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Ben Heine, exemplo de luta
Por Bira Dantas
24/06/2010

Benjamin Heine é pintor, ilustrador, retratista, caricaturista, cartunista e fotógrafo. Nasceu em Abidjan, Costa do Marfim, mas vive e trabalha em Bruxelas, Bélgica. Estudou artes gráficas, escultura e jornalismo. Seus muitos anos de exploração das artes visuais, experiência artística e sua - muito pessoal - visão de mundo o elevaram a uma condição bastante especial no mundo das artes que pode ser vista em seu site.

Neste blog, Ben Heine mostra vários projetos e discussões nos quais está envolvido, inclusive uma bela conversa entre seus desenhos a lápis e fotografias (aqui). Um artista tão premiado no mundo inteiro poderia sentar-se sobre os louros da fama e aproveitar o lucro que a notoriedade oferece. Não foi o que aconteceu. Ben sempre se posicionou na luta do fraco contra o forte, do oprimido contra o opressor, do invadido contra o invasor. Sua arte denuncia as atrocidades cometidas em nome da “paz”, da “segurança do mundo civilizado”, das “grandes verdades”. Isso o tornou tão respeitado a ponto de ser jurado em vários Salões de Humor Internacionais e estar entre os biografados do site Iran Cartoon:

O Verdadeiro Terrorismo

Nesta charge ele já mostrava o que Bush representava e acho que não tinha grandes esperanças quanto a Obama que, afinal, é um norte-americano no mais profundo teor do que isso significa. Benjamin é um cartunista que não acredita no que a “Grande Imprensa do Irmão Branco do Norte” fala. Ele sabe que o poderio econômico tenta enganar a opinião pública criando grandes mentiras que, proferidas por jornalistas - acima de qualquer suspeita e muito bem pago$ - tornam-se grandes verdades.

Assim, Heine se coloca ao lado de cartunistas brasileiros como Latuff e Marcio Baraldi, que levantam a bandeira do fim da opressão de um ser humano pelo outro. Mesmo num momento em que é mais fácil para muitos chargistas e cartunistas ficarem do lado dos EUA e Israel em suas incursões bélicas pelo mundo, invadindo Afeganistão, Iraque, fazendo embargo à Cuba e Coréia do Norte e ameaçando países como o Irã, Ben fica ao lado dos palestinos, dos afegãos, dos povos invadidos.

Ben, assim como tantos outros cartunistas, não é a favor da guerra, pois sabe que na guerra os primeiros a morrerem são os civis, dentre os civis, os primeiros a morrerem são os mais pobres, dentre os mais pobres, as mulheres e crianças.

É lamentável ver que a opinião pública não se rebela contra o pensamento único: esquerda, pobre, negro, muçulmano, sem-terra é ruim; direita, rico, branco, cristão/judeu, latifundiário é bom.
Quando o Irã assinou o tratado de paz, a imprensa e os EUA, inconformados resolveram manter as sanções contra o Irã. E o acusaram de assinar o acordo para não sofrer as sanções. Tem algo errado neste pensamento. Os jornalistas brasileiros do PIG (Partido da Imprensa Golpista) acharam normal, minha mulher deu uma idéia de charge e eu desenhei:

Ben segue colocando sua arte na internet, lutando para que idéias que saiam da “grande corrente única de pensamento” tenham seu espaço. E enquanto grandes artistas como ele seguem batendo na mesma tecla, a gente vai tendo a esperança que um dia, uma cena de morte de crianças inocentes num país do Oriente Médio, faça o comentarista na TV urrar de raiva, ao invés de dizer: “A ofensiva militar conseguiu acabar com mais uma fábrica de armamentos químicos”.

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