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Por Ruy Jobim Neto 20/04/2009
A atriz Amanda Banffy, a Suzie do O projeto, que é produção da ASC Audiovisual e ganhou o edital Primeiras Obras, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e tem co-patrocínio da Prefeitura de São Paulo, foi criado pelo cineasta Alexandre Carvalho (diretor de curtas e videoclipes, entre eles o premiado documentário Portas da Cidade, de 2004, em 35mm). Fluidos é sua estréia na direção de longa-metragem de ficção. Para começar os trabalhos do primeiro filme ao vivo, haverá um ensaio aberto, no dia 25 de abril (sábado, às 14h) no Centro Cultural da Juventude, e estreará na Virada Cultural, no dia 03/05 (domingo, às 14h - a programação completa está no final da matéria). Para isso, o elenco e a equipe trabalharam a pontos de ensaiar no feriado de Páscoa, todos os dias. Tudo tem que estar a postos. Como o próprio release do material indica – “o escancaramento do processo” – um cinema explícito (no sentido de que toda a estrutura estará exposta). E ao vivo. Desta forma, começou a chamar a atenção da mídia (valeu uma matéria no blog do escritor Marcelo Rubens Paiva no portal do Estadão e ainda terá participação na Virada Cultural paulistana, em maio). Os personagens, os atores, a platéia, o equipamento, tudo coligado ao vivo, na mais absoluta instantaneidade. O cinema no momento em que ele acontece. Em diversas locações, atores encenam a história captada por câmeras que, ao vivo, transmitem para a edição em tempo real e a projeção simultânea na sala de cinema. Entre os personagens de Fluidos estão um casal que se torna escravo de seus próprios fetiches (Chico e Suzie, personagens de Laerte Késsimos e Amanda Banffy, aqui os dois, num vídeo promocional do filme), um garoto que expõe sua vida num programa de televisão sensacionalista (papéis de Gus Stevaux e de Tatiana Eivazian, que faz uma repórter de TV), além da história de uma mulher que encontra o seu marido unicamente pela Internet (nesta cena estão as atrizes Silvia Pecegueiro e Tânia Granussi). O belíssimo cartaz de Fluidos foi criado por Laerte Késsimos, ator e diretor que tem se envolvido enormemente com a produção curtametragista.
Os relacionamentos e seu cotidiano. Em comum a todos, a dependência pela imagem sintética e a instabilidade de um presente fugaz, temas extremamente urbanos, pertinentes, contemporâneos e, por que não dizer, paulistanos. Como escreve a atriz Amanda Banffy em seu blog, Ser Para Si, trata-se de “três histórias sobre a sexualidade nos dias de hoje e a interferência da imagem virtual nas relações humanas”. Fluidos teve um roteiro escrito de forma colaborativa, com pesquisas feitas em diversos pontos da cidade, para que os plots (as historinhas básicas) mais interessantes pudessem participar do filme. O cotidiano das pessoas tornou-se a matéria-prima do roteiro. A partir daí, foram criados os personagens que, ao contracenarem ao vivo, estarão sujeitos ao imponderável da situação. O interessante é que o roteiro se coloca em permanente movimento, adaptando-se a cada novo local de apresentação. A tecnologia ao vivo é que faz a inteira diferença. E que dá a vida a essa idéia. Para isso, a linguagem do cotidiano que foi escolhida a dedo só podia ser a do plano-sequência (aquele, que Alfred Hitchcock provou ser possível fazer no Cinema, e recriou no filme Festim Diabólico, com James Stewart), com ampla movimentação, na intenção de captar exatamente o fluir irrequieto e fugidio contemporâneo. O aqui e agora, ao vivo. Daí, o roteiro lança mão do naturalismo – na linguagem e na estética de Fluidos, uma vez que a idéia é a captação do real, tal como ele é e se apresenta.
A arte cinematográfica, assim, invade o bairro ao vivo, transformando tudo em uma coisa só, causando a verdadeira inclusão cultural, na acepção do termo. Daí a organicidade que se pretende buscar com Fluidos, interferindo e improvisando ao vivo, ao sabor do que estiver acontecendo, potencializando a ilusão entre obra e espectadores. Desta forma, para a composição de imagens de Fluidos, elementos de arte, fotografia e os diversos sons da cidade serão buscados nas próprias locações. Os transeuntes serão, por assim dizer, figurantes naturais dessa narrativa “real”. No cardápio dos personagens, a vida em suspensão, a incomunicabilidade (tema tão recorrente nas obras atuais), e tudo estará desenhado a partir das histórias, na decupagem e – o mais interessante – estarão sempre sujeitas a alterações e interrupções do fluxo narrativo. E exatamente como no cinematográfico cartaz criado por Laerte Késsimos, a primeira experiência de cinema ao vivo busca a textura diferenciada do presente, imperfeita, quase em pixels. O que denota a velocidade da imagem digital, simulada e vazia. Um retrato contemporâneo, se olharmos no espelho. Em suma, equipe e elenco estão se divertindo à beça. Mais informações sobre Fluidos, no site (onde estão postados Vídeos de ensaios e outras informações atualizadas durante o processo), pelo e-mail: alecarvalho@gmail.com e pelo telefone (11) 9441-8087. Serviço |
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