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Por Ruy Jobim Neto 20/11/2008 Um Woody Allen como há tempos não se via
Novaiorquina, a loiríssima Scarlett Johansson apareceu em três dos quatro últimos filmes do cineasta também amante de Nova Iorque. A fase européia gerou quatro longas, o último foi O Sonho de Cassandra. Mas a diferença está exatamente aí. O diretor e roteirista fica só atrás das câmeras, não dá aquela canjinha como em Scoop, em que contracena com a musa Scarlett. Woody Allen está morando na Europa. Mudou-se há algum tempo para Barcelona. A cidade é escaneada por suas câmeras. Fica fácil para o desenhista de produção, Santo Loquasto, de tantos de seus filmes, brincar com o que vai colocar diante das lentes, desenhando o conjunto da obra. Gaudi e o Parque Güell são apenas alguns dos pontos pelos quais os personagens passeiam. Passeiam e se amam. Vamos à história. Duas novaiorquinas, Vicky (Rebecca Hall, atriz britânica, bela morena, muito alta e sofisticada) e Cristina (ela, Scarlett Johansson, dispensa apresentações) desembarcam em Barcelona. Vicky veio para seu mestrado sobre cultura catalã e tinha se apaixonado pela Igreja da Sagrada Família e veio chafurdar para obter novos conhecimentos. Cristina é a atriz de um curta metragem que está tranquilíssima, sem fazer absolutamente nada. Aliás, o filme, muito bem narrado por Christopher Evan Welch (quem?) já diz de cara as diferenças entre as duas. Hospedadas (muito bem, aliás) em Barcelona na casa de uma amiga (Patricia Clarkson), elas ficam conhecendo a história de um pintor cujo casamento se desfez pelos caminhos da violência. Claro que estamos falando de Juan Antonio (Javier Bardem). O primeiro diálogo dele com as americanas é assombroso de tão bem escrito. O filme é delicioso, ágil, tem aquelas coisas dos filmes de Woody Allen típicos como Hannah e Suas Irmãs e Celebridades, isso para citar um mais recente e outro da década de 80.
Claro que falta falar da quarta pessoa a aparecer no filme. E ela aparece pra torcer o filme todo, quase que completamente em sua própria direção. Trata-se de Penélope Cruz, atual namorada de Bardem na vida real, e que é a tal da ex-esposa do pintor catalão. Ela vem literalmente pra virar o filme de ponta-cabeça com sua alopradíssima e instável Maria Elena, uma pintora quentíssima nas emoções e inspiradíssima. E é adorável. O filme só melhora com o passar dos seus 96 minutos. O filme arrebatou e arrebentou em Cannes, e aqui no Brasil já ultrapassou em seu primeiro fim de semana a Quantum of Solace, a mais recente aventura de James Bond. Realmente um feito único para uma película de Woody Allen que fez, por aqui, R$ 1 milhão nesse seu fim de semana de estréia. O cineasta já escreveu a história pensando em Scarlett para Cristina e vislumbrando Javier Bardem para compor o sedutor Juan Antonio. Conseguiu o efeito desejado, sem errar.
Em resumo, Woody Allen apronta um filme em que as mulheres estão com seus medos e desejos à flor-da-pele, com suas imperfeições e seduções, seus sonhos e maluquices a perder de vista. O roteirista está esplêndido, o diretor está inspirado, o filme é uma verdadeira delícia. E pontuada basicamente por duas músicas, uma de Paco de Lucia (Entre dos Águas), como tema de Vicky e Juan Antonio, assim como por Barcelona com o grupo Giulia y los Tellarini, feita especialmente para o filme para ser o tema de Juan Antonio com a personagem de Scarlett. Vicky Cristina Barcelona é, no mínimo, difícil de descrever. Por ser tão delicioso. E como nos bons Woody Allen, é agora Barcelona que vira cartão postal. Nova Iorque literalmente passou o posto. |
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