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Bira e sua esposa Claudia em Belo Horizonte |
O
Festival de Quadrinhos que já era referência internacional deu mais uma mostra de que pode se superar, montando mais um grande evento. Desta vez fui para ficar uma semana inteira. Afinal, tinha uma exposição só minha por lá:
Os Mestres do Soul e Blues.
OS DANÇARINOSAlém de retratar os famosos, minha missão era desenhar as pessoas que freqüentam o Quarteirão do Soul e o Centro Cultural de V. Marçola pra dançar. Isso foi uma experiência muito interessante. O principal aí não é a notoriedade, mas o movimento, a espontaneidade... Algumas pessoas eu já havia visto em vídeos no
YouTube e já as tinha esboçado. Mas a grande maioria eu fiz um mês antes do
FIQ, na rua e no salão, no meio da dança, agitados pelo possante som dos Anos 70, de ícones da música negra americana e brasileira. A repercussão da expo na web pode ser vista
aqui,
aqui,
aqui e
aqui. E do
FIQ,
aqui,
aqui,
aqui,
aqui e
aqui.
A VIAGEMEu,
Claudia e
Thaís (minha mulher e filha) chegamos em BH na terça-feira, dia da inauguração do
Festival Internacional de Quadrinhos, evento sem igual na América Latina. Fomos recebidos pelo receptivo
Gabriel, muito atencioso e bom de papo. Ele disse que esperava por ninguém menos do que...
Liniers, o cartunista argentino que ganhou o mundo (e minha filha) com suas ótimas e criativas tiras do
Macanudo, publicado aqui no Brasil pelo bem atinado e visionário
Claudio Martini, da pequena -mas valente- editora
Zarabatana. Batemos um bom papo em portunhol (mais “portu” do que “nhol”) com Liniers e seu agente
Juan, no caminho entre Confins e o Othon Hotel. De cara encontramos o mestre
Canini (homenageado do
Festival) e sua adorável mulher
Lourdes. Fomos ao
Palácio das Artes com o impecável (na postura) e estiloso (na pintura)
Rodrigo Rosa. Membro da
Grafar, ele é um artista invejável, seja na área da ilustração, seja na dos Quadrinhos (acabou de lançar
O Cortiço). E sempre que eu estava meio corcunda, com a postura meio caída, ouvia a frase combinada: "
Rodrigo Rosa!". E lá eu ia me esticando, peito pra fora, barriga pra dentro, ombros abertos, queixo levantado. Depois o Rodrigo explicou que tudo era fruto de muito trabalho corporal, yoga, musculação e a eterna vigilância! No dia seguinte, depois de uma piscina em companhia dos franceses
Frederic e
Cizo, fomos até a Vila Marçola, no alto do bairro Serra, para ver a montagem da minha expo, já que ficávamos só vendo as exposições do
FIQ no
Palácio das Artes, no centro de BH. Tomamos o ônibus
Serra (1407), descemos no ponto final e tomamos um táxi, pois o
Centro Cultural era no alto do Morro... Vista esplendorosa do vale onde fica a capital das Minas Gerais! Claudia e Thaís conheceram a simpática
Jupira, coordenadora do Centro e o pessoal que a ajuda a manter o espaço impecável para que a comunidade possa se divertir a valer. Cultura também é isso, boa música, muita ginga e requebros. Fotos
aqui. Deu pra ver que as caricaturas tomavam conta do ambiente, dos cantos e recantos, criando um colorido especial, no cume daquele morro especial. Num festival especial. De uma cidade especial. Claudia e Thaís voltaram, afinal, alguém tinha que trabalhar e estudar nesta família. Na volta do aeroporto, conheci o casal espanhol
Juan Canales (roteirista de
Black Sad) e
Teresa Valero (animadora). Simpaticíssimos, acabei dando uma de cicerone, levando-os ao
FIQ e aos restaurantes para almoçar. Comemos muita pimenta (que eles chamam
endilla) e tomamos uma boa cerveja artesanal de BH. Foi aí que conheci o
Adão Iturusgarrai. Figuraça, depois de integrar
Los três amigos, publicar na
Dum-dum e estourar no mercado de HQ nacional e internacional, casou e mudou pra Argentina (Patagônia) onde publica na
Fierro. Cara de sorte e talento.
O FESTIVAL
Apesar de todos contratempos, como a ausência de Joe Bennet e a chuvarada que desabou e deixou o centro de BH à beira do caos (incluindo os estandes que estavam montados atrás do Palácio), tivemos ótimos momentos: troca de experiência, lançamentos de revistas que só veríamos por lá (ou nas bancas do Quarto Mundo e HQMIX Livraria em Sampa), encontros inusitados e filas intermináveis para pedir autógrafos. Os organizadores do Festival se mostram antenados com as escolhas de artistas, rompendo com o lugar comum e rompendo uma barreira natural com o Oriente, mais precisamente, a China. É claro que muita coisa ainda pode melhorar. Sidney Gusman enumera algumas sugestões aqui e muitas outras pessoas escreveram em seus blogs e flogs. Vamos torcer para que as editoras tirem dinheiro do bolso para patrocinarem, elas próprias, as viagens de seus autores. Assim o FIQ poderá investir mais na infra-estrutura do evento, coberturas à prova de enchentes e bases a prova de terremotos, edição de catálogos de todas as exposições, eventos noturnos e até um telão no meio dos estandes mostrando o que rola nas salas de palestras e debates. E talvez voltar pra Serraria, que era muito maior e abrigava a todos numa boa. Além de zanzar pelos corredores, biscoitar aqui e ali, tocar gaita aqui e acolá, encontrar e conhecer trocentos amigos da web, comprar dezenas de revistas (Vôo Livre, Muiraquitã, Solar, Ronda Noturna, Saída 3, Café Espacial, Cabaret, Quebraquixo, Quadrinhópole, Ato 5, Revista Huai, Subterrâneo, Contos da Madrugada, JEZ, Tempestade Cerebral, Duo, Quase, Beleléu, Gente feia na TV, Graffiti, Enquanto ele estava morto, Patacoada, Almanaque Gótico, Nanquim descartável, Entre Quadros, Brabos Comics, O Cortiço), ganhei J.Carlos -Memórias d’O Tico-Tico - de Athos Eichler. Este pesquisador dos primórdios da HQ no Brasil, já havia publicado pela editora do Senado Federal As aventuras de Nhô Quim, de Angelo Agostini. Um primor de pesquisa e edição. E foi certamente uma das maiores e gratas surpresas minhas em terras belohorizontinas.
A MOSTRA MUNDIAL DOS QUADRINHOS
O que chamou a atenção de Delfin (puxa, faz tempo que não te vejo), Guy Delisle, Ben Templesmith, Liniers, Benjamin e Patrick (da editora francesa Xiao Pan)? Quadrinhos do mundo todo? Acertou! E dei uma força na fantástica Mostra Mundial de Quadrinhos que foi montada pelo meu amigo do peito (irmão/camarada) Marko Ajdarić, que levou para o FIQ sua coleção de Quadrinhos do Mundo Inteiro. Força, modo de dizer... Tomei conta da mostra e contei umas lorotas enquanto nosso nobre e valoroso sérbio saía pra tomar um café, um “refri”, comer uma empadinha e fumar um “cigarrets”... Claro que todo mundo queria comprar as raridades só vistas nesta mostra, mas o principal objetivo era mostrar os livros nas mais variadas línguas, nas mais diversas artes e fazer propaganda do Neorama dos Quadrinhos, “a mais ampla newsletter de Nona Arte do Mundo”, que informa diariamente milhares de profissionais ou apaixonados pelo mundo dos Quadrinhos, sobre Salões de Humor, Festivais, lançamentos e discussões. Ele tem contato com associações de cartunistas nacionais e internacionais e é um dos principais divulgadores de tudo o que acontece lá fora e aqui dentro, além de fomentar o movimento aqui no Brasil. Como prometido, fiz caricas no estande do Quarto Mundo, onde encontrei os amigos Daniel Esteves, Marcos Venceslau, Mario Cau, Hugo Nanny, Leonardo Melo, Will, Felipe Meyer, Ana Recalde e Caio Majado. Conheci Samantha Flôor; os curitibanos Zé Aguiar, Pablo Mayer e Diogo César (Joinville); a turma da Grafar: Lancast, Azeitona, Mau-mau, Wagner Passos, Rogê; a turma do Rio: Lafa, Arruda (amigos de fotolog) e Tiago Lacerda, a turma de Vitória: Felipe Caselli, Fábio Turbay e Estevão Ribeiro. Conheci Guy Delisle e Ben Templesmith. Minha filha Thaís, quando soube que ele era da Austrália, já ficou amiga e disse que queria morar lá. Ao ver a foto dele, fazendo careta, no Jornal do FIQ ela disse que ele era mais simpático ao vivo. Quando eu mostrei uma de suas HQs, ela gostou. Sua resposta: "Sua filha tem problemas, leve-a ao médico". E quando estava debatendo e ouviu um som de gaita, comentou: "Bira Dantas!". Encontrei amigos como Claudio Martini (editora Zarabatana), Leonardo Melo, João Marcos, Lélis, Matheus Moura, do Camiño de Rato, que escreveu uma série de artigos sobre o dia-a-dia no FIQ. Bruno Azevêdo me arrancou sinceras gargalhadas com seu muito bem escrito Breganejo Blues, que eu literalmente recebi por cima do banheiro (rs), devidamente denunciado pelo Mario Cau. Fiquei devendo uma caricatura pra Milena Azevedo, roteirista potiguar (e possivelmente minha prima, por ter Dantas na família), promessa paga recentemente, por e-mail. Gualberto e Dani (donos da melhor e mais completa livraria de HQ do mundo: HQMIX Livraria, em Sampa), que montaram a maravilhosa exposição (com catálogo igualmente maravilhoso) Isto é a França. Uma honra danada ter uma página minha lá falando do Festival de Cannes, e em meio a tantos quadrinhistas de primeira linha, brasileiros e franceses. Fábio Moon e Gabriel Bá, Gustavo Duarte, Ivan Freitas, Iramir Araujo, batalhador incansável da HQ nacional (publicou uma HQ minha há uns 35 anos em seu zine Sem Essa). Milena Azevedo, minha possível prima de Natal, RN. Raphael, editor da MAD, que comigo, Leonardo Melo, Edra e seu amigo Cateto. Este tal tinha uma pinga nervosa, e rezava sempre antes de beber. Tomamos todas no Mercadão, além de comer as já famosas porções de torresmo, fígado com jiló&cebola e chouriço acebolado. Fotos aqui.
CRAIG THOMPSON
Entrevistei o “fera” no FIQ. Afonso Andrade havia me convidado, mas o tempo passou e eu achei que tinham mudado de idéia. Quando faltava 15 minutos pro bate-papo, me pegaram no corredor. Eu seria um dos entrevistadores, o outro seria o tradutor de Retalhos, Érico Assis (do Omelete), mas ele declinou do convite. Assim, pego de surpresa, encarei o desafio. Realmente ele é um dos desenhistas de HQ que mais me chamaram a atenção nos últimos tempos. O seu blog não me deixa mentir. Eu comecei falando que me espantava o fato dele ter fãs ardorosos como minha filha de 9 anos (que devorou Retalhos) e velhos leitores de HQ, que prezam pela qualidade dos textos e dos desenhos. Ele respondeu que não era de propósito... Perguntei sobre suas influências, além do óbvio Eisner, ele citou alguns cartunistas franceses e frisou a importância da linguagem do humor cartunesco em seu trabalho. Falou que usou um material extremamente vagabundo pra desenhar Retalhos e que foi extremamente rápido de fazer. E de como Habib, está demorado e como dá trabalho usar material bom (papel e pincéis). Ossos do ofício. Quando ele disse que sua mãe detestou o livro e chorou de desgosto, eu sugeri que ele lhe dissesse que o mesmo livro que ela achou “que afastaria alguém de Deus” poderia aproximar. Eu disse isso, porque percebi que ele estava muito tenso (a cada resposta ele me perguntava, em voz baixa, se tinha ido bem), e achei que isso poderia deixá-lo mais tranquilo. Eu não quis ser arrogante, nem dizer a ele o que ele deveria dizer pra sua mãe. Só queria deixá-lo mais calmo. E ele concordou comigo, dizendo que foi exatamente o que ele disse a ela. Apesar disso algumas pessoas detestaram minhas perguntas, como "Miranda Zero" (no Multiverso Bate-Boca): “Uma pena que estragaram o bate-papo com o Craig Thompson. Só perguntas imbecis, principalmente daquele tal de Bira, que dividiu a mesa com ele. Puxa vida, mandar um recado para a mãe do Craig, essa foi horrível. Ele deve ter ficado com uma péssima impressão do FIQ, aposto que em São Paulo as coisas serão melhor organizadas. Espero que na próxima vez não coloquem retardados deslumbrados junto com o convidado”.
Outros como Eric, acharam positivas minhas perguntas e transcreveram o debate melhor do que eu poderia fazer: “Na mesa, estavam Craig Thompson (é lógico!), o intérprete (sorry, não sei seu nome) e Bira Dantas (ô cara sortudo!). Bira abriu o bate-papo, comentando que ficou muito impressionado com o fato de sua filha de 9 anos ter chorado por não poder estar presente. Eu aproveito para fazer uma observação: quando é que as escolas vão perder o preconceito por quadrinhos e adotar Retalhos como livro paradidático? Bira disse que o livro tocou profundamente sua filha e que ele ficou impressionado com a arte-final de Craig Thompson. Depois que muitas pessoas fizeram perguntas para o autor, eu tive a oportunidade de perguntar sobre o que mais impressionou Bira: a arte-final. Transcrevo minha pergunta, exatamente como a fiz: 'Do mesmo jeito que o Bira, eu também fiquei impressionado com a arte final de Retalhos. Eu gostaria de saber qual é o material que você utiliza. Eu vi em seu site, e também no FIQ, que você utiliza uma espécie de caneta-pincel. Eu quero saber até qual é a marca da caneta (nesse momento, provoquei risos na galera e aplausos do Bira, pois todos gostaram da pergunta). Também gostaria de saber quando seu próximo livro – o Habib – ficará pronto. Você já tinha uma previsão de conclusão quando começou a prepará-lo?'. Craig respondeu que seu próximo livro ficará pronto dentro de um ano, mas não me respondeu qual é a marca de sua caneta. Ele disse que desenhava, no início de sua carreira, com canetas baratas. Mas depois, pôde comprar canetas mais caras. Disse que a vantagem de se usar canetas mais baratas é a possibilidade de fazer extravagâncias, sem dó. Costuma produzir uma página por dia, começando às 9h e terminando Às 17h, com um intervalo para o almoço. Disse que seu próximo livro terá umas 700 páginas e que 500 já estão prontas. É possível ver algumas páginas do seu próximo livro em seu site e também na exposição do FIQ. Eu queria perguntar mais coisas, mas não podia, pois muitas pessoas ainda queriam saber outras coisas. Craig disse que sua intenção não era falar de religião em Retalhos e que também não queria extravasar nem se libertar de nada quando produziu o livro. Comentou também sobre a reação de seus pais, que não gostaram do livro e que só o leram depois de seis meses. Foram contra a exposição da família nas páginas do livro. Voltaram a conversar somente durante uma viagem para Chicago. Na conversa, a mãe dizia que ele iria para o inferno Craig disse não acreditar em inferno. A mãe indagou como ele poderia acreditar em paraíso, se não acreditava em inferno. Craig respondeu que também não acreditava em paraíso (risos da platéia). Disse que a mãe ficou triste, deixando-o assim também. Já o irmão gostou muito do livro. Perguntaram se Craig acredita em Deus. O autor disse imaginar Deus como uma força parecida com a de Star Wars (mais risos da platéia). Eu queria perguntar se ele voltou a encontrar a garota da história depois da publicação do livro, mas não pude. O intermediador anunciou que Craig precisava viajar no outro dia e que a sessão de autógrafos seria realizada no estande da Companhia das Letras. Isso despertou uma corrida para o estande. Eu também estava com o livro e corri, garantindo um dos primeiros lugares da enorme fila que se formou na tenda principal. A fila foi tão grande, que Ivan Brandom e Gabriel Bá resolveram filmar”.
Matheus Moura, que foi bem objetivo: “A mesa subseqüente foi a mais cheia do dia e teve como atração Craig Thompson, autor de Retalhos, recentemente lançado pelo selo Quadrinhos na Cia. Craig falou de sua carreira, processo criativo, forma de trabalho. Ao lado dele, havia Bira Dantas, que começou com uma pergunta referente ao alcance do trabalho de Craig, principalmente Retalhos, uma vez que a própria filha de Bira, de apenas 9 anos, 'se apaixonou' pelo livro. Craig respondeu que não pensou na abrangência do material e que apenas o fez com sinceridade pensando em não decepcionar o público. Por outro lado ele é triste com o público americano masculino adolescente, pois eles não dão atenção ao livro, sendo muito pouco lido por eles. De influências, Craig diz ter seguido bastante os passos de Will Eisner e das HQs francesas. Isso se reflete até mesmo na preferência de estilo, sendo por ele o preto e branco o método que lhe dá mais prazer. De acordo com o quadrinista, ele só fez, e faz, trabalhos coloridos para ganhar dinheiro. Craig comenta ainda sobre o novo trabalho em desenvolvimento, chamado Habibi e que se passa no Oriente Médio. Algo como as noites árabes, pelo que diz o tradutor. O livro, atualmente, já possui 500 páginas prontas e, pelo que diz Craig, deve ter em média umas 700 páginas. Para o autor, a idealização desse trabalho passa pelo pressuposto dele já ter se cansado de falar de si mesmo. Assim ele passa para uma HQ fictícia, mas calcada em pontos reais. O termino de Habibi está programado para daqui um ano. Para fechar o bate papo com Craig foi discutido se ele não se incomoda em se expor tanto como fez no livro. O autor disse então que, quando deu início ao projeto, não havia imaginado que alcançaria um público tão grande de leitores e tudo o que fez foi com a consciência limpa. O problema maior foi com os pais dele. A mãe ficou extremamente chateada, assim com o pai. Isso gerou discussões e mal estar entre eles, principalmente pela escolha religiosa de Craig e a exposição de sua infância, o que gerou a indagação do pai de Craig: 'Sua infância não foi tão ruim assim, a minha foi pior. O que te faz achar ser tão especial?'”.
O SOUL NA SERRA FOI UM ARRASO
Veja as fotos aqui. Os dias se passaram e chegou o sábado. Como a exposição era num lugar afastado do FIQ, Afonso Andrade (diretor da Fundação Municipal de Cultura de BH) disponibilizou uma van para levar os artistas do FIQ ao Morro. E ainda tivemos a sorte de ter o Anderson Luis como motorista, um camarada super boa-praça e admirador dos Quadrinhos. Bem, ainda estou em estado de graça... Realmente não poderia ter fechado com uma chave de ouro melhor. Vários amigos que conheci lá como os franceses Olivier Tallec, Claude, Fréderic Felder, Lyonnel Cizo, Giséle de Haan (Dargaud) e Patrick Abry (da Xiao Pan, editor de Benjamin), o chinês Benjamin, o italiano Claudio Curcio, os espanhóis Juan Canales e Teresa Valero, o canadense Guy Delisle, entre outros. O pessoal do Quarto Mundo apareceu em peso: Hugo Nanny, Leonardo Melo, Will, Mario Cau, Daniel Esteves, Marcos Venceslau, Felipe Meyer, Ana Recalde, Caio Majado e outros mais, nos esbaldamos. Na entrada, Liane, uma das retratadas em um dos painéis começou a ensinar passos de dança ao Benjamin. A molecada em volta gritava “Jackie Chan!”, clara alusão ao filme em que ele nocauteia, sem querer, James Brown e com a ajuda de um terno computadorizado, dança como o Imperador do Soul. Como diria Tim Maia: "Festa boa, sô!" Dançamos e bebemos muito, entramos na roda com o pessoal do Baile, acabei minha gaita nos acordes mais agudos e suamos muito, mas muito mesmo! Daniel Esteves rasgou a calça ao fazer ousados passos de Street Dance pelo chão. Os estrangeiros se surpreenderam com a animação e o carinho do povo do Morro. Que despedida do FIQ maravilhosa! Mesmo com a redução de investimentos pelos patrocinadores, mudança de local (da ampla Serraria para o compartimentado Palácio das Artes), a chuvarada que caiu na quarta-feira e correrias que sempre acontecem, deram mais um show de empenho e carinho com a gente. Meus agradecimentos ao Afonso Andrade e à Jupira (Centro Cultural V. Marçola), pela ideia de um exposição num espaço cultural na periferia, no meio do povo que organiza e curte o Soul na Serra, com toda a alegria e simpatia que quem lá esteve, pôde comprovar! O povo da Vila Marçola está de parabéns. Não está apenas pertinho do céu, num dos pontos mais altos de BH, entre barracos que se equilibram na favela que margeia um dos lados da avenida Mangabeira da Serra (do outro temos um maravilhoso parque)... Estão também nos nossos corações e almas. Isso é o verdadeiro SOUL! Obrigado ao pessoal do FIQ. Roberto, Afonso, Nilene, vocês deram um presentão a este velho chargista. Vida longa ao FIQ!
(foto: Bira Dantas)