|
Por Eloyr Pacheco 24/04/2009 Em 2007 Alex Mir publicou a revista em quadrinhos Defensores da Pátria, a revista não teve continuidade, mas no final do mesmo ano o quadrinhista lançou a revista mix Tempestade Cerebral, que rapidamente ganhou destaque no cenário independente. De forma consistente, a Tempestade Cerebral, que abriga personagens como Valkíria, Força Mística e Max Power, se mantém no mercado sempre procurando inovar a cada número. Na edição número 3 ela mudou de formato, na 4 veio com múltiplas capas (8, no total) e, agora, Mir anuncia que a 5 trará um mini-pôster. Nesta entrevista concedida por e-mail, Mir comenta sobre sua formação profissional, seus quadrinhos preferidos, a distribuição e as vendas da Tempestade Cerebral e seus projetos editoriais, entre eles, a Defensores da Pátria e a Macabeu.
Como surgiu seu interesse por Histórias em Quadrinhos? Desde os seis anos. Meu pai me comprava os gibis de super-heróis da Abril. Lembro ainda do primeiro: Super-Homem #1. Ainda tem o Super-Homem #1 guardado? Como é a sua coleção? Tenho ela e mais uma que achei a preço de banana em um sebo de São Paulo há anos atrás. Sempre li muito DC Comics. Tenho praticamente tudo que saiu no Brasil desde a Abril. Tenho alguns importados e muito Quadrinho nacional. Fala aí para gente uma raridade que você tem na sua coleção. Tenho nacionais da década de 60. Coisas como o Escorpião, Capitão 7, Judoka, Mylar, Raio Negro, entre outros. Tenho também alguma coisa da Turma Titã da Ebal. Qual seus quadrinhistas preferidos? Dos estrangeiros, gosto de Alan Moore e Grant Morrison. Para citar uma obra de cada um, Watchmen, do [Alan] Moore e Homem Animal, do [Grant] Morrison. O Evangelho do Coiote foi uma das melhores histórias que li na minha vida. Dos nacionais, Wellington Srbek está em primeiro lugar. Vi que era possível fazer Quadrinho nacional de qualidade quando tive o primeiro contato com sua revista, “Solar”, na Bienal do Livro de 1999. Ele foi meu grande incentivador. Você mantém contato com o Srbek? Sim. Hoje trocamos e-mails, revistas, mas só começamos a ter amizade mesmo em 2007, quando do lançamento da Defensores da Pátria. Ele entrou em contato para saber se o personagem Srbek era algum tipo de brincadeira com ele. Esclareci que era uma homenagem a ele e mantemos contato desde então. O Srbek é reconhecido como um grande roteirista. Você tem algum projeto com ele? Até o momento não. Mas já conversamos sobre fazer alguma coisa dos Defensores da Pátria juntos. Mas não saiu dos papos informais. Qual a sua formação? Você trabalha com o quê? Sou formado em Ciência da Computação pela UniABC e trabalho há quinze anos nos Correios. E como você decidiu partir para a área editorial? A necessidade de publicar, de mostrar trabalho. Eu nunca havia editado uma revista antes e isso era um desafio. Infelizmente, no Brasil, não existe editor de Histórias em Quadrinhos em editoras. Editor é quem seleciona histórias, seleciona artistas, diz o que precisa mudar, divide o trabalho, acompanha toda a produção desde a idéia inicial até a impressão e distribuição da revista. Quem faz esse papel hoje são os independentes. Como foi a produção e como você decidiu publicar a Defensores da Pátria? Criei os personagens em 1997. Queria fazer um grupo de super-heróis bem brasileiro. Pensei então em alguns estereótipos regionalistas, que aproveitei para fazer os personagens. O Diógenes deu vida aos personagens com seu traço em 1998. Inicialmente, a história foi dividida em três partes de oito páginas cada. O projeto ficou engavetado até 2006, quando decidi que iria publicá-lo junto com Macabeu, que seria a história principal. Mas Macabeu estava com a Editora Magnum e decidi deixar de lado por enquanto. Defensores passou a ser, então, a história principal. As três partes viraram uma e a publicação ocorreu em fevereiro de 2007. Que tipo de acordo você tem (ou tinha) com a Magnum? Macabeu será publicado? Tinha um contrato com a Magnum no qual eu entregaria três edições prontas da revista e eles me pagariam o valor correspondente e publicariam a revista. Eu entreguei tudo certinho e eles me pagaram, mas não publicaram nada até hoje. Sei que não há mais interesse da editora em publicar qualquer tipo de Quadrinho, mas não consigo entrar em contato com eles para ter a liberação por escrito. Tenho a intenção de publicar, no ano que vem, totalmente redesenhado e reformulado. Quais eram os artistas iniciais de Macabeu? Quem a esta “resedenhando” agora?
Você pode falar um pouco mais sobre do que se trata Macabeu (sem estragar as surpresas, lógico!)? A história de Macabeu é baseada em uma parte do livro homônimo da Bíblia. Ela começa em 1970, quando uma mulher e seus sete filhos são torturados pela ditadura, que deseja saber o paradeiro do chefe da família, um dos líderes do MR-8. Um a um, eles são mortos, exceto o caçula, Lucas, que é enterrado vivo junto dos corpos de seus irmãos. Mais de trinta anos depois, o anjo Gabriel é incumbido de buscar a alma de Lucas e levá-la para o Paraíso, porém, no caminho, ele encontra ninguém menos que Lúcifer! Começa então uma guerra pela alma de uma criança que, segundo as profecias, seria aquele que carregaria o poder dos lendários Macabeus e conduziria ou o Céu ou o Inferno à vitória definitiva.
Que tipo de problema você teve com a Defensores da Pátria? Ainda teremos mais edições desse título?
Porque você mudou o formato da Tempestade Cerebral? Porque o formato americano chama mais a atenção do leitor. E, além disso, a diferença em reais era muito baixa. Valia a pena desembolsar um pouco a mais por um formato maior. E esse investimento num formato que chama mais a atenção do leitor valeu a pena? Sim. O público aprovou e as vendas aumentaram. O mercado independente trabalha com pequenas tiragens. Sei de fanzines que saem com 20 exemplares. Você pode nos dizer qual a tiragem e qual a venda atual da Tempestade Cerebral? Começou com 500 e hoje está com 1000 exemplares. Em qual região a Tempestade Cerebral mais vende? Região sudeste, com São Paulo em primeiro lugar, Minas em segundo e Rio de Janeiro em terceiro. A que menos vende é a região Norte. Mando muitos exemplares para o nordeste também. Como é feita a distribuição da Tempestade Cerebral? A Tempestade Cerebral é uma das revistas distribuídas pelo Quarto Mundo (coletivo de produtores independentes de quadrinhos). Aqui no ABC eu mesmo distribuo nas bancas. A revista tem uma saída boa também pela Internet (orkut, e-mail, loja virtual Bodega, Comix). Como é a sua participação no Quarto Mundo? Sou um dos membros do conselho e responsável pela distribuição na região do ABCD. Quando posso, também participo de alguns eventos na banca do Quarto Mundo. Como uma publicação entra para o Quarto Mundo? Na verdade, quem entra é o autor, que pode colocar o selo do Quarto Mundo em suas publicações assim que começa a participar da lista do grupo. A Tempestade Cerebral ficou famosa por ser flip-flap, isso será mantido nas edições futuras? Não. Nesta quinta edição, não tem mais o flip-flap. Manterei as duas capas ainda, mas a partir da sexta edição, certamente teremos apenas uma. E depois da ousadia de 8 capas na edição especial de aniversário, o que mais podemos esperar de surpresas na Tempestade Cerebral? Na quinta edição, teremos um mini-pôster da Valkíria, feito pelo Alex Genaro. A intenção é de se inserir um pôster a cada edição, mas podemos ter outras surpresas. Qual a sua visão do mercado de Quadrinhos no Brasil? Vejo o Quadrinho independente nacional crescendo a cada dia. O Quarto Mundo é um ótimo exemplo disso. As pessoas estão deixando de esperar as coisas caírem do céu e botando a mão na massa. Temos publicações hoje indo para a oitava edição. O maior problema que os autores enfrentam é em relação à distribuição e divulgação, o que faz com que essas revistas não cheguem ao grande público. Isso dificulta muito. As editoras têm investido em adaptações literárias e obras autorais, mas a coisa ainda é muito tímida e restrita. Não dá pra se apoiar nisso. Quais seus conselhos para um produtor independente que deseje publicar uma revista como a Tempestade Cerebral?
Obrigado, Mir, pela entrevista. Saiba que, no seu gênero (revista mix de super-herói?), considero a Tempestade Cerebral a melhor publicação atualmente em circulação. Parabéns e sucesso!! Eu quem agradeço ao espaço que você está nos concedendo, Eloyr! O papel que você e seus colaboradores desempenham na divulgação do Quadrinho nacional através do Bigorna tem sido importantíssimo para o crescimento da produção independente. Grande abraço e sucesso! O Bigorna.net agradece a Alex Mir pela entrevista concedida por e-mail e finalizada no dia 23 de abril de 2009 |
Quem Somos |
Publicidade |
Fale Conosco
|