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Lee Falk (criador do Fantasma) e Gedeone Malagola, nos anos 50 |
O grande mestre da HQ nacional
Gedeone Malagola partiu deste conturbado planeta no dia 15 de setembro de 2008, deixando um legado de muito trabalho e criatividade. O mestre já estava ausente da prancheta há muitos anos devido ao seu delicado estado de saúde e nos últimos tempos vários profissionais das HQs estavam ajudando-o a recuperar seu espaço na mídia. Entre eles o quadrinhista e editor
Daniel Vardi, que colocou no ar um
site em homenagem ao Raio Negro, principal personagem de Gedeone, onde o público pode conhecer mais da vida do artista e seu trabalho. Para conhecer o
site clique
aqui. Outro profissional que ajudou muito Gedeone nos ultimos meses de sua vida foi
Manoel de Souza, editor da revista
Mundo dos Super-Heróis. Manoel, num gesto muito nobre e respeitoso, convidou Gedeone para fazer parte do
staff da revista e deu-lhe uma seção fixa, onde o mestre escrevia sobre super-heróis da
Golden Age (décadas de 40 e 50). Na edição deste mês, nas bancas, Gedeone escreveu sobre o Raio (
The Ray), personagem surgido na
Golden Age e que nos anos 90 foi comprado pela DC comics e reformulado.
Por fim, o editor e escritor
José Salles, que nos últimos anos vem republicando toda a obra de Gedeone atraves de sua editora Júpiter II (uma clara homenagem à editora de Gedeone nos anos 50). Muitos leitores novos conheceram os personagens de Gedeone através das edições de Salles. Para as novas gerações, que porventura não estavam muito familiarizadas com a obra de Gedeone, aqui vai um breve resumo da prolífica trajetória deste que foi e sempre sera um dos nomes fundamentais da HQ brasileira:
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Raio Negro no traço de Gedeone |
Gedeone cursou Arquitetura, mas acabou se formando mesmo em Direito.Teve seu interesse pelo desenho estimulado desde a infância graças ao convívio e influência do pai, que era pintor. Seria, no entanto, como roteirista que conseguiria maior destaque em sua carreia iniciada na década de 40. Ávido leitor, Gedeone Malagola tinha o hábito de pesquisar sobre os temas que escrevia a fim de se familiarizar com os assuntos e seus roteiros costumavam ser bastante detalhados. Suas primeiras colaborações foram para o jornal A Marmita, onde escrevia e desenhava, e depois para o jornal O Governador. Teve passagens pela Editora La Selva, indo posteriormente para a Vida Juvenil, onde sob a direção de Mário Hora Jr., produziu a série Milton Ribeiro, de personagens cangaceiros. Fundou a Editora Júpiter que contou com o trabalho de diversos desenhistas brasileiros. Na Editora Outubro, com Miguel Penteado, produziu histórias de terror, mas também escreveu e desenhou histórias infantis, suas preferidas. Gedeone trabalhou ainda com super-heróis, criando dentro do gênero o personagem Raio Negro, seu personagem principal e um dos mais queridos heróis brasileiros, além de Hydroman e Homem Lua. Uma grande curiosidade é que Gedeone adorava desenhar a si próprio como o vilão Capitão Op-Art (diminutivo de Optical Art, um subgênero da arte moderna e contemporânea), um criminoso ilusionista e psicodélico, e principal inimigo do Raio Negro.Tanto o gesto de auto-caricatura quanto o personagem em si, são considerados vanguarda mundial, em mais uma sacada visionária e avancada de Gedeone. Gedeone foi também um dos roteiristas do Capitão 7, o mais bem sucedido super-herói brasileiro de todos os tempos.
No final dos anos 60, publicou pela GEP (Grafica Editora Penteado) a revista dos X-Men no Brasil, na fase Stan Lee/Jack Kirby. Como os heróis estavam fazendo sucesso no Brasil, Gedeone teve uma idéia ousada: publicava no mesmo almanaque X-Men, Surfista Prateado, Capitão Marvel (da Marvel) e seu herói Raio Negro. Publicando-o lado a lado com os heróis da Marvel, Gedeone ajudava a conferir ao seu personagem um status internacional. E como ousadia pouca e bobagem, foi ainda mais longe e passou a escrever por conta própria(e numa cronologia totalmente particular) histórias dos X-Men, ilustradas por atistas brasileiros. Uma das mais clássicas é um encontro que Gedeone promoveu entre os jovens mutantes e o poderoso Thor. Estas HQs, um tanto bizarras, são hoje raridades e verdadeiros itens de colecionador. A estadia dos heróis Marvel na GEP, entretanto, durou pouco, pois a concorrente EBAL (que detinha na epoca os direitos sobre a maioria dos personagens Marvel), enciumada com o sucesso dos gibis tocados por Gedeone, exigiu o cancelamento das publicações.
Mas Gedeone não parava um minuto e, ao cancelar um título, imediatamente lançava outros. Dentre os inúmeros títulos em que trabalhou, merecem destaque Juju Faísca, Mei Fio, Milton Ribeiro, Santos Dumont, Castro Alves, Rui Barbosa, Uk e Uka, Drácula, Targo, Histórias Negras, Esquife, Combate, Clássicos do Terror, Homem Mosca, Lili e Juvêncio, o justiceiro do sertão. Produziu mais de 1500 roteiros para vários desenhistas. Seus últimos trabalhos a alcançarem certo apelo popular foram O Lobisomem e A Múmia, na metade dos anos 70, para a Minami-Cunha Editores. O título O Lobisomem, produzido com o desenhista Nico Rosso, teria ao longo dos anos duas republicações, sendo a última pela editora Opera Graphica em 2002. Gedeone colaborou ainda com os jornais A Nação, O Esporte e Diário Popular, onde publicava suas tiras. Após enfrentar problemas de saúde durante vários anos, Gedeone Malagola veio a falecer às 14h do dia 15 de setembro de 2008, aos 84 anos, após três paradas cardíacas causadas por uma grave infecção, que o manteve internado por mais de um mês, no Hospital São Vicente, em Jundiaí, SP.
Descanse em paz, mestre! Que o Raio Negro o receba de braços abertos no céu dos Quadrinhistas! Veja a seguir homenagens de vários artistas nacionais a mestre Gedeone e seus personagens (clique nas imagens para vê-las inteiras e ampliadas).
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Gedeone por Bira Dantas |
Raio Negro por Watson Portela |
Homem Lua por Lorde Lobo |
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Raio Negro por Marcelo Salaza |
Raio Negro por Felipe Meyer |
Raio Negro por Daniel HDR |
(fonte parcial do texto: Wikipedia)