Esta é uma das cidades mais lindas que visitamos nestes 20 anos de casados. Eu e Cláudia estávamos voltando do Vale do Loire, tínhamos que entregar o carro na Gare Nord. Exatamente desta estação enorme, iríamos iniciar nossa viagem de trem. De Paris até Brugge, de lá para Bruxellas e então, Amsterdam. Sabíamos que o trem sairia por volta das 18h. O fato é que eu me distraí e quando fomos ver o horário, achamos que o horário de chegada era o de partida. Fomos até uma "lan house" pra ver e-mails enquanto nosso trem saía Conseguimos trocar as passagens para Bruxellas (bem mais pra cima) e de lá para Brugge e nossa viagem que duraria 1 hora e meia, pulou para mais de 3, com direito a correria e a quase perder o trem para Brugge, pois o horário estava apertado. Chegando lá, fomos para o hotel, tomei uma boa cerveja belga Duvel e desmaiamos depois do banho.
No dia seguinte, depois do café da manhã, fomos bater perna pela Katelijnestraat. O que todos diziam se confirmou: é uma das mais belas cidades da Europa. Veja as fotos aqui. Seus canais e prédios antigos te fazem sentir como se estivesse no séc. XVI, respirando o mais puro ar medieval. Mas outro cheiro dominava o ar... Chocolate! Dos mais variados tipos e sabores e, em dezenas de lojas, para todos gostos. O som das carruagens nos chamou a atenção. Várias delas levavam turistas pelas ruas de paralelepípedos. Prédios góticos se esgueiravam em direção ao céu, com suas torres pontiagudas. Um antigo hospital se tornou, em tempos modernos, num museu. De pinturas temáticas, claro! Eram dissecações pra cá, doentes pra lá, as freiras que tomavam conta do hospital posando em delicados se sérios retratos, ora frontais, ora de três/quartos.
Minha mulher é médica, mas não se animou muito com a exposição e logo saímos. A arquitetura barroca se mesclava à medieval e à gótica, mas o que era comum a todas eram os tijolinhos coloridos. Até o hotel onde ficamos, que era bem moderno, tinha a "cara" daquelas velhas edificações da conhecida Flandres, palco de guerras, invasões, armistícios. Mas desta época só se guardam as recordações em pinturas e livros de história. A cidade é impecavelmente bem cuidada. É aí que a Cláudia me chama a atenção! Em pleno número 42 da rua Katelijne, estavámos diante de uma vitrine repleta de revistas em Quadrinhos: as Bande-Dessinées como chamam lá! De Striep, speciaalzaak in stripverhalen. Era uma loja fantástica. Comecei a conversar com Manu, um dos vendedores e me apresentei como cartunista brasileiro. Depois de me mostrar algumas edições imperdíveis de Quadrinhos belgas, acabei comprando o clássico Suske em Wiske, de Peter Van Gucht, Kochka New Orleans, Shona e Andréas Rork de Vergetenen, e alguns clássicos literários em Quadrinhos como D. Quixote (claro!), Cyranno de Bergerac, Idées Noire (Franquin) e Brugges and Damme through Comic Strips (puxa, ainda bem, este é inglês). O melhor foi quando ofereci meu BiraZine. Ao ver que eram cartuns sem texto, com biografia em inglês, já fizemos uma troca por revistas na hora. Ao melhor estilo medieval.
O site da loja é aqui.
Almoçamos na rua, num delicioso restaurantinho. Tomamos uma sopa maravilhosa. A Cláudia tava doida pra andar de barquinho pelo canal Minewater, mas eu sugeri que voltássemos para o hotel, onde dei aquela dormidinha pós-almoço. Resultado: perdemos o horário e a Cláudia ficou triste. Mas no dia seguinte, a primeira coisa que fizemos foi ir ao canal. Que passeio! O condutor do barco foi contando a história da cidade, através da sua arquitetura. Groeninge Museum, Halletore, Praça do Mercado, Prefeitura. Falava em inglês. Pedimos para umas velhinhas tirarem umas fotos nossas naqueles cenários deslumbrantes. Uma delas elogiou meu inglês e perguntou de onde eu era. Quando ouviu Brasil, abriu um sorriso. Ela, britânica, havia morado 4 anos em Copacabana e tinha um filho carioca. Saímos do barco e fomos comprar mais chocolates e lindas lembranças de: Bali! A cidade era tão fabulosa que trocamos nossa passagem pra Bruxellas e ficamos mais um dia por lá. Para ter uma idéia de como é lindo, olhe este site. Ao som de Fleur de Ville, entenda porque Brugge é uma cidade tão especial.