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Por Eloyr Pacheco 28/11/2008 Caio Majado é ilustrador e quadrinhista. Leciona ilustração na ABRA onde também é um dos coordenadores do NQA! – Núcleo de Quadrinhos ABRA. Lançou recentemente a publicação independente Conseqüências, que está tendo ótima aceitação. Antes disso, ilustrou junto com Will a HQ A Mosca no Copo de Vidro, roteirizada por mim. Além de ser ótimo profissional, Caio é um cara “gente boa” e aqui, nesta entrevista, ele comenta sobre sua carreira, seus projetos e trabalhos. Essa é de praxe: Como surgiu seu interesse por Quadrinhos? Eu desenho desde pequeno, acredito, como a maioria dos desenhistas. A princípio, minha mãe comprava muitos Quadrinhos da turma da Mônica, foi amor a primeira vista! Desde que li Turma da Mônica, quis ser desenhista da Mauricio de Sousa Produções. Um certo dia vi na banca uma revista que se chamava Pequeno Ninja, tinha um traço bem infantil, parecido com a Mônica, mas com uma “pegada” mais dinâmica. As histórias eram recheadas de aventuras, daí para os comics foi um pulo! Depois que comecei a “conhecer” os Quadrinhos comecei a gostar muito de HQs de ação e aventura. Os traços estilizados fazem meus olhos brilhar, meus desenhistas preferidos são: os mexicanos Humberto Ramos e Francisco Herrera, o argentino Carlos Meglia (falecido este ano, infelizmente), os americanos Mike Mignola, Scott Yong, Sean Galloway, Joe Madureira, Jason Person, Damion Scott e Chris Bachallo, os brasileiros Roger Cruz, Marcelo Campos, Gabriel Bá e Rafael Albuquerque, o espanhol Enrique Fernandes, dentre outros quinhentos! Os escritores, gosto dos que contam uma boa história, como o Alan Moore, Robert Kirkman, o próprio Mike Mignola e ultimamente estou viciado em Bill Watterson, este é genial! Nossa só tem fera aí, hein?! Diz aí uma HQ que te marcou. Body Bags do Jason Person! Aquilo é tudo o que gostaria de fazer! Saiu no Brasil pela Mythos, não é mesmo? Isso, em duas edições e depois em um formato encadernado, que é o meu! Qual obra do Alan Moore você mais gosta? Sem querer influenciá-lo, mas eu editei dele o Monstro do Pântano que é simplesmente genial! Confesso que não li o Monstro do Pântano, o que gostei bastante foi da Liga Extraordinária... li e achei fantástico, depois comecei a ler alguns livros da época da Liga que saiu em banca, como Alan Poe, Robert Louis Stevenson, Bram Stoker, H.G. Wells, Julio Verne, entre outros e comecei a perceber que tinha uma gama de referências impressionantes. Voltei a ler a Liga e ficou muito melhor. Quando li a Liga dois, achei que não seria tão bom quanto o primeiro... como estava enganado. Você trabalhou no Yes Cabrita com o André Freitas? Como foi esta experiência? Bom, você me deixou bem curioso agora, quero ler. Quanto ao Yes Cabrita Estúdio, foi uma das maiores experiências da minha vida profissional! Começamos em três: Eu, Ronaldo Barata e o André Freitas. No começo não sabia fazer absolutamente nada, sabia apenas desenhar na prancheta, e lá aprendi a trabalhar no computador, fechar arquivos, negociar com clientes, etc. Enfim, minha verdadeira formação profissional! Conheci muita gente nesta época! Foi muito legal! E a sua formação acadêmica, qual é? Sou formado em Desenho Industrial com habilitação em programação visual. Hoje você dá aulas na ABRA. Como você vê o mercado para a formação de novos profissionais de ilustração? A ABRA é uma ótima escola e fui contratado para enriquecer ainda mais o ótimo nível que tem na área de ilustrações. Tenho alunos fantásticos, mas poucos que pretendem trabalhar realmente na área, mas fico muito feliz, quando vejo alguém que conseguiu pegar um trabalho, ou que mudou a opinião sobre a profissão, tenho certeza que muitos alunos meus estarão no mercado em breve! A própria ABRA patrocinou o Conseqüências. Como foi produzir essa revista? Na verdade, fiz a HQ Conseqüências, inicialmente, para a Front Ódio, número 18. Nesta edição fiz os desenhos para uma história do André Freitas que acabou entrando e também fiz a Conseqüências que acabou de fora. Quando fui contratado pela ABRA há quase dois anos, apresentei o projeto, como já tinha intenção de publicá-la de forma independente, apresentei o projeto pronto. Negociamos durante um ano, entre cotações, contratos e correções até chegarmos ao produto final que foi lançado em agosto, junto ao NQA! (Núcleo de Quadrinhos da ABRA!). Você é um dos criadores do NQA? Fale um pouco mais sobre o Núcleo de Quadrinhos da ABRA, como ele funciona? O Núcleo de Quadrinhos da ABRA já existia a um bom tempo e foi criado por dois professores da ABRA: Luis Lentini e Marcelo DiChiara. Quando fui contratado pela escola, o Marcelo não dava mais aula e estava produzindo material para os Estados Unidos através da Art & Comics. Com a saída dele o núcleo ficou parado até fechar. Eu, junto do professor Mário Mancuso, resolvemos reativar as atividades e recomeçamos em agosto deste ano com força total. Lançamos a HQ Conseqüências, criamos uma exposição em duas unidades com sketches originais de vinte artistas do mercado nacional e iniciamos a “1ª Semana de Quadrinhos ABRA” com palestras durante a semana toda com profissionais das áreas de Quadrinhos e ilustração. Em outubro do ano que vem, esperamos lançar um álbum de luxo com trabalhos de nossos alunos, sempre lembrando que todo material será analisado cuidadosamente entrando apenas conteúdo de altíssimo nível! A intenção do núcleo é funcionar como uma editora independente, mostrando para o aluno o funcionamento do mercado, criando um profissional totalmente preparado! Como está sendo a aceitação do Conseqüências? Até agora tem recebido boa recepção do público. Por enquanto não recebi nenhuma critica ruim. A vendagem pelo Quarto Mundo está indo muito bem e graças a ela recebi muitos convites de trabalhos e projetos! Legal, um verdadeiro cartão de visitas! Pode comentar algum destes projetos? Atualmente estou produzindo páginas de Quadrinhos com o roteirista Alex Mir. Como o contato é todo dele, não tenho certeza da revista, editoras e tudo mais. Posso adiantar que a equipe de criação é Alex Mir nos roteiros, eu no lápis e o Omar Viñole na arte-final e cores! Outro projeto que estou fazendo é um álbum para concorrer em um edital do mercado europeu junto de meu grande amigo Ronaldo Barata. O roteiro é dele e os conceitos de personagens são meus. As páginas são divididas por capítulos, sendo ele os impares e eu os pares. Logo postarei as páginas no meu blog. A experiência na produção de A Mosca no Copo de Vidro foi muito legal para mim. Eu curti muito escrever aquela história e acompanhar o desenvolvimento das páginas. Como foi para você desenhá-la? Foi muito boa, uma experiência excelente. Na época nunca tinha feito uma história do tipo terror e suspense, aceitei a história pelo desafio, pois o roteiro era magnífico. Marcou um ponto em minha vida, pois foi à época que conheci meu grande amigo Will. Se fosse hoje, mudaria muitas coisas do meu desenho, mas também sei que foi importante para minha evolução, graças a este projeto, hoje trabalho com muito mais preto em meus projetos e é claro, ser reconhecido com um HQ Mix, só me incitou a trabalhar muito mais. Por isso, muito obrigado a você, pelo convite, foi uma honra! Eu é que agradeço a você e ao Will por terem dado corpo à minha história! Acho que nós é que devemos agradecer a confiança. Logo cobrarei o roteiro do segundo número (risos), que acredito, pela minha evolução, ficará muito melhor! Em primeira mão: eu estou trabalhando a adaptação de A Mosca no Copo de Vidro para Teatro. Tem um grupo aqui em Londrina (PR), em fase de formação, que deve levar isto adiante. Com isso, muitas novas idéias estão surgindo e deve mesmo pintar um roteiro para “A Mosca 2”. Oba, estamos aí para o que der e vier. Gostaria muito de assistir a peça quando estiver pronta, também. Nunca vi meu trabalho adaptado para outra mídia, acho que ia adorar. É claro que vou convidá-lo para a estréia! Vou deixar um lugar reservado na primeira fila! (risos) Combinado, então. (risos) Você também tem trabalhado com ilustração editorial para a Abril. Recentemente vi um trabalho seu na Mundo Estranho. Como surgiu essa possibilidade e como é fazer esse tipo de trabalho? Na verdade, sempre trabalhei com ilustração editorial, fiz muitas capas e ilustrações internas para a editora Nobel e bastante trabalho de publicidade este ano. Trabalhar com a editora Abril é fantástico, pois seu nome é alavancado. A experiência com a Mundo Estranho foi magnífica, pois o primeiro trabalho que fiz para eles foi uma página dupla e o segundo a matéria de capa. Adorei fazer, pois os assuntos eram divertidíssimos, gostaria de pegar mais. Hoje faço a seção de cartas da revista Men’s Health, que é ótimo, pois é uma revista publicada em mais de 30 países. Os editores são ótimos e eu estou muito contente com o resultado! Na hora de pegar esses “trampos”, a formação acadêmica pesa mais que a experiência? Nem um pouco. A verdade, é que já trabalhava na área quando comecei a fazer a faculdade, por isso muitos dos assuntos eu já sabia. Claro que teve muitas informações valiosas para minha carreira, mas para o trabalho de ilustração, um portfólio bem feito mostra que você é bom, diferente de um diploma! Quais são seus planos para o futuro? Ganhar dinheiro (risos)! Tenho muitos projetos para o ano que vem, gostaria de terminar este ano zerado, com todas as pendências finalizadas, não sei se será possível, mas tenho um grande projeto editorial fora dos Quadrinhos e muitos internacionais dentro deles. Com certeza no próximo ano será de muita correria e, se Deus quiser, melhor que este ano que foi fantástico para mim! Eu que agradeço, não só por essa conversa fantástica, mas por todo apoio que você e o pessoal do Bigorna tem me dado. Um grande abraço e vida longa ao Bigorna! Abração. O Bigorna.net agradece a Caio Majado pela entrevista concedida por e-mail e finalizada no dia 26 de novembro de 2008 |
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