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Por Matheus Moura 08/10/2009
O 6° FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte em parceria com a Casa 21 surpreendeu. Como mencionado no texto referente ao primeiro dia de evento, houve sinais de falhas para conter a chuva. Porém, ontem (7), quarta-feira, segundo dia do evento, o problema não foi simplesmente a chuva. Mas, sim, a falta de preparo da estrutura e da organização do festival. Por volta das 20h, durante o bate-papo com Canini, eram notáveis os altos estrondos que se ouvia devida às trovoadas do lado de fora. No entanto, ninguém que estava no Teatro João Ceschiatti poderia prever o que ocorria logo ao lado, na área de estandes.
Foi surpreendente. O local estava irreconhecível. Havia cadeiras amontoadas de um lado, livros de outros, correntes cercando o acesso principal aos estandes, pessoas exaltadas corriam de um lado para o outro a fim de melhor organizar suas revistas para não molharem mais durante a madrugada. O clima estava tenso. A chuva que se abateu na cidade não foi qualquer uma. Houve tanta água que praticamente toda a área coberta para o FIQ sofreu. Não houve um estande sequer que não tenha sido atingido por goteiras, ou até mesmo “quedas d’águas”, como disse um dos expositores. Marko Ajdarić, do Neorama dos Quadrinhos, que na ocasião montou uma Mostra Mundial de Quadrinhos, desabafou: “Não dava para imaginar que algo assim iria acontecer no FIQ. Infelizmente agora resta saber se teremos nossos prejuízos ressarcidos, uma vez que a chuva foi implacável e a estrutura local não ajudou”. Para piorar a situação de Marko, em especial, a Mostra Mundial estava montada ao longo do caminho entre a exposição dos 70 anos de Batman e o setor de estandes, bem onde começa a área coberta para o festival, uma espécie de corredor.
Relevando o imperdoável amadorismo da organização, o bate-papo com Canini, por sua vez, foi excelente. Muito sóbrio e lúcido, Canini respondeu todas as perguntas com bom humor e surpreendeu ao demonstrar como sua memória é melhor que a de muitos jovens ao relembrar suas primeiras HQs do Zé Carioca. Lancast e Rodrigo Rosa, que também faziam parte da mesa, ao lado de Canini, praticamente não falaram nada de si, deixando toda a atenção voltada ao homenageado do ano. Na mesa anterior, sobre Quadrinhos Alemães, estiveram presentes Reinhard Kleist e Jens Harder. Ambos comentaram a respeito dos respectivos inícios de carreira e fizeram um panorama geral de suas obras. Infelizmente a organização pecou mais uma vez e não soube lidar com o próprio recurso que ofereceram aos expositores alemães: o laptop para projeção de slides com páginas do trabalho dos artistas. Foi uma vergonha. Somente a terceira pessoa conseguiu resolver o problema. No mais o saldo acabou sendo positivo também nessa mesa. Destaque para o tradutor, que, apesar de não conhecer quadrinhos, foi bastante simpático, ao contrário da tradutora de espanhol que atuou na mesa em que estava Liniers, no primeiro dia. Na Oficina Master com Reinhard Kleist, marcada para as 16h, outra decepção. No momento de se inscrever para a atividade era claro: todos deveram saber desenhar, porém ninguém sequer traçou uma linha nos papéis sobre a mesa. Kleist, na ocasião, se ateve apenas a contar sua biografia e comentar de seu trabalho, num exercício prévio do que viria a ser o papo de mais tarde.
Como mencionado anteriormente, além de todos os problemas ainda há a comunicação deficitária do evento. Na quarta havia na programação oficial a exibição de animações infantis no Cine Humberto Mauro, no interior do Palácio das Artes, mas quando questionada a respeito, a senhora do guichê disse não saber de nada. Durante toda a manhã e tarde, o movimento no FIQ foi intenso e sinalizava melhora considerável perante a abertura. Dava até para projetar visitação recorde, principalmente se ele aumentasse gradativamente com os dias. Agora, depois do “temporal de quarta-feira”, resta saber se haverá medidas eficazes para melhorar a segurança dos estandes. Manter da forma como está já ficou claro que é impossível. A partir de hoje os expositores, visitantes, convidados e organização poderão sentir se essa 6° edição do FIQ terá sucesso ou se será apenas um grande fracasso. (fotos: Matheus Moura) |
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