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Bar de Rock bombou!
Por Bira Dantas
14/12/2009

A Blackmore, casa noturna do cenário roqueiro paulistano abriu suas portas para mais uma festa do Baraldi (genial criador de Roko-Loko e mais dezenas de personagens que montam um mosaico da fauna cultural, sindical e política do Brasil). Eloyr, criador do site Bigorna e do Troféu de mesmo nome, não pôde estar presente, assim como Humberto Yashima, responsável pela edição do site Bigorna e realmente um “carregador de piano” no que se refere a noticiar o Mundo dos Quadrinhos, Cartuns, Cinema e Cultura (aliás, o site foi super elogiado por várias pessoas, que comentaram as virtudes éticas e democráticas nas postagens de notícias). Mas o cartunista mais “rock’n’roll” do planeta fez as honras da casa. Assim que chegamos, Thaís (que iria ajudar a entregar o Troféu Bigorna como uma perfeita Marciobaraldete) quis experimentar o novo Game do Roko-Loko. Satisfação garantida. Veja as fotos aqui.

Baraldi com a camiseta da Rock Brigade, organizava sua banca de revistas e bonecos, tudo a 10 pilas. A banca do Quarto Mundo devidamente cuidada por Edu, Will, Alex Mir e Daniel Esteves trazia todas as novidades do Quadrinho independente inclusive o livro (com desconto) sobre A nova HQ alemã. Dei de cara com o camarada Raphael, editor da MAD, que logo me apresentou no andar de cima, Elias Silveira, o fantástico capista da revista que ganhou o troféu de melhor no Humor. Logo em seguida reencontrei os nobres mestres Franco de Rosa (acompanhado do Jorge da Comix) e Getúlio Delphim (acompanhado de um vizinho fã de HQ), monstro da HQ e Ilustração nacionais. Contaram-me que o Diamantino da Silva estava no andar de cima com o Álvaro de Moya (que quase me atropelou – rs - enquanto buscava uma vaga quase impossível na rua da Blackmore, atrás do concorrido Shopping Ibirapuera), corri escada acima para dar um abraço nos dois veteranos dos Quadrinhos. Junior Lopes, como um verdadeiro “The Flash” soltou caricas à torto e à direito. Moya ganha uma (que levará ao palco)!

Começa a premiação, Thaís (apelidada de Thaísa – alusão à Maísa do SS - por Baraldi) sobe ao palco. Toco a introdução de Boehmiah Rhapsody na gaita. Começou a festa. Baraldi fala da importância do Prêmio, que tenta resgatar todos os esquecidos das principais premiações da área no Brasil. Dispara elogios aos vários amigos que subirão as escadas e levantarão o belo troféu dourado acima de suas cabeças. Como nos Jogos Olímpicos no passado clássico! Luke Ross (que detona no mercado internacional) é o primeiro a ser ovacionado no recinto! Alvimar, que se recupera de um acidente de carro, foi o segundo a subir. Descubro que, além de um ótimo papo, ele mora em Campinas, de onde editou o seu fabuloso Gilvath com Mozart Couto. E Mario Mastrotti publicou HQ em sua revista de FC Factus. Spacca ganhou como melhor cartunista (mais que merecido por seu trabalho no site Observatório de Imprensa)! Meu amigo pós e sobre-humano Edgar Franco recebeu prêmio por seu fenomenal - e por que não, revolucionário - Artlectos.

O mineiro Mauricio Ricardo, um dos cartunistas que melhor empresariou seu próprio trabalho (junto com os notáveis Baraldi, Mauricio de Sousa e Ziraldo, claro) deu o ar da graça! E me segredou que tem várias bandas também. Uma delas, Seminovos. Claro, com todo o talento que ele tem para parodiar músicas nas charges... Mario Mastrotti, dono da brava e pequena editora Virgo falou da importância de se criar cooperativas entre cartunistas. O público, regado a vinho, salgadinhos e refrigerantes (cortesia do Baraldi) lotava a pista de dança e o andar superior da Blackmore, com a energia típica dos eventos quadrinhísticos. Raphael, Elias subiram (eu e Baraldi já estávamos lá) pra receber o merecido troféu da MAD, uma revista que ressurgiu das cinzas, publicando o melhor e o mais inusitado dos Quadrinhos nacionais e norte-americanos. Franco de Rosa, cuja história lendária se mistura à da HQ nacional dos anos 60 pra cá, fez pose com Thaís, a musa-mirim dos Quadrinhos!

Jorge agradeceu o troféu e o dedicou a seu irmão, Carlos Mann, fundador da livraria Comix, uma das mais antigas de Sampa e do evento Fest Comix, com descontos imperdíveis para qualquer colecionador. Diamantino da Silva, autor de Quadrinhos para Quadrados (que eu li com 22 anos, já estou com 46) é um senhor simpaticíssimo e um verdadeiro baú de informações, assim como seu companheiro Álvaro de Moya (autor de Shazam!, Vapt-Vupt, Anos 50: 50 anos, Mundo de Disney, Glória em Excelsior entre outros). O professor Cagnin (autor do livro sobre o Diabo Coxo) alertou sobre o centenário de morte de Angelo Agostini em 2010. O ano novo certamente reservará muitas novidades sobre o tema. Alex Mir, Daniel Esteves, Will e eu recebemos o troféu pelo Quarto Mundo, coletivo de Quadrinhos dos mais importantes que surgiram na última década!

Carlos Costa, da HQM, recebeu troféu pela revista Senninha, uma das poucas revistas que retomam o clássico processo de produção em estúdio (como quando eu trabalhei nos Trapalhões da Bloch). Xalberto (que publica na MAD) chegou tarde, mas à tempo de tirar foto com o Raphael sua cyber-musa e Elias. César do ótimo programa HQ&Cia, não chegou a tempo, mas tentou! Pra finalizar, toquei na gaita Round around the clock de Bill Halley, afinal aquilo tudo era puro rock’n roll, saca??????? Daí entrou a Banda Exxótica, que estava há quase 1 ano sem tocar, que sacudiu a turma ao som de notas guitarreiras esticadas, baixão bem marcado e um bombardeio cadavérico na batera. Pauleira pura! Hmmmm, a última apresentação deles foi na última festa do Baraldi? Tiraram o devido atraso. Até Worney da AQC-ESP deu uma passada por lá. Apesar de não ter mais cabeleira com longas medeixas – à la head banger - para balançar ao som de um bom e velho heavy-metal. Tudo foi devidamente registrado pelo pessoal da Banca de Quadrinhos, responsáveis por um dos programas mais legais da WebTV. Mensagem do Marko Ajdarić: "Fico feliz de ter sido escolhido por um prêmio que tem CRI TÉ RIO. Assim, fica claro a quem nos acompanha os MOTIVOS reais de nossa premiação. Tomara que o Brasil venha a ter, no futuro, mais prêmios, com dindim, com esse viés. Parabéns ao Baraldi por ser um cara que segue seu credo, suas convicções, seu modo de ver o mundo, coisa cada vez mais rara, nesse Brasil".

Pra finalizar, encontrei outros grandes amigos como o Maurício Rett e Gazy Andraus, que me brindou com um fanzine Nefelibantes Pareidólicos. Me deu uma semana para comentar! Fui mais rápido! Foi de tirar o fôlego e já explico porquê. Há dois anos escrevi um artigo sobre a experiência de se olhar as nuvens e o Gazy comentou que tinha achado muito interessante. O incrível é que ele readequou o tema e foi além, falando de desenhos em borras de café, ranhuras nas paredes, detalhes de chão. Pois desde pequeno eu identifico figuras assim, e viajo nas formas aleatórias que vão se formando diante de meus olhos, formando caricaturas, animais, figuras totalmente malucas e maravilhosamente artísticas. Você já imaginou o que é ver um artista de um porte de Michelangelo ou Picasso na rachadura de uma parede? Ou nos fungos que se formaram na umidade da parede ocasionada por um vazamento interno? Existe algo mais aleatório do que isso? A vida, talvez? Além de mim, eu só tinha notícia de mais um louco que via esse tipo de coisa: meu colega de aulas na Pandora, o caricaturista (um dos melhores e mais inventivos que já conheci), artista plástico (fenomenal) e animador (mesmo) de qualquer evento, Paulo Branco (professor de feras como Dálcio Machado, Paulo Félix, André Pádua, Paffaro, Stegun, Evandro, Rossi e dezenas de outros).

E agora, Gazy! Bem, voltando às nuvens, leia a mensagem dele (na época), que interessante: “Bira. Acabo de ler seu texto no Bigorna e posso dizer que está extraordinário! Você sabia que sou um nefelibata de há muito tempo? Mas eu não conhecia a palavra: acabei de conhecer lendo seu texto. E mais: eu, às vezes, consigo mesmo prever certos acontecimentos em minha vida, através de imagens nas nuvens, que nem os gregos! Mas é um dom de nós, desenhistas. Na verdade é quântico: nosso ser se conecta com o todo, e nossa mente hemisferial direita "apresenta" imagens de fatos que estão ou estarão acontecendo em breve, já que no universo quantico, não existe separação entre presente, passado e futuro. O homem como co-criador pode saber o que lhe vai ocorrer e até interferir, se sua consciência assim o permitir. Mas há a poeticidade mesmo nas nuvens, e seu texto, auxiliado pelas intervenções do olhar feminino de sua esposa, traz isso muito bem. Na verdade, eu não prevejo exatamente o que me vai acontecer, mas sim, através de imagens, posso antever se serão coisas boas ou obstáculos. Por exemplo: se vejo elefante, bom sinal! Se, ao contrário, uma cruz, uma fase meio difícil etc. E confesso que sempre que posso, olho pras nuvens. Enfim, textos como os seus, que são da visão de um artista-quadrinhista ajudam a melhorar a consciência humana, tirando a mente do corriqueiro, como as próprias nuvens fizeram contigo. Ainda bem que autores como nós fazemos parte desses sites, como o Bigorna. Estou lecionando HQ numa faculdade, mas o curso já está acabando. semestre próximo divulgo seu texto aos novos alunos, pois é bem interessante (por falar nisso, tem textos meus biográficos em relação a HQ no site do IBAC. Quando der, dê uma olhada). Abração.”

Baraldi, suas festas realmente balançam o coreto, cara! PARABÉNS!

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