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Cena de Séraphine, o grande vencedor do César 2009 |
O
César, como é conhecido o “
Oscar” francês, teve a sua 34ª Cerimônia de entrega realizada sexta-feira, 27 de fevereiro, no
Théâtre Châtelet, em Paris. O filme vencedor da noite foi o longa-metragem
Séraphine, dirigido por Martin Provost. O filme favorito da noite era
Mesrine (com dez indicações, ficou com três
César). Já
Valsa com Bashir (de Israel) ficou com o
César de
Melhor Filme Estrangeiro. O filme do diretor e escritor Laurent Cantet,
Entre os Muros da Escola, que foi
Palma de Ouro no
Festival de Cannes, em 2008, ficou com o
César de
Melhor Roteiro Adaptado.
As sete categorias em que
Séraphine venceu foram:
Melhor Filme, Melhor Atriz (para Yolande Moreau),
Melhor Roteiro Original, Melhor Música, Melhor Direção de Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino.
Mesrine venceu nas categorias de
Melhor Diretor (Jean-François Richet),
Melhor Ator (para Vincent Cassel) e
Melhor Som. Cassel, que é marido da atriz italiana Monica Bellucci, derrotou nomes de peso no Cinema francês como Jacques Gamblin, Albert Dupontel, François-Xavier Damaison e Guillaume Depardieu, filho do ator Gerard Depardieu, que morreu em outubro de 2008. O personagem de Vincent Cassel em
Mesrine é o de um assassino contrabandista, uma espécie de Lúcio Flávio francês, que se tornou inimigo público numero 1 da França nos anos 70.
A Imprensa francesa dá como justa a vitória da animação israelense
Valsa com Bashir, uma vez que foi preterida em alguns festivais e mesmo no
Oscar. Trata-se de um libelo contra a guerra no Oriente Médio, sob direção de Ari Folman. O francês Serge Lalou é o co-produtor do filme. Já o animador Folman retorna a seu País, Israel, com novo projeto na gaveta – uma ficção científica. Pelas imagens de
Valsa com Bashir, dá realmente pra imaginar um belo e novo material vindo por aí. Eis a lista dos vencedores do
César 2009:
Melhor filme francês
Séraphine, de Martin Provost
Comentário: o filme vencedor do
César 2009 fala se passa em 1914, no início da I Guerra Mundial, e fala sobre Wilhelm Uhde, um colecionador de arte que aluga uma casa 40 km distante de Paris para poder escrever à vontade. A governanta, chamada Séraphine, é uma mulher de seus 40 e poucos anos, e um dia Uhde descobre que ela é uma pintora extraordinária.
Melhor diretorJean-François Richet por
Mesrine
Comentário: o diretor parisiense Jean-François Richet tem experiência com filmes de ação, tem trabalhado nos últimos anos com Vincent Cassel em dois longas sobre Jacques Mesrine, mas já chegou a dirigir produção internacional em outra ocasião, no filme
Assalt on Precinct 13, de 2005, que tinha Ethan Hawke, Laurence Fishburne, Maria Bello, John Leguizamo, Brian Dennehy e Gabriel Byrne no elenco.
Melhor atriz
Yolande Moreau por Séraphine
Comentário: a atriz belga que tirou o César 2009 das mãos de Kristin Scott-Thomas trabalhou em muitos filmes, entre eles Paris, je t'aime, no episódio Torre Eiffel, em 2006.
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Vincent Cassel, Melhor Ator por Mesrine |
Melhor atorVincent Cassel por Mesrine
Comentário: Vincent Cassel tem por mérito, além de atuar neste drama sobre Jacques Mesrine - uma espécie de Lúcio Flávio francês -, de ser marido da atriz italiana Monica Bellucci, com quem já contracenou várias vezes. No elenco de
Mesrine (que tem por subtítulo
O Inimigo Público Nº 1, pois já existe um filme francês homônimo, rodado na década de 90), Cassel contracena com Ludvine Sagnier (de
A Piscina) e Matheiu Amalric (de
Quantum of Solace e
O Escafandro e a Borboleta).
Melhor atriz coadjuvante
Elsa Zylberstein por Il y a Longtemps que Je t'aime
Comentário: a atriz Elsa Zylberstein já contracenou com Andy Garcia em Modigliani (de 2004) e fez parte do belo filme A Pequena Jerusalém (de 2005, que estreou no Brasil). Aqui, ela contracena com Kristin Scott-Thomas, que não venceu o César 2009 de Melhor Atriz.
Melhor ator coadjuvante
Jean-Paul Roussillon por Un Conte de Noël
Comentário: o francês Roussillon já trabalhou inclusive como voice-over num filme de animação do cineasta Jean-François Laguionie, em 2004. Laguionie foi o autor do longa metragem O Castelo dos Macacos (Le Chateau des Singes), de 1999.
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Déborah François |
Melhor jovem atriz
Déborah François por Le Premier Jour du Reste de ta Vie
Comentário: a loirinha Déborah François é petite, uma graça, e neste filme dirigido por Rémi Bezançon, ela faz o papel de Fleur. O filme fala sobre cinco dias na vida de uma mesma família. Déborah também já foi dirigida pelos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne no famoso L'Enfant (A Criança), de 2005.
Melhor jovem ator
Marc-Antoine Grondin por Le Premier Jour du Reste de ta Vie
Comentário: Grondin, que é canadense, está chegando em breve nas telas brasileiras no filme premiado de Steven Soderbergh, Che - Parte II.
Melhor filme estrangeiro
Valsa com Bashir, de Ari Folman
Comentário: o longa israelense Valsa com Bashir foi indicado a Melhor Filme Estrangeiro em Cannes, no BAFTA e ao Oscar 2009. Venceu recentemente o Globo de Ouro 2009 de Melhor Filme Estrangeiro.
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Valsa com Bashir, animação vencedora como Melhor filme estrangeiro |
Melhor roteiro original
Marc Abdelnour, Martin Provost por Séraphine
Comentário: Martin Provost é basicamente ator, mas já dirigiu e roteirizou quatro filmes desde a década de 90, entre eles Séraphine. Marc Abdelnour, por sua vez, é roteirista que colaborou no filme Le Ventre de Julliette, dirigido por Provost em 2003.
Melhor roteiro adaptado
Laurent Cantet, François Begaudeau, Robin Campillo por Entre os Muros da Escola
Comentário: Laurent Cantet adaptou, junto com o professor François Begaudeau (também autor do livro original e ator que faz o professor do filme Entre os Muros da Escola, que em breve estréia no Brasil), o universo seco, nada sentimentalóide, mas pleno de emoções de uma escola nos subúrbios de Paris, as relações difíceis e complicadas entre professores e alunos, e jovens que convivem com a violência e têm como base cultural o rap.
Melhor música
Michael Galasso por Séraphine
Comentário: a trajetória do compositor americano Michael Galasso é deveras interessante, pois ele vem trabalhando para filmes em todas as partes do mundo, o que o diferencia substancialmente de seus colegas conterrâneos.
Melhor curta
Les Miettes de Pierre Pinaud
Comentário: esse filme de 30 minutos, do realizador Pierre Pinaud fala sobre um trabalhador e uma usina próxima da localidade onde ele mora, é uma produção de 2008, mas que teve sua primeira exibição no Festival de Clermont-Ferrand, onde também foi premiado. Tem mistura de ação ao vivo com animação 2D e 3D.
Melhor fotografia
Laurent Brunet por Séraphine
Comentário: o diretor de fotografia Laurent Brunet foi quem rodou Free Zone, do diretor israelense Amos Gitai, um filme que começa com um plano de Natalie Portman, de perfil, chorando durante seis minutos, enquanto o Muro das Lamentações, em Jerusalém, aparece desfocado, do lado de fora do automóvel. Era um filme em que Brunet também foi o operador de steady-cam para melhor captar o road-movie de Amos Gitai.
Melhor cenário
Thierry François por Séraphine
Comentário: o diretor de arte Thierry François trabalhou para filmes como Jefferson em Paris, do cineasta James Ivory, bem como no drama Molière, rodado em 1978 pela diretora teatral Ariane Mnouchkine, do Théâtre de Soleil.
Melhor som
Jean Minondo, Gérard Hardy, Alexandre Widmer, Loïc Prian, François Groult e Hervé Buirette por Mesrine
Comentário: pelas imagens de Mesrine, o motivo do César de Melhor Som é mesmo a história do bandido Jacques Mesrine, repleta de ação, tiros e perseguições.
Melhor figurino
Madeline Fontaine por Séraphine
Comentário: Madeline já trabalhou para filmes como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e Asterix nos Jogos Olímpicos.
Melhor montagem
Sophie Reine por Le Premier Jour du Reste de ta Vie
Comentário: no cinema francês, a montadora Sophie Reine tem trabalhado tanto em imagem quanto na edição sonora de vários longas-metragens, tendo trabalhado em diversos filmes para diretores como Rémi Bezançon e David Charhon, que não são conhecidos no Brasil.
Melhor documentário
Les Plages d'Agnès de Agnès Varda
Comentário: a cineasta e roteirista belga Agnès Varda é viúva do diretor Jacques Demy (o mesmo de Os Guarda-Chuvas do Amor) e neste documentário ela mostra sua vida com o cineasta, seus filmes e suas idéias, numa ordem não muito cronológica mas muito bem humorada.