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Por Gian Danton 21/06/2010 No princípio, o gênero super-herói era uma exclusividade masculina. A primeira super-heroína dos gibis foi proeza da editora National (atual DC), era a Mulher-Gavião, esposa e parceira de combate do Gavião Negro. Ela só surgiu em 1941, na revista All Star Comics 5, que publicava as aventuras da Sociedade da Justica da América, supergrupo do qual Mulher-Gavião e seu marido faziam parte. Mas a primeira grande heroína de sucesso só surgiria, na mesma revista, na edição número 8, de dezembro de 1941. Trata-se da exuberante Mulher-Maravilha, que também integrava o mesmo grupo! A nova personagem causou tanta sensação entre os leitores que imediatamente a National lançou um título adequadamente batizado de Sensation Comics, para abrigar as aventuras solo da bela estreante. O gibi foi lançado as pressas e no mês seguinte, janeiro de 1942, a Mulher-Maravilha já estava com seu proprio gibi nas bancas. A personagem era uma criação do psicólogo William Moulton Marston. Um dos criadores do detector de mentiras, Marston desviara-se da carreira acadêmica ao se transformar numa espécie de guru de auto-ajuda. Ele foi o primeiro psicólogo a ter uma coluna mensal em uma revista familiar, a Family Circle. Como forma de valorizar ainda mais suas opiniões, seu texto era apresentado na forma de entrevistas. Numa delas, ele falou de quadrinhos. Queixou-se da violência explícita dos gibis, mas disse que talvez os quadrinhos estivessem tocando “no ponto nevrálgico dos desejos e aspirações universais da humanidade”. Era um psicólogo falando bem dos quadrinhos! Isso fez com que Willian Gaines, da National, o convidasse para fazer parte do Conselho Editorial Consultivo da editora. Marston percebeu a chance e decidiu aproveitá-la. Na sua opinião, “o maior crime dos gibis era sua masculinidade desbragada”. Assim, ele se ofereceu para criar uma super-heroína que atrairia as crianças e sossegaria os pais. A base da nova personagem era a crença de que as mulheres são mais fortes que os homens, pois controlam a força do amor. Para o psicólogo, homens e meninos estavam procurando uma garota bonita e empolgante que fosse mais forte que eles. Eles estavam procurando uma Mulher-Maravilha! A personagem é uma das Amazonas da Ilha Paraíso que vem à terra para por fim à guerra e à exploração. Para combater o machismo e a violência, ela tinha duas armas. A primeira eram braceletes, com os quais ela poderia se defender contra tiros. Esses braceletes, além de serem uma arma de proteção, eram também uma lembrança das algemas impostas às amazonas por Hércules e, portanto, um símbolo do que acontece às garotas quando elas se deixam conquistar por um homem. A segunda arma era um laço mágico que obrigava todos que fossem presos por ele a se submeterem à vontade da Mulher-Maravilha. Esse laço era um símbolo do que Marston chamava de “sedução do amor”, o poder real das mulheres. Para desenhar a personagem, os editores da National queriam um ilustrador moderno, mas Marston bateu o pé no nome de Harry G. Peter, um ilustrador publicitário de estilo antiquado. Os donos da National pareciam ansiosos para ter uma personagem escrita pelo psicólogo, tanto que não só concordaram com o nome de Peter, como ainda cederam os direitos dos personagens e royalties perpétuos sobre ela. Durante a II Guerra Mundial, a Mulher-Maravilha assumiria a identidade da enfermeira Diana Prince e se apaixonaria pelo capitão Steve Trevor, mas a relação dos dois sairia do padrão da época, pois era quase sempre ela que o salvava de perigos. Apesar das histórias confusas (que sempre incluíam pessoas amarradas) e apesar do desenhista antiquado, a Mulher-Maravilha foi um sucesso, tanto que até hoje, quase 70 anos depois, ainda é publicada nos EUA. Mas o feminismo não parece ter tocado as meninas. 90% dos leitores eram homens, sobretudo pré-adolescentes. Para Gerard Jones, autor do livro Homens do Amanhã, “A Mulher-maravilha, muito mais do que um modelo para as meninas, como se pretendia que ela fosse, era uma forma dos meninos se aproximarem dos mistérios mais assustadores”. |
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