No dia 7 de junho aconteceu na Revistaria Odisséia, loja tradicional de RPG e Quadrinhos de Londrina, cidade situada na região norte do Paraná, o World Wide D&D Game Day, um evento que ocorreu no mundo inteiro, nas principais lojas e associações de RPG. O evento na loja contou com a presença de 60 jogadores e mestres, que tiveram a oportunidade de experimentar uma prévia do novo D&D 4.0, a nova versão do RPG mais famoso do mundo. Cada jogador recebeu de presente da Wizards of the Coast, patrocinadora do evento, uma miniatura de personagem e um dado de vinte lados, enquanto o mestre recebeu todo o kit da aventura, com várias miniaturas e o conjunto de dados.
A aventura
A aventura desse ano foi muito elogiada pelos jogadores e principalmente pelos mestres, mostrando muito mais desafio e dinamismo. Os inimigos estavam muito mais perigosos e inteligentes que os vilões da aventura do ano anterior, que, diga-se de passagem, foi considerada bem fraca tendo-se em mente o padrão de qualidade da Wizards. Um fator importante foi poder ver como vai funcionar o novo sistema e algumas regras, conhecer algumas estratégias novas dos vilões e ver como vão funcionar as outras peças que trazem dificuldades para os jogadores durante as aventuras, como as armadilhas e outros elementos presentes nas cavernas e covis dos inimigos dos heróis. As armadilhas, aliás, foram as poucas reclamações recebidas durante a aventura, muitos jogadores acharam que elas estavam muito fortes... e na visão de muitos mestres do evento os jogadores não deixam de ter razão. Mas uma coisa ficou clara, no geral a aventura conseguiu agradar a muitos jogadores e ajudou a tirar um pouco do medo que muitos sentiam em relação às mudanças feitas em relação ao novo sistema. Tirando alguns críticos ocasionais (eles sempre existem não é?) que não gostaram de algumas regras mostradas a grande maioria dos jogadores do evento viram como positivas mudanças nas regras do novo D&D.
O espaço
Está se tornando tradição fazer eventos na Revistaria Odisséia. Já tivemos alguns eventos ocorrendo na loja como o primeiro RPG Londrina e três eventos do RPG Odisséia. Esse ano foi o terceiro ano em que a Revistaria realizou o D&D Game Day e mostra que está sempre evoluindo. No primeiro ano a quantidade de jogadores não pôde ser muito grande pois a Revistaria só conseguiu um kit com cinco aventuras, e mesmo assim foi feito uma mesa alternativa para os jogadores que não conseguiram espaço para jogar nas outras mesas (já que a procura foi absurda e as vagas acabaram muito rápido). Já no segundo ano, devido ao empenho do organizador Carlos Martins, a Revistaria conseguiu dois kits de jogos e espaço para sessenta jogadores. E nesse terceiro ano manteve-se o espaço para todos os jogadores e foi inclusive preparada uma mesa alternativa de jogo caso houvesse necessidade de acomodar os jogadores que não conseguissem uma mesa de jogo no evento.
Mestre x Jogadores?
Os jogadores mais antigos talvez se lembrem de um antigo jogo de tabuleiro chamado Hero Sistem, que tinha pitadas de RPG, onde o mestre (conhecido como Zargon) era uma espécie de inimigo dos jogadores, tentando matar eles a todo o momento. Esse ano aconteceu algo que me fez lembrar desse jogo. Para cada mestre foi mandado um belo dragão branco, que segundo as regras de uma aventura alternativa seria premiado para os jogadores que sobrevivem a aventura. Se nenhum personagem sobrevivesse então a miniatura ficaria com o mestre. Então das dez mesas de jogo apenas três conseguiram sobreviver para conquistar o prêmio. Maldade do mestre? De forma alguma! A aventura estava muito difícil e apenas os grupos mais espertos e unidos conseguiram sobreviver... mas isso me faz pensar se em algumas mesas do evento não ocorreram certas injustiças. E não apenas nas mesas de jogo da Odisséia, mas nos outros lugares, se bem que me pareceu que foi uma iniciativa da Devir, que estava distribuindo as aventuras no Brasil.
No fim foi promissor o evento desse ano, mas algumas considerações devem ser feitas. Os jogadores e mestres não devem se apegar demais a esse tipo de evento em detrimento daqueles que não tem algum tipo de premiação. Outro evento realizado esse ano, o Dia D RPG, foi pouco procurado pelos jogadores e penso se a falta de mestres e jogadores não estaria ligado ao fato de que em vez de o dito cujo ganhar algo ele teria que doar um quilo de alimento para participar. Outra consideração é sobre a qualidade dos produtos, as miniaturas demonstraram uma queda de qualidade sendo que algumas eram excelentes e outras bem irregulares (um jogador definiu que sua personagem parecia uma famosa apresentadora de programas infantis). Alguns podem se perguntar se isso é relevante, uma vez que como diz o ditado “cavalo dado não se olham os dentes” mas se lembrarmos que esses eventos também servem para a Wizards divulgar seu jogo de miniaturas eu diria que foi um ponto negativo para a empresa, que pareceu querer economizar no evento desse ano e acabou perdendo espaço naquilo que mais procura: novos jogadores e colecionadores de miniaturas. Mas vamos esperar pelo evento do ano que vem, que se na minha modesta opinião mantiver o mesmo padrão do desse ano tem tudo para ser memorável. Obrigado ao Carlos Martins (proprietário da Revistaria Odisséia) pelas fotos e pela oportunidade de participar do evento.