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Por Matheus Moura 07/10/2009
Toda vez que se repete um evento é inevitável deixar de se fazer comparações. Em 2007, no 5° FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, tanto o local quanto a apresentação geral chamavam bastante atenção. Para quem não se lembra, havia um balão que pairava no ar e anunciava o festival. Ao longe as pessoas o visualizavam e sabiam que ali algo diferente acontecia. Neste ano, os organizadores da 6ª edição do evento (aberta ontem, dia 6 de outubro) parecem não se importarem muito em chamar atenção. Na fachada do Palácio das Artes (local público de Belo Horizonte destinado a eventos deste tipo) há apenas um banner que convida os transeuntes a conferirem à novidade. Nada realmente significativo.
Para quem visitou o evento anterior, a mudança de local - antes na Serraria Souza Pinto – foi tremenda. A começar pelo espaço físico. A Serraria se assemelha a um galpão. Devido a essa estrutura os estandes ficavam todos espalhados em volta das exposições que se encontravam no meio do salão. Ao fundo, em uma sala fechada e separada, estava o local destinado às palestras e bate-papos. Como o Palácio das Artes é um emaranhado de blocos distintos, cada atração do Festival ficou longe uma da outra. Há até mesmo exposições no Parque Municipal, ou seja, tecnicamente fora do Palácio. Para o primeiro dia de FIQ, o saldo foi morno. Houve a solenidade de praxe, marcando a abertura do evento, em que os organizadores, mais o vice-prefeito de BH e outras autoridades estiveram presentes. Destaque para Canini, que estava no local e é um dos homenageados deste ano juntamente com Ciça Fittipaldi (ambos também possuem trabalhos expostos).
Mais tarde houve a primeira mesa de bate-papo com Sávio Leite, Guy Delisle (CAN/FRA) e Lancast, em que foram discutidas, dentre vários assuntos, as diferenças do mercado de animação francês e brasileiro. Destaque para as perguntas da platéia que levantaram temas como animação adulta e a relação da animação e os Quadrinhos. Pouco depois foi a vez da segunda mesa: Humor-gráfico. Nela participaram Cizo (FRA), Felder (FRA), Liniers (ARG) e Duke. Pelo tema da mesa não foi nenhuma surpresa ela ser levada pelos cartunistas com extremo bom humor. Os franceses quase não falavam sério, demonstrando a todo instante a veia descontraída que permeia os trabalhos deles. Liniers não ficou atrás e sempre fazia uma piadinha, apesar de ser mais articulado e conseguir manter melhor a sobriedade. Dentre todos, Duke foi o mais “sério” e chegou até mesmo a intermediar o contato dos presentes com os autores estrangeiros direcionando perguntas antes feita a ele aos convidados. Por sua vez, a platéia se manteve tímida levantando poucas questões. Destaque para a que questionou Duke como é fazer humor gráfico com a tragédia. O autor, no caso, comenta o que o artista deve se ater no momento de criação e completa dizendo que “só rimos do que entendemos”, portanto ele é um exercício intelectual, tanto para o artista quanto para o leitor. E acrescenta: “é legal fazer humor sem ofender”. Outra boa pergunta foi quanto as diferenças do humor entre o Brasil, França e Argentina.
As outras atrações do FIQ, como Sessão de autógrafos do livro O Cortiço, de Rodrigo Rosa e a Sessão de Cinema - Mostra França Infantil, dentre outras, acabaram passando despercebido dos visitantes menos atentos, uma vez que a comunicação visual do evento está deficiente em sinalizar cada atração no espaço do Palácio das Artes. Um aspecto que merece ser comentado e que também toma ares de ponto negativo foi a má preparação para a chuva. A estrutura montada entre os corredores de área aberta do Palácio não foram felizes em conter a água, o que ocasionou grandes poças espalhadas pelo caminho. Alguns estandes também enfrentaram dificuldades por conta da chuva, fazendo com que os expositores remanejassem a todo instante as revista de lugar para evitar que elas se molhassem. |
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