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Resenha: Echo Park
Por Cadorno Teles
20/06/2008

Quando o escritor norte-americano Michael Connelly lançou em 1992 o seu agora lendário personagem, o detetive Hieronymous "Harry" Bosch, estabeleceu uma fórmula vencedora que consolidou seu trabalho e o alavancou como um dos melhores do gênero, se não o melhor. Ex-repórter policial, Connelly utilizou muito de sua experiência para criar suas narrativas, colocando o seu protagonista em situações diversas: entrando em conflito com seus chefes, um relacionamento com uma agente do FBI, Rachel Walling, seus tormentos interiores e sua obsessão pelos crimes que investiga. E cada livro lançado prova, mostra o quanto a habilidade de Connelly criar e variar suas histórias com o mesmo ritmo, personagens consistentes e um suspense arrebatador. O décimo segundo livro com o "detetive de alma atormentada", foi lançado recentemente pela série Suma Policial (Suma de Letras/Objetiva), Echo Park (368 páginas, R$ 39,90), com tradução de Álvaro Hattnher, premiado pelos jornais The Mirror de Londres e pelo Los Angeles Times Book como o melhor policial de 2006.

Nessa narrativa, o autor explora o mal puro, em um personagem que assusta, apresentado com as características mais intensas da maldade. Harry Bosch, retornando para a unidade policial, após aposentadoria, tem a chance, meio que insatisfatória após alguns acontecimentos, de reabrir um caso no qual trabalhou no passado e que não conseguiu desvendar: o desaparecimento, a treze anos, da jovem Marie Gesto e o seu possível assassinato. Perante a confissão de um homem que diz estar por trás do assassinato da jovem, que esperto, o criminoso propõe um acordo para escapar da pena de morte: ele mostraria onde estão os corpos das nove pessoas desaparecidas em troca da atenuação da sua pena. O perspicaz detetive deduz que por trás há algo a mais, principalmente pelas circunstâncias que envolvem o caso e o interesse político de um promotor pelo culpado.

Contudo, um indício importante foi deixado há 11 anos, algo que poderia ter levado ao assassino; dúvidas o atormentam, mergulhando o pensamento do detetive na auto-recriminação e desespero. Vemos aqui Connelly em seu melhor trabalho, uma obra emocionante com uma trama policial inteligente cujas peças se encaixam à perfeição, compondo uma crítica sagaz na relação entre a classe política e o corpo policial, assim como também uma reflexão das trágicas conseqüências que o erro mais mínimo pode causar numa investigação. Um livro com emoção e surpresa a cada virar de página, suspense policial perfeito. 
 
O Autor
Michael Connelly é apaixonado pela literatura policial deste a adolescência quando lia os romances de Raymond Chandler. Antes de tornar-se um autor conhecido, trabalhou como repórter policial do Los Angeles Times, onde adquiriu o conhecimento sobre os tiras e seus métodos de investigação. Em 2003 foi eleito presidente da associação Mystery Writers of America, cargo que já foi ocupado por nomes ilustres como Chandler. Ele divide seu tempo entre a Califórnia e a Flórida.

 

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