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Por José Pinto de Queiroz Filho 23/05/2010 A década de 1940 foi de grande diversidade para o gênero dos Super Heróis. Os heróis deste período infligiram todas as normas da natureza humana, possíveis e impossíveis. Exemplos? Super-Homem, Homem Borracha, Pequeno Polegar, etc.. Mas poucos deles diferiram tanto dos padrões quanto o Tocha Humana, cujo super-poder era o extraordinário dom de inflamar-se sem ser consumido pelas chamas! Tocha estreou em novembro de 1939, no primeiro gibi da editora Marvel (que então se chamava Timely), o “Marvel Comics” # 1, em uma história escrita e desenhada pelo quadrinhista Carl Burgos, junto com HQs de outros personagens como Namor, o Príncipe Submarino, Ka-Zar e o Anjo (The Angel - nada a ver com o do X-Men!), entre outros. No Brasil, estreou no “Gibi Mensal” 168, de junho de 1940. Os desenhos iniciais do bólido flamejante (o subtitulo pelo qual era chamado na época), eram toscos, um tanto primários, e o herói não era tão bólido, nem tão flamejante assim. Mas os editores da época acharam por bem colocá-lo na capa de estréia da revista “MARVEL Comics”, alegando que tinha mais impacto do que Namor, o cara de peixe. Apesar do nome, ele não era realmente um ser humano, mas sim um andróide (andro=macho, óide= semelhante) criado pelo Prof. Phineas Horton. Sua característica ígnea resultou de um erro de Horton, que decidiu destruí-lo, ou inativá-lo, porque era uma criatura capaz de ameaçar as pessoas e o mundo que habitava, mas ele conseguiu dominar as chamas, tornando-se um super-herói, com identidade civil e tudo. Adotou a identidade do oficial de polícia Jim Hammond, na quarta edição da revista. Curiosamente, porém, tal identidade foi ignorada depois. Tocha Humana teve sucesso imediato e foi um grande hit da Marvel, o primeiro personagem dos quadrinhos a possuir um título próprio, um ano após a sua estréia! Na primeira edição de sua revista própria, “The Human Torch”, ganhou o sidekick (ou side-kid) Toro, acrobata de circo que, por razões pobremente explicadas, adquiriu repentinamente os mesmos poderes do Tocha. Toro (Centelha, para nós) estreou no Brasil no “Gibi Mensal” 11-A, de novembro de 1941. O Tocha Humana participou do que poderíamos chamar de o primeiro crossover grandioso dos gibis, contra o Príncipe Submarino. Foi a grande batalha entre Fogo e Água, que se desdobrou nos números 8 e 9 da revista Marvel Comics. Namor e Tocha posteriormente chegaram a um acordo provisório de paz entre si, após terem sido convocados pelo presidente Roosevelt para combaterem os nazistas. Mas, mesmo assim, de vez em quando ainda tinham seus atritos. Na verdade, essas batalhas esporádicas entre ambos eram uma ótima estrategia dos editores para aumentar a venda dos gibis, pois sempre que os antagônicos heróis se digladiavam na capa de um gibi, este explodia em vendas. Em 1946, ambos se tornaram membros do All Winners Squad (junto com Capitão América, Miss América e Ciclone), equipe de curta duração. Porém, em 1949, o gênero super-heróis estava virtualmente falido. Ainda assim, os autores tentaram manter o Tocha em evidência, substituindo Toro (Centelha) por um atraente membro feminino, Sun Girl (Heliana, de Hélium, no Brasil), que embora não pudesse se inflamar, acreditava-se, poderia acender a imaginação sensual dos jovens leitores imberbes. A mesma tática de incluir uma parceira feminina para alavancar as vendas dos gibis foi utilizada pelos autores do Capitão América (que trocou o jovem Bucky por Betty Ross) e adicionou Namora às histórias do Príncipe Submarino. Em junho de 1949, a revista Marvel Mystery #92 publicou uma recapitulação de sua origem mas, ironicamente, logo em seguida, ele desapareceria por algum tempo. Em 1953, a Marvel tentaria, num breve retorno, ressuscitar seus três grandes personagens (Capitão América, Namor e Tocha), mas a tentativa não durou mais que seis meses. O retorno dos super-heróis Somente em 1961, a Marvel retornaria aos super-heróis. Com o surgimento de uma nova onda de personagens capitaneada pelo Quarteto Fantástico, surgiu um novo personagem, Johnny Storm, também batizado de Tocha Humana e com o mesmo poder de inflamar-se de seu homônimo original. Tratava-se de um Tocha adolescente e esquentadinho, autêntico "cabeça de fósforo"! Quando do lançamento do Quarteto, Carl Burgos, criador do Tocha original, tentou processar a Marvel por plágio. Entretanto, a justiça da época, quando julgava as cobranças de direitos autorais, costumava favorecer as editoras e penalizar os autores. Por isso, a Marvel levou a melhor. Diz-se que Burgos jamais perdoou Stan Lee e Jack Kirby, e que , tomado por fúria, destruiu todos os originais que tinha do seu Tocha Humana! Em 1966, Lee e Kirby resgataram o Tocha original e o colocaram num confronto com o Quarteto Fantástico, mas somente para ser executado. Mas como nos gibis raramente um super-herói fica morto por muito tempo (especialmente quando é um andróide), não demorou muito e logo ele apareceu de novo! Mas, com certeza, uma simples aposentadoria não é nenhuma barreira para um super-herói que já retornou da morte (andróide morre?) inúmeras vezes. Por isso, é bastante provável que num futuro próximo tenhamos a oportunidade de ver, outra vez, o Tocha Humana original em ação. É só esperar! Para concluir, um desejo: com o sucesso dos filmes de heróis de quadrinhos no cinema, torço para que algum produtor se interesse em levar à telona os clássicos confrontos entre o Tocha Original e Namor! particularmente a história em que Tocha é transformado num vilão pelo Cobra (no original, Python), agente de Hitler, e jogado contra Namor e Centelha numa luta titânica e histórica! Essa memorável HQ foi publicada no Brasil na “Edição de Natal do Gibi” de 1945 e possivelmente será reproduzida, a cores, na Edição de Natal de 2010 do “Portal Zine”, meu fanzine dedicado a mais resplandecente época dos Quadrinhos: a Era de Ouro! Longa vida ao Tocha humana original! |
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