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Resenha: Prontuário 666
Por Matheus Moura
03/09/2008

Quem teve acesso à Folha de S. Paulo de domingo (31/08) e leu as tiras do caderno Ilustrada, deve ter visto a tira de Angeli com a personagem Zé do Caixão. Antes de ser tira dominical, a ilustração de Zé por Angeli figurou como o extra Retratos da Maldade, do álbum Prontuário 666 – Os anos de Cárcere de Zé do Caixão (Conrad, formato 16 x 23 cm, 120 páginas ao preço de R$ 24,00), desenhado pelo gaúcho Samuel Casal e com roteiro dele e de Adriana Brunstein – ela que foi consultora pessoal de Mojica no roteiro do novo filme Encarnação do Demônio. De retratos ainda há desenhos de Danijel Zezelj, Mozart Couto, Aloísio Castro, André Kitagawa, Fernando Mena, Marcatti e Fábio Combiaco. Ótima idéia da editora de convidar tão distintos e talentosos desenhistas, melhor então é cada um dar seu toque pessoal à personagem macabra que é Zé do Caixão.

Mas o extra está no final, e antes de começar a HQ há o texto de Paulo Sacramento que contextualiza à obra a ser lida. No que tange aos Quadrinhos, houve um hiato de nove anos após o último lançado, e este não era de terror. Foi publicado pela editora Brainstore em 1999 e chama-se A Estranha Turma de Zé do Caixão – uma forma infantil de fazer uso da franquia. Anteriormente, em 1969, também foram publicadas versões quadrinizadas da personagem, essas sim com o clima soturno característico aos filmes. Entretanto, nenhuma das versões anteriores trabalhou unindo a mitologia dos filmes com os Quadrinhos, ainda mais este último complementando os primeiros, como é o caso de Prontuário 666.

Como o próprio subtítulo diz, a obra trabalha mostrando os anos em que Josefel Zanatas esteve preso. Foram 40 anos de cadeia e este tempo foi mais que suficiente para o macabro coveiro fazer suas experiências. Para isso, nenhum lugar seria melhor que um presídio, ou como o próprio Zanatas diz, “um zoológico humano”. A obra de Casal tem início com a chegada de um novo preso, um cara grande todo tatuado. Cada tatuagem é o rosto de uma criança que “Colecionador” matou. Um espécime perfeito para um dos experimentos de “seu Zé”. Porém a trama não se atêm somente a essas questões, é abordado também como funciona a psiquê do coveiro e sua relação com os indivíduos que convivem com ele no ambiente penitenciário. É inteligente a maneira como Casal e Brunstein relacionam um determinado tipo de preso à ratos, de carcerário à pombos e o personagem principal à gato. Ao se aproximar do final, o Quadrinho dá um salto de 20 anos até o dia da saída de Zé do Caixão do cárcere, assim torna-se possível a existência do novo filme amarrando uma grande ponta solta.
 
Com relação aos traços, Casal mantêm seu estilo característico já visto em revistas como Ragú, feito totalmente à base do contrastes entre preto e branco. O nível de detalhamento é alto e enriquece bem o cenário apresentado. Apesar de haver oscilação de traço - quanto à representação de personagens e ambientes - a qualidade não cai. Esta sem dúvida é uma HQ feita para o bom apreciador de histórias de terror.

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