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Por Otacílio d'Assunção 23/05/2010 Os komiks filipinos, lançados após a II Guerra e a independência do país, viraram o passatempo nacional. Não só crianças como adultos, homens e mulheres, sem distinção, cerca de 40 por cento da população era viciada em ler quadrinhos. Para dar conta disso, o editor Tony Velasquez foi arregimentando um time de primeira, capaz de produzir tanto em quantidade como com qualidade. Jesse Santos era pintor de rua quando foi descoberto por Tony Velasquez, que o convenceu de que teria uma brilhante carreira como desenhista de quadrinhos. Começou na efêmera Halaklak e foi convocado para compor o escrete do primeiro número de Pilipino Komiks desenhando as aventuras de DI-13, um detetive inspirado no americano Dick Tracy, mas com um traço menos caricatural. Os roteiros eram de Damy Velasquez, irmão de Tony. Essa série foi uma das que tiveram vida mais longa na história dos komiks filipinos. Alguns colaboradores das primeiras revistas da Ace eram ex-guerrilheiros: Fred Carillo e Francisco Coching participaram do movimento de resistência durante a ocupação japonesa. Carillo desenhou panfletos e Coching pegou em armas. E é dele a brilhante ideia de contrabandear armas dentro de caixões. Ambos desenharam muitos personagens e séries marcantes para as diversas publicações da Ace. As estrelas maiores do quadrinho filipino foram Nestor Redondo e Alfredo Alcala. Cada um desenhava mais de uma série por revista e sua produção era grande em quantidade (Alcala chegava a produzir em torno de 80 páginas semanais) e de altíssima qualidade. Redondo consolidou sua fama com a personagem Darna, como vimos na primeira parte desta série. E assim os quadrinhistas filipinos viveram felizes por mais de quinze anos, produzindo séries memoráveis avidamente consumidas por seus conterrâneos. O período áureo da Ace abrange toda a década de 1950. Mas a editora sofreria um duro golpe em 1962. O movimento sindical foi responsável pelo encerramento das atividades da Ace. Funcionários do escritório e produção exigiram equiparação salarial aos autores. Não se conformavam de ganhar menos que os roteiristas e desenhistas. Estes não recebiam salários, e sim por produção: escritores eram pagos por história e os artistas por página ou capa. É óbvio que os autores mais prolíficos recebiam uma boa quantia mensal. Isso fez crescer o olho dos empregados, que se organizaram, fizeram uma gritaria e promoveram uma greve. Don Roces respondeu a eles que as revindicações eram inviáveis e implorou que suspendessem a paralisação e voltassem aos seus postos, mas os empregados foram irredutíveis. Assim, em 1963, a Ace teve que fechar as portas. Começa aqui uma nova fase do quadrinho filipino. Os criadores estavam no olho da rua, mas por outro lado havia um público consumidor ávido por histórias. Os irmãos Virgílio e Nestor Redondo, Alcala e mais Amado Castrillo, Tony Caravana e outros fundaram sua própria editora, a CRAF Publications, que lançou revistas com os nomes dos próprios autores: Redondo Komix, Alcala Fight Komiks, etc, e tocaram a vida. Por outro lado, Tony Velasquez também fundou outra empresa e continuou o título Pilipino Komiks e Mars Ravelo criou a maioria dos seus super-herois que o celebrizaram.
Voltar, obra-prima de Alfredo Alcala Este foi apenas um micro-resumo das atividades editoriais quadrinhísticas filipinas até meados da década de 1960. Mas o número de autores e publicações chega à casa das centenas e muita gente boa teve que ficar de fora. No próximo capítulo desta série veremos como os desenhistas filipinos conquistaram o mundo! Até lá! |
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