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Reencontro com o Mestre
Por Bira Dantas
08/10/2009

Na terça-feira da semana passada (dia 29/09) tive uma ótima surpresa: a visita do quadrinhista, ilustrador e “Mestre” Eduardo Vetillo aqui no meu estúdio, em Campinas. Pra quem não sabe, eu fui assistente do Vetillo em 1979 e aprendi o básico dos Quadrinhos, passando suas páginas de HQ da Hanna-Barbera e dos Trapalhões a limpo, numa mesa de luz. O Mestre é um dos verbetes da Comiclopéia da Lambiek. O caricaturista Fabiano Carriero, que está fazendo um estágio aqui, teve a grata surpresa de ver o meu mestre delinear, instantaneamente, caricaturas nossas e desenhos de cowboys montados em estupendos alazões. Além de contar histórias de uma vida inteira voltada para os Quadrinhos. Foi um dia sem par. Com minha mulher, almoçamos um ótimo Frango na Cerveja, assado com batatas, cebolas e alhos, brócolis ao alho, salada fresca, regado a vinho Beaujolais. Depois, com Fabiano, foi uma tarde de papo dos velhos tempos no Estúdio Ely Barbosa, dos seus novos projetos em Quadrinhos (Ilustrações da Odisséia, O Guarani em HQ e o roteiro de Edson Valença que ele começou a desenhar há alguns anos) e caricaturas.

Breve biografia:
Vetillo tem 67 anos e nasceu em SP, capital. Na sua infância, Rip Kirby, de Alex Raymond e Tony Corisco, de Frank Robbins foram seus personagens de Seriados e Quadrinhos favoritos. Começou a carreira trabalhando em pequenas agências de propaganda. Seu primeiro trabalho foi uma HQ sobre a independência do Brasil para a Editora Edrel. Nos anos 70 viveu no Canadá e EUA onde cursou Escola de Arte para aprimorar as técnicas de ilustração. Consertava telhados para ganhar dinheiro, mas felizmente nunca caiu de nenhum. Fez ilustrações históricas quando conheceu Ivan Wasth Rodrigues, que trabalhou na Ebal. Entrou na Abril em 1974, desenhando personagens como Urtigão e Peninha. Antes dos Trapalhões desenhou Hanna-Barbera no estúdio Ely Barbosa, destacando-se pelos desenhos de Falcão Azul, Bionicão, e em especial, Jana das Selvas (uma “Tarzã de saia”, publicada no Brasil pela Ebal com o nome original: Rima) que tinha temática ecológica e onde Vetillo podia soltar toda a sua capacidade de desenhar florestas e animais. O período em que desenhou Os Trapalhões foi muito profícuo, desenhou o gibi por três anos. Reformulou os personagens que foram criados por Carlos Cárcamo.

Esbanjava criatividade ao criar perspectivas arrojadas, desenhos estourando os requadros e personagens secundários impagáveis. Mais tarde, a arte-final foi abolida, pois o Ely preferia o traço a lápis espontâneo do desenhista. Sempre caricaturou o pessoal do estúdio nas HQs dos Trapalhões e pode ser considerado o Al Capp brasileiro, pelo traço satírico e caricatural, retratando de maneira super-humorística tipos brasileiros, como o vendedor de picolé, mate gelado, puxador de carroça, engraxate, caipira, executivo, operário, maluco, náufrago, etc. Além do Chet desenhou o gibi Spectreman até o número 32. Em 2002, começou a caricaturar em eventos, festas e Feiras de Livros, quando publicou um excelente livro Aprenda a Desenhar Caricaturas. Em 2005, o Mercado Municipal de São Paulo recebeu sua exposição de caricaturas no mezanino, torre B do Mercado. Durante a exposição, ele fazia uma caricatura de quem adquirisse seu livro com orientações para quem quer iniciar na arte de desenhar pessoas.

Vetillo desenhou para as principais revistas em Quadrinhos de editoras como Edrel, Bloch, RGE, Abril e Vecchi. Ilustrou livros para as principais editoras do Brasil como FTD, Escala Educacional, Cortez, entre outras. Em A Grande Viagem, escrito por seu irmão Walter, Vetillo nos brinda com suas belas aquarelas ao retratar o descobrimento do Brasil. Já em São Paulo, de Colina à Cidade, de Amir Piedade, suas ilustrações bem compostas, mostram o que os primeiros desbravadores encontraram aqui e como a cidade se transformou ao longo do tempo. Os desenhos assumem um estilo mais “teen”, com personagens que se identificam com os leitores. Para quem quiser saber mais sobre a produção do gibi Os Trapalhões, clique aqui e aqui. O meu reencontro com Vetillo foi há uns 4 anos. Minha irmã Betania, que é arte-educadora, o encontrou numa Feira de Livros e Quadrinhos e pegou seu contato.

Logo em seguida, em mais uma dessas coincidências do acaso, sua filha Marcela que é produtora do programa Loucos por Futebol me convidou a ir fazer caricas lá no programa, levei um pacotão pra ele com minhas produções da época. Em janeiro de 2007 nos reencontramos em carne e osso, na Missa de 7º dia do Ely Barbosa, na Capela da Igreja de São Judas Tadeu, em Sampa. Saímos com Gualberto e Daniela pra tomar uma cerveja e falar dos bons tempos de Quadrinhos. E agora, esta visita, realmente, foi um dia pra ficar na história.

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