NewsLetter:
 
Pesquisa:

Entrevista: Adriano Gon
Por Eloyr Pacheco
17/11/2008

Adriano Gon é bastante conhecido no meio independente. Seu personagem Thunderman tem 15 anos de criação. Agora ele está partindo para uma nova empreitada, a criação do selo NHQ – Núcleo de Histórias em Quadrinhos, que chega ao mercado editorial com o lançamento de três títulos (saiba mais aqui). Procurando saber um pouco mais sobre Adriano Gon e seus projetos fizemos com ele por e-mail esta entrevista.
 
Como surgiu seu interesse por Quadrinhos?

Meu interesse por Quadrinhos começou desde muito cedo, isso por volta de 1988, quando meu irmão fez um curso de Desenho Publicitário via correio, e graças a muitas HQs da Disney que o mesmo comprava religiosamente todos os meses. Mas foi em 1989 que meu interesse por Quadrinhos de super-heróis se tornou maior, quando meu pai me deu de presente uma HQ do Capitão América, a qual ainda tenho até hoje (sem capa e faltando algumas páginas, mas tenho), onde o Capitão enfrentava a Hidra. Tá certo que eu hoje em dia não sou fã nem um pouco do Capitão América pelo fato de seu extremo nacionalismo. Assim como o Superman, às vezes eles me enojam. Tá certo que eu tenho um herói no melhor estilo Capitão América com as cores do Brasil, mas quem não tem? O meu primeiro contato com Quadrinhos nacionais veio por volta de 1991, quando a Editora Ninja publicava as aventuras do Pequeno Ninja, Shaken - O Cachorro Ninja e Khin - O Pequeno Samurai e a Abril publicava Os Trapalhões. Ótimos anos, dos quais tenho muitas saudades.

Em 1988 você tinha quantos anos de idade?

Tinha apenas 5 anos. Mas era incrível o meu interesse por Quadrinhos e ilustração desde essa época. Tenho vários desenhos que minha mãe guarda desde essa época. Claro, todos bizarros, porém, para uma criança de 5 anos, dava pra perceber que a noção de anatomia era até interessante. Eu mesmo sou obrigado a reconhecer, nasci com o “dom”.
 
Qual a sua primeira criação e sua primeira publicação?

Minha primeira criação foi o Thunderman, criado no dia 16 de junho de 1994, logo após assistir o desenho Perdido nas Estrelas que passava na extinta TV Colosso. Na mesma época passava o desenho dos X-Men, que na euforia de ver heróis que eu via se mexendo, resolvi fazer um gibizinho deles, que foi minha primeira publicação, não teve muitas cópias, pois meu irmão que fez as cópias delas e foram todas vendidas na escola. Mas minha primeira publicação com história original foi a do Thunderman, que saiu entre o dia 20 e 25 de junho. Como eu era terrível para desenvolver uma origem (e ainda sou), o Thunderman ficou sem origem por quase 10 anos. Mas hoje, o Thunderman finalmente teve uma origem, tem uma história, e o que quero fazer com os meus personagens “supers”, é fazer histórias no melhor estilo DC+Vertigo+Marvel Max e ver no que dá. Histórias adultas com traço “cartoon”.

Como surgiu o selo NQH, que quer dizer Núcleo de Histórias em Quadrinhos, não é mesmo?

O selo NHQ foi concebido graças a uma pesquisa na Internet, na qual eu via várias escolas e faculdades tendo um núcleo de Histórias em Quadrinhos, sendo que a idéia a partir desse mesmo conceito seria desenvolver um núcleo que pudesse abranger todo o território nacional. Eu tinha o nome, que era muito grande e tive receio em usar um nome grande. Núcleo de Histórias em Quadrinhos era o nome, depois, naquela dúvida, tive o Núcleo Quadrinhos e o Núcleo HQ, hoje todas essas formas são corretas de falar da NHQ, sigla que decidi usar pelo fato de ser uma sigla com um "som forte", de fácil lembrança e um nome que todos poderiam estar decorando facilmente.

Qual seu livro de cabeceira?

Não leio mais livros. Quando lia, adorava ler Agatha Christie (é assim mesmo que se escreve o nome dela?). Suspense, mistério da melhor forma que eu sempre quis fazer, mas nunca consegui usar em uma história minha. Hoje em dia, em minha cabeceira, você encontra vários mangás, comics e fanzines, esse último estilo é minha grande paixão.
 
Pode citar alguns que estão na sua cabeceira agora?

Claro! Hulk contra o Mundo, Batman (A Queda do Morcego completa), Bastard (adoro o traço desse também), Plástico Bolha, algumas edições muito antigas do Thunderman e a Mundo Estranho desse mês.
 
Você é autodidata? Quais suas influências literárias e de Quadrinhos?

Sou totalmente autodidata, tendo apenas pego umas dicas de criação de manequins e outros toques nessas revistas de "Curso de Quadrinhos" que viviam nas bancas no início dessa década. Meu amigo comprava, e eu sempre lia também essas revistas, das quais me ensinaram muito em relação a rafs e esboços. Sobre Arte seqüencial existem vários livros a respeito, indico os do mestre Will Eisner, mas nada melhor do que o treino, a prática e estudar arte seqüencial lendo todos os tipos de Quadrinhos, desde Turma da Mônica até Drunna. Minha grande referência literária são os mestres Alan Moore, Neil Gaiman e Kevin Smith. E minha grande referência de Quadrinhos é a arte seqüencial do mestre Oh! Great no belíssimo mangá Tenjou Tenge. E o artista que me fascina com seu estilo é o grande Joe Madureira (nada muito original). E em meu estilo, gosto de estar sempre conferindo os trabalhos do Bruce Timm.

E quais roteiristas e desenhistas brasileiros você curte?

Putz! Que mancada! Esqueci de mencionar nossos grandes artistas. Roteirista é difícil dizer... Mas, acho que gostei muito dos roteiros do Francinildo Sena e os roteiros do Lacan, um amigo meu que faz roteiros para meus heróis, e em breve vocês vão poder conferir um especial do Thunderman desenhado pelo amigo Marcelo Salaza. Desenhistas são muitos, mas os que mais me agradam são Roger Cruz, Marcelo Campos e Marcelo Salaza.


Você fez uma pesquisa de mercado antes de idealizar a editora? Aliás, o que você pensa do mercado editorial no momento?

A pesquisa de mercado que fiz, foi através de amigos e pessoas envolvidas com Quadrinhos alternativos no Brasil. A resposta, que obtive, infelizmente, não foi das melhores. Mas mesmo assim resolvi partir para o lançamento de algumas HQs.

Você começa a editora lançando três títulos: Crânio, Thunderman e Dragon Saga. O que você espera de resultado comercial imediato? A pré-venda é importante?

O resultado comercial está sendo o melhor possível. Elogios e sugestões não estão faltando. E com a ajuda de sites especializados em Quadrinhos como o Bigorna e tantos outros, espero poder fazer a NHQ crescer e se tornar uma referência. Muitos me falaram que estou sonhando muito alto, mas acho que temos que pensar alto, mas sempre com os pés no chão.

Como será a sua distribuição?

A distribuição será através dos Correios. Estou vendo de enviar cartas registradas, mas como não sou entendido, tenho medo de aumentar o custo do envio fazendo com que eu aumente o valor em capa. Uma coisa que não está nas metas da NHQ. Mas de início não vou trabalhar com envio de edições para comic shops ou coisas do tipo.

O que você acha do movimento Quarto Mundo? Vai trabalhar com eles?

Acho muito interessante. O Quarto Mundo é um movimento muito importante para o alternativo nacional, e se continuarem trabalhando como estão, a coisa vai ter um belo “dum” futuro. Eles estão trabalhando como distribuidora de fanzines e isso é super importante, pois estão além disso participando de eventos e promovendo palestras e até mesmo eventos alternativos. Trabalhar com eles? Depende da proposta que eles tenham para a NHQ.

Você já tem alguns outros projetos em andamento, pode adiantar algum que ainda não foi divulgado?

Bom, como todos sabem, em dezembro serão lançados três títulos pela NHQ, e ainda temos alguns outros projetos em andamento que ainda não foram divulgados, tais como (SPOILER): Raio Esmeralda e Águia Dourada, respectivos personagens de Danilo Dias e Maurício R. Augusto, e talvez, ainda estamos em negociação, Transmutor do Marcelo Salaza e Tupac & Zinho de Davi Sales, esse último ainda é dúvida, mas acho que posso dar uma adiantada.
 
Você está recebendo projetos para avaliação? O que você oferece para os produtores?

Estamos recebendo sim. A melhor parte de estar na NHQ, é justamente essa interatividade que estamos tendo. Vendo que temos muita coisa boa, tanto em roteiro quanto em ilustradores. O chato é que nisso também sou obrigado a admitir que chega por e-mail muita coisa ruim. Que infelizmente não chega a ter a qualidade que precisa para se ter a HQ publicada impressa, mas pretendemos colocar também versões online, mas ainda está em pauta isso. Oferecemos um material impresso de qualidade e a garantia de que muitos estarão vendo seu material por se tratar de algo que está em evidência no momento, e se não deixar a peteca cair, seu material com certeza será visto por muito tempo, sendo que a NHQ estará vendendo as HQs por tempo indeterminado. Imagina você publicando uma HQ, mas seu nome ainda não está na mídia, mas alguém que comprou o Crânio #1, se interessa pela NHQ e acessa nosso site, terá a oportunidade de conhecer seu material e até adquirir, e através disso, seu personagem pode até se tornar conhecido como o Crânio. Estaremos introduzindo seu personagem com qualidade e eficiência no meio quadrinhístico brasileiro. Claro, sem contar que teremos resenha nos melhores sites informativos de Quadrinhos do Brasil, tal como o Bigorna.
 
Finalizando, muito obrigado pela entrevista, Adriano. Que a NHQ seja bem-vinda e que faça muito sucesso!

Eu que agradeço a oportunidade, Eloyr. E, assim como você, também torço pelo sucesso da NHQ, não para mim, mas por todos os artistas nacionais que acreditam no potencial da NHQ. Até mais!

O Bigorna.net agradece a Adriano Gon concedida por e-mail e finalizada no dia 17/11/2008.

Quem Somos | Publicidade | Fale Conosco
Copyright © 2005-2024 - Bigorna.net - Todos os direitos reservados
CMS por Projetos Web