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Entrevista: Francinildo Sena
Por Eloyr Pacheco
16/01/2009

Francinildo Sena já concedeu uma entrevista para o Bigorna.net (leia aqui), mas, depois do falecimento de Mark Novoselic, um dos maiores colaboradores na produção das HQs do Crânio, e do cancelamento do fanzine do Crânio e uma nova revista ser lançada pelo selo NHQ, de Adriano Gon, chegou a hora de falarmos novamente com ele. Neste bate-papo realizado por e-mail, entre outros assuntos, Sena fala sobre sua saúde, distribuição de publicações independentes e a nova revista do Crânio, um dos personagens clássicos da HQB.

Como está sendo sua expectativa para a nova revista do Crânio pela NHQ?

Estou muito otimista. O Crânio já é bem conhecido no meio Independente. O fanzine que editei até o número 18 sempre teve uma receptividade boa e acredito que agora com uma revista impressa em off-set terá um desempenho ainda melhor.

Você acredita que uma melhor qualidade de impressão influenciará diretamente no aumento de vendas da revista?

Sim, penso que a qualidade de impressão pode despertar o interesse de alguns que ainda torcem o nariz para fanzines em xerox.

Deve ter sido muito difícil para você cancelar a publicação, não é mesmo?

Sim, pois todos que acompanhavam o fanzine me pediram para não cancelar. Eu não tinha outra opção. Problemas de saúde me forçaram a tomar essa decisão.

E agora você já está bem de saúde?

Continuo com problemas de saúde, mas, graças a Deus, tenho tido melhoras.

Os pedidos para não cancelar foram muitos? Quantos leitores cativos você tinha com o fanzine?

Crânio tinha uma saída entre 50 e 60 exemplares por edição. Não é uma tiragem expressiva, mas, para um fanzine já é considerado muito boa. Praticamente todos que acompanhavam o fanzine me pediram para dar continuidade. Felizmente poderão continuar acompanhando o CRÂNIO na revista da NHQ.

Num mercado tão instável como o nosso, muito vulnerável às instabilidades financeiras, é muito difícil manter uma publicação independente. O que você diz disso?

A principal dificuldade é fazer com que a revista chegue ao leitor. Sem uma distribuição em bancas as revistas independentes ficam restritas praticamente aos sites na Internet.

Mas, para ir para as bancas não seria necessário uma tiragem muito grande? Eu particularmente acho que a tiragem por demanda é o melhor caminho para os independentes. E você?

Sim, sem dúvida, mas precisaria também de um investimento maior que sem patrocínio é muito difícil para quem produz de forma independente.

E o que está sendo pensado para melhorar a distribuição e atingir mais leitores?

Não sei como o Gon, da NHQ, fará para atingir mais leitores. De minha parte estou fazendo o que posso divulgando incessantemente através de cartas, e-mails e no orkut.

O quanto você acha a Internet importante na divulgação de uma publicação independente?

Hoje a Internet é, sem dúvida, o maior meio de divulgação para nós que produzimos de forma independente. Sua importância é muito grande.

Falando em Internet: o que você acha dos WebComics?

É também outro meio muito importante para divulgação de nossas produções.

Você acha os WebComics também um meio de divulgação de Quadrinhos e não uma forma de Quadrinhos?

Considero como sendo as duas coisas.
 
Na sua primeira entrevista ao Bigorna.net você já mencionava o Novoselic como destaque na trajetória do Crânio. Como está sendo superar a perda dele?

Me entristece sempre falar do Novoselic. Ele foi, sem dúvida, o mais importante desenhista do Crânio. Esteve comigo nas quatro edições da revista Brado Retumbante e começou o fanzine do Crânio junto comigo. Nos falávamos praticamente toda semana. Ele sempre tinha idéias para HQs do Crânio. Era um grande amigo. Um irmão que ficará sempre em minha memória.

E com qual desenhista você está contando agora para manter a produção de novas HQs do Crânio?

Antes da morte do Novoselic já tinha outros amigos desenhando para mim e continuam produzindo novas HQs.

E quais são estes desenhistas?

No momento estou contando com a colaboração dos Amigos LUGA, Paulo Sbragi, Michael Jones, Antonieto Pereira, Dennis Rodrigo, Toni Nery, Jardel Coelho e Heraldo Wilson. Peço desculpas se esqueci o nome de algum.

Embora ainda iniciante, quase em nenhuma experiência, o Beto Xavier, que desenhou o encontro do Crânio com o Escorpião de Prata, que será publicado na Crânio #2, mostra muito potencial. O que você acha dele?

Como você mesmo disse. Ele tem potencial e acredito que se continuar vai melhorar ainda mais o seu traço. Quero ver mais HQs na arte dele.

Nós também comentamos na primeira entrevista sobre o encontro do Cometa com o Crânio, mas na época a revista não havia saído ainda. Agora que ela já circulou o que você comenta a respeito?

A HQ ficou muito boa na minha opinião. Seria desenhada pelo Novoselic, mas foi desenhada pelo Heraldo Wilson. Publiquei recentemente na última edição de Crânio (a #18) que talvez devido ao meu anúncio do cancelamento não teve uma saída como as outras edições. Vou conversar com o Gon, da NHQ, para ver a possibilidade de republicá-la na revista do Crânio.

Eu estou me referindo ao encontro publicado na revista Cometa #7, com roteiro do Nando Alves e arte do Samicler Gonçalves.

Pensei que você se referia a HQ Crânio & Cometa publicada recentemente no fanzine Crânio #18. O encontro do Crânio com o Cometa e o Lagarto Negro na revista Cometa #7 foi muito bom a título de divulgação. O roteiro do Nando Alves ficou bem legal, mas o tema abordado não ajudou a encaixar o Crânio muito bem na história e acho que por isso a participação dele nessa HQ não foi de muito destaque.

Você comentou isso com o Samicler Gonçalves? O que ele disse sobre isso?

No início do projeto para o crossover, escrevi um roteiro e enviei para o Samicler, mas como ele queria o Lagarto Negro na história optou pelo do Nando. Como já comentei, o roteiro que escrevi acabou sendo desenhado pelo Heraldo Wilson e publicado na Crânio #18.

Como você vê o movimento Quarto Mundo?

Não conheço muito bem o grupo e nãos sei como funciona, mas, pelo que vejo em sites e revistas, foi uma idéia que está dando certo.

Quais títulos independentes você acompanha no momento?

O Cometa, Tempestade Cerebral e sempre que sai alguma coisa da Velta.

Sei que é difícil escolher um, mas qual título você mais gosta?

Prefiro não escolher um. Cada publicação é feita com muito esforço e dedicação e seria injustiça fazer comparações. Gosto de todas e parabenizo os autores por continuarem firme.

Quais seus planos editoriais para 2009?

Sem grandes planos com exceção de algumas edições em fanzines que pretendo lançar. Tudo vai depender do desempenho da revista do Crânio pela NHQ.

Obrigado pela entrevista, Francinildo. Parabéns pela sua persistência com o Crânio, um exemplo para todos os produtores independentes.

Eu é que agradeço por este espaço tão importante que você nos dá para levar ao conhecimento do público o nosso trabalho feito com muito esforço, dedicação e principalmente paixão pelos Quadrinhos.

O Bigorna.net agradece a Francinildo Sena pela entrevista, realizado por e-mail e finalizada no dia 31 de dezembro de 2008.

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