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Por Eloyr Pacheco 12/12/2008 Esta é a segunda entrevista de Sergio Chaves para o Bigorna.net (a primeira você pode conferir aqui). De lá para cá ele lançou mais uma publicação, a Café Espacial, que tem recebido muitos elogios e levou o Troféu Bigorna 2008 como Melhor Publicação Independente. Neste bate-papo, Sergio Chaves comenta sobre sua produção, sua incansável busca pelo melhor, e o novo fôlego que o Quadrinho Nacional ganha com um movimento que, pelo visto, veio para ficar: o Quarto Mundo. Você esperava tamanha aceitação da Café Espacial? De certa forma, sim, porque trabalhamos (e estamos trabalhando) bastante para isso. A Café Espacial teve uma aceitação relativamente rápida, logo com a número #1 tivemos um impacto muito importante e positivo, perpetuando nas edições seguintes. Hoje, com um ano de existência e chegando a nossa terceira edição, continuamos cada vez mais motivados. Mas nosso plano é ampliar ainda mais, ainda temos muito pela frente. Qual é a tiragem atual, e como está sendo feita a distribuição da Café Espacial? A tiragem da Café Espacial é de 1.000 exemplares, e a distribuição é feita principalmente através do Quarto Mundo, entre nossos contatos espalhados pelo Brasil afora. O Quarto Mundo possui um trabalho até então inédito no país, ainda em fase de crescimento, mas que já colhe frutos significativos. Através dele nossa revista atinge rapidamente outros estados, indo direto ao público-leitor – o que não ocorreria facilmente se dependêssemos do “sistema de distribuição” já existente no mercado de editorial. Todo o sucesso de crítica resultou em mais vendas da Café Espacial? Sim, a procura tem sido cada vez maior com a aceitação da crítica. Com ela, fortalecemos o nosso nome, ganhamos um maior interesse do público-leitor e, conseqüentemente, maior responsabilidade. Infelizmente com o sucesso da crítica ainda não conseguimos fechar parcerias que viabilizem o nosso trabalho, seja através de patrocínios ou anúncios (principalmente que não afetem nossa autonomia), mas continuamos seguindo adiante com o nosso trabalho, na medida do possível. O que você acha que falta para ter anunciantes em revistas independentes como a Café Espacial? De modo geral, falta visão empresarial e persistência por parte dos próprios editores independentes. No nosso caso, acredito que será questão de tempo; logo concretizaremos alguma parceria que reconheça o potencial de divulgação/repercussão de nossa revista. Anúncio em revistas é algo totalmente viável e de baixo investimento para as empresas – o tempo de exposição da mensagem é muito maior e o impacto do anúncio é potencializado, porque é visto diversas vezes, otimizando a verba investida. Mas a nossa maior dificuldade é que não temos alguém encarregado para correr atrás de possíveis patrocínios, que possa se concentrar e buscar resultados mais expressivos rapidamente. A venda pelo correio é significativa? Sim, não só significativa, mas diria que essencial, mesmo. Apesar do monopólio dos Correios, ainda é um caminho fundamental para abranger outras localidades além dos nossos pontos de venda, inclusive outros países. Das três edições que lançou até aqui, qual o agradou mais? Por quê? Cada edição é o registro de um momento, um aprendizado para mim mesmo, e sinceramente não há distinção para mim. Claro, a última edição sempre traz o nosso trabalho mais apurado, mais experiente. Mas sempre quando finalizo uma edição, não vejo a hora de começar a trabalhar na próxima, pra realizar um trabalho melhor. E o que podemos esperar de mudanças na Café Espacial #4? Já temos materiais possivelmente para a nossa #4 e até mesmo comecei a pensar melhor nela, mas ainda é cedo para definir como será a edição em si. O que posso adiantar é que teremos novos colaboradores, Quadrinhos autorais na mesma proposta já iniciada e a intenção de apresentar um trabalho melhor do que já produzimos até agora. Eu acho ótimos os projetos editorial e gráfico da Café Espacial, mas acho que a revista ganharia muito em visibilidade no formato 21 x 28 cm, isso poderia até motivar mais as empresas para anunciarem. Você pensa em mudar o formato da revista? Sinceramente, não. É certo que darei início a novos projetos editoriais em outros formatos para o próximo ano, mas o formato escolhido para a Café Espacial foi bem definido e programado, e pretendo prosseguir com essa mesma idéia – não só porque é economicamente viável, mas também por fidelidade ao formato já existente. É provável que em 2009 lancemos também uma ou outra “edição extra” da Café Espacial, em formato e conteúdo diferenciado, mas são idéias que ainda precisamos amadurecer. Você desistiu do Efeito Dominó? Afinal, o que aconteceu com esta publicação? Infelizmente fui obrigado a adiar esse projeto. O fanzine Efeito Dominó estava planejado pra ser fechado em cinco, no máximo seis partes, num "rodízio" de amigos desenhistas. Entretanto, a terceira parte sofreu um atraso grandioso por parte do desenhista responsável, o que fez com que desandasse as etapas seguintes, que já estavam engatilhados. Por se tratar de um trabalho curto, que era pra ser dinâmico, enxuto, perdemos a mão da narrativa, e resolvi abandonar temporariamente esse projeto nos fanzines. Mas essa experiência me serviu bastante como aprendizado. Pretendo retomar a história para uma HQ mais aprofundada nas personagens, fechando o arco com um só desenhista, provavelmente para o segundo semestre de 2009. E o Justiça Eterna, a quantas anda? Continuo em atividade com o fanzine, que em 2009 completará 10 anos. Infelizmente, com a produção da revista Café Espacial o fanzine Justiça Eterna sofreu um certo desconcerto neste ano, já que a edição #27 (entrevista com Omar Viñole) foi lançada em julho, e a #28 (que trará entrevista com o quadrinhista Will) sairá neste mês de dezembro. Ao contrário do que alguns gostariam, não pretendo transformá-lo em revista. O Justiça Eterna continuará como fanzine, com a mesma proposta e esquema de sempre. Eu também acho que a proposta do Justiça Eterna é perfeita! Não mexa em nada, deixe como está, até porque um fanzine tem mesmo que ter esta alma... Sim, hoje a prioridade é a revista Café Espacial – que exige não só um maior investimento, mas também atenção e dedicação – mas o Justiça Eterna continuará na ativa, mesmo que sua periodicidade sofra uma distância maior entre cada edição. Mas não pretendo parar, pois o prazer de produzir fanzines foi e continua sendo uma experiência importantíssima para o meu trabalho. Quais são seus projetos no momento? Meu plano é, além de conquistar mais leitores e elevar o nível de qualidade dos nossos trabalhos, criar novos trabalhos na linha editorial, sempre em busca de aperfeiçoamento. Tenho planos de novos trabalhos, tanto em roteiros quanto em editoração, mas ainda nada concreto. E dar seqüência no projeto da Café Espacial, ampliando na medida do possível. Auto-edição exige muito do bolso, e certos planos aguardarão um momento melhor para serem viáveis. As idéias são muitas... se conseguirmos concretizar 30% de todos nossos planos, muita coisa boa virá em 2009. Obrigado pela entrevista, Sérgio. E parabéns pelo excelente trabalho que você vem realizando. O Bigorna.net agradece a Sergio Chaves pela entrevista concedida por e-mail e finalizada no dia 9 de dezembro de 2008 |
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