histórias. Não é à toa que Guimarães publicou por anos no QI a série de tiras Entendendo a Linguagem das HQs – recentemente compilada em livro. Vale notar uma sátira feita pelos autores. Ao final da revista, na quarta capa, há uma ilustração de uma cena que mostra dois cientistas descontraídos, ao fundo várias jaulas. Em cada uma delas um animal diferente confinado, porém não são simples animais. Eles são personagens do imaginário, da indústria cultural, como Donald, Garfield, Snoop e até mesmo Bidu, de Maurício de Sousa. Como exercício de metalinguagem, nota-se que cada um desses personagens está preso pela indústria e respectivos estúdios, sendo explorados por humanos, que por meio deles conseguem viver e assim desfrutar de um bom momento de descontração. Ou então, como referência mais direta: o animal bonitinho e fofo da TV, ou do gibi, é como aquele, indiscriminadamente explorado sem propósito algum, para saciar a mesma vontade. Osvaldo é uma boa revista que merece continuação e ser conhecida, tanto por crianças quanto por adultos. Para conhecer mais a publicação, ou adquirir o seu exemplar, basta clicar aqui e visitar a editora Marca de Fantasia. Serviço: Osvaldo
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