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Por Bira Dantas 26/05/2008 Dividimos com mais de 50 chargistas de norte a sul do país a mesma página diariamente. Como faço normalmente, posto minha charge lá e dou uma sapeada pra ver as dos colegas. Costumo ver todas e a grande maioria é extremamente crítica ao governo Lula. Tudo bem. Eu sou de centro-esquerda, reformista, pelego (rs), mas não sou mal-humorado. Tem coisas que realmente me tiram do sério e perco logo meu bom humor. Como a charge do paranaense Roque Sponholz, com um menino com papel higiênico embaixo do braço dizendo: "Mamãe, eu quero fazer Chávez na casa do Pedrinho". Quanta falta de respeito. Quanta grosseria. Fiquei indignado ao ver esta charge. Que ele seja de direita, tudo bem, qualquer um pode ser o que bem entender. Até querer o nazismo de volta, mas vai pagar o preço por declarar isso publicamente. Odiar Lula, Chávez, etc, é um direito seu e ninguém tem nada com isso. Mas a falta de profissionalismo é grave. Compromisso com os fatos m&#%@ Balas trocadas não doem? Preconceito Se eu editasse uma revista de charges, as do Sponholz não entraríam NUNCA! Não é só o desenho que é ruim. As idéias dele são raivosas, preconceituosas. Ele tem raiva do Brasil ter um presidente feio, pobre, nordestino, sindicalista, de esquerda. Esse é o problema do Roque, fazer charge tentando desmoralizar E não é que eu não goste de charges que critiquem o governo Lula ou a esquerda. Quando são focadas em notícias factuais, inteligentes, bem-humoradas, eu racho o bico. Quando dão pontadas, eu as acho interessantes. Afinal, quem não ri de si próprio, não ri do mundo. E quem se sente acima das críticas, não deve criticar. Por isso eu acho que tudo tem limite sim. E a gente não deve passar a mão na cabeça de quem produz arte de péssima qualidade, dizendo: "Você tem o direito de publicar isso e eu defenderei este direito até o fim". Todos nós podemos melhorar, sempre. E não é através da agressão pura e simples que vamos fazer isso. Como isso repercutiu no meio dos cartunistas e ilustradores Mário Latino: “Pelo lado ideológico, você tem razão, Bira. Eu também repilo esse tipo de imbecilidade já que para mim o chargista deveria estar ao serviço de causas mais nobres e não ficar defendendo o caubói Bush ou o narcotraficante Uribe, como é o caso dessa charge. Mas pelo lado artístico é ainda pior. Ô, desenhinho ruim, né? Sem criatividade, sem um traço legal (algo que o cara já deveria ter adquirido, pois é velho pra burro), sem moral. Eu também gosto de Lula, do Chávez e do Evo, o que não significa que pague pau pra eles. Aliás, nunca fiz um único trabalho defendendo-os ou tentando justificar seus erros. Mas gente como esse Sponholz já fez alguma coisa criticando o FHC? Que eu me lembre, nunca, o que tira essa sua suposta capacidade crítica, né? E cartunistas de verdade, não meliantes da pena, sabem como tratar os temas com sutileza, fazendo rir com suas críticas. No caso de Sponholz, eu suspeito, em vez de nanquim ele usa a própria bílis ou coisa pior.” Wilson Hiroshi Matsumoto: “Eu entendo a sua irritação com a falta de criatividade do chargista Sponholz. Não acho que você queria discutir se a pessoa tem ou não a liberdade de escrever ou desenhar ou criticar qualquer coisa ou pessoa. Não conheço o trabalho desse Sponholz, mas também não fiquei nem um pouquinho com vontade de conhecer. Talvez você tenha se exaltado, mas eu compreendo sua irritação com o cara. Claro que você nunca iria vetar a liberdade de expressão, oras. Afinal você também faz charges. Mas falando em arte de mau gosto ou pseudo-arte, aqui vai um post do Hiro sobre isso: Acho que devem se lembrar dele. No meu ponto de vista, mau gosto deve ter limites sim! Devemos respeitar a opinião dos outros mas também devemos analisar e criticar quando necessário. Não acho que você queria discutir se a pessoa tem ou não a liberdade de escrever ou desenhar ou criticar qualquer coisa ou pessoa. Não conheço o trabalho desse Sponholz, mas também não fiquei nem um pouquinho com vontade de conhecer. Talvez você tenha se exaltado, mas eu compreendo sua irritação com o cara. Claro que você nunca iria vetar a liberdade de expressão, oras. Afinal você também faz charges, né? Abraços.” Paulo Barbosa: “É verdade, Biradantas. Não é de hoje que tenho vontade de vomitar quando vejo as charges desse cara. Ele não tem o mínimo senso de humor, faz piadas grosseiras e sem graça, sempre tendo o Lula e a esquerda como alvo. E o desenho do cara é muito ruim. Eu me pergunto quem é que ainda publica um sujeito como esse. Lembrei-me de um cartunista tão reacionário quanto o Sponholz, aqui de BH. É o Oldack Esteves, do Estado de Minas. O cara destila veneno contra o PT, contra os - pasme - menores abandonados, puxa o saco do Aécio e tem um péssimo desenho (como o Sponholz). A discussão, então, torna-se mais complexa. Esses cartunistas têm espaço nos jornais porque traduzem o pensamento atrasado desses veículos. Não se trata aqui de livre expressão, mas da expressão de idéias e interesses conservadores aos quais essas mídias estão atreladas. Eles são representantes de um viés político e subsistem, apesar do seu mau desenho, justamente por conta desse ideário (neo?)liberal.” Fábio Chamusca: “Piadinha fraca e óbvia. Desenho muito mais ou menos. Acabamento bem ruinzinho. Comento assim de forma crua porque quem agüenta tirar sarro da maneira que foi feita na charge, agüenta ouvir críticas nesse tom também (risos).” Antonio Santos: “Bira, não entendi uma coisa: ele tem direito de fazer charge ruim (porque são sim TECNICAMENTE ruins! Mas não tem direito de falar o que pensa, e ter idéias que alguém discorde, Bira? O que te causou desconforto foi o tema e não a qualidade artística? Meu amigão, a gente atura numa boa você fazendo campanha ideológica aberta há anos! E ao contrário do que você possa imaginar muita gente discorda frontalmente das tuas idéias. E ainda assim esta disposta a lutar de todas as formas pelo teu direito de expressá-las. Trate os outros como gosta de ser tratado. Concordo com o Felipe: 'Sim, é um direito dele. Assegurado pela constituição, e ainda bem'.'' Monica Fuchschuber: “Pois é... Eu concordo com o colega. Também acho que tem campanha ideológica por trás dessa indignação.” Faoza: “Essa específica que o Bira postou, eu não curti. Nem o desenho, nem o conceito, nem da pegada do humor e nem das soluções gráficas do autor - apesar de achar que o Chávez não é um político sério, nem nenhum exemplo de democracia. Mas é só uma opinião, a minha. O importante mesmo, de verdade, é o direito dele e de todo desenhista desenhar o que quiser e como quiser. TODO e qualquer policiamento ideológico é ruim para a liberdade, para o humor, para a arte e para o homem, seja de direita ou de esquerda. cercear é cercear não importa o porquê. Quem quiser fique olhando, comentando, imprimindo, enquadrando, moldurando... Quem quiser vire a página, jogue no lixo, delete, não jogue luz sobre... Quem quiser fale mal, critique, jogue na fogueira, faça macumba, coloque na boca do sapo e amarre. (risos) Aquela velha continua nova: (é mais ou menos assim): não concordo com nada do que diz, mas morrerei defendendo o direito que você tem de dizê-lo. Também achei a charge bem ruim (não só o desenho), mas não esquento com o fato do cara fazê-la, pelo contrário, torço para que ele amadureça como artista, como homem e como ser político. Bacana que você mesmo gostando de um político x ou y, consiga rir do risível que ele e que todos nos temos. Parabéns atrasados, mas de coração pelo 'níver'. lhe desejo mais 100 desses, com muitas boas imagens, humor e humanidade.” Leandro Doro: “O pior que esse cartunista, o Sponhols, é macaco velho.” Hals: “Bá, o Sponholz tem um mérito, o de colocar um pouco de fogo nestas listas de discussão. Não importa o lado, se de direita ou de esquerda. Não importa ser anti-Chaves ou pró-Bush. O que importa é, na nossa profissão, meter o pau com qualidade sintática e semântica. Se eu quero dizer que o Chaves é um ditador, mesmo ele tendo sido eleito pela população e tendo perdido um plebiscito recentemente e, nem por isso, ter colocado tanques na rua, que eu faça isso com qualidade, usando meus conhecimentos e habilidades desenvolvidas durante anos de trabalho e não chamando-o de m&#%@. Isso qualquer guri faz, mesmo na casa do Pedrinho. O público mediano pode até achar engraçadinho porque a propaganda (na minha opinião muito pobre e de extremo mau gosto) está na boca do povo ( de mau gosto mas eficiente, publicitariamente falando). Zérramos: “Desculpe, caro Bira, mas eu não entendi. Você quer dizer que se o cara fizer uma piada de mau gosto contra o governo então é de direita e você se arvora o direito de dar o troco no mesmo estilo do cara? É isso? O cara passa a ser então, pra sua charge, igual aos presidentes e outros homens públicos só porque você discorda da opinião do cara? E isso me dá então o direito de perguntar se as charges que você faz favoráveis ao governo como é que devem ser enquadradas? E quanto à opinião de que 'não gostou não veja' e 'Imprensa é oposição, etc...' eu concordo e assino em baixo, mas discordo de que o cara tenha que ser chargista pra discutir sobre o assunto charge. De resto, abraços.” Marko Ajdaric: “Espero que passem a outro assunto, urgente. Ainda estou com urticárias no juízo depois de ver passar batido que o tal de mercado é o árbitro... ui, como dóiiiiii!” Felipe Duarte: “Meus 2 centavos pra quem perde o bom humor com a posição política alheia e deixa que a uma linha ideológica imaginária divida o mundo. Viva e deixe viver. a coisa mais detestável que existe é arte panfletária sem reflexão. Puxada de tapete por causa de ideologia então, faz eu me preocupar com futuro da humanidade. Fala sério, 'ser de direita' não tem nada a ver com a incompetencia da charge e sim a falha em criar uma quebra de expectativa interessante o suficiente. Eu, se for gastar os minutos (que não merecem ser gastos) pra descobrir onde me encaixo no escopo PRETO E BRANCO dessa visão política, seria de extrema esquerda. Continuo achando o Chávez um boçal. Mas bom, no fim das contas tem jeitos mais interessantes de dizer que o Chaves é um merda e a charge não é exatamente defensável, mas fiquei chateado de ver o trabalho de alguém criticado pelo motivo errado.” Danniel Soares: “E quem deveria ser o tal árbitro, em vez do mercado - que nada mais é do que as pessoas, cada uma decidindo o que faz, livremente, com o dinheiro que cada um ganha trabalhando? Algum "conselho de notáveis" escolhido pelo governo para um formar algo como o Ministério do Bom-Gosto, visando impedir a degeneração da qualidade da produção cultural, a despeito do que as pessoas quiserem consumir? Sobre a charge: achei ruim para caramba. É quase como se desenhasse só o Chávez, fizesse ele banguela e com bigode, vesgo, banguela, com óculos quebrados e umas mosquinhas indicando que ele é fedido, e tivesse a legenda como 'o Chávez é um bocó'". Rodrigo Martins: “É um direito dele. Tem gente que pega mais leve, outros mais pesado, uns mais cabeça, outros mais diretos. Acho que o importante da charge é pegar.” Rogério Caetano: “Tudo bem que é um direito dele. Não sou a favor do Chávez também (só gosto do que passa no SBT), mas acho que o grande lance da Charge ou da Caricatura é passar as coisas com sutileza e de um jeito que não agrida ao leitor. Essa charge me lembrou uns livrinhos de piadas que vendiam nas bancas antigamente, tudo em um nível duvidoso, algumas até eram legais, mas outras... Pode-se passar a mesma mensagem de formas diferentes, pelo menos é minha opinião. Eu particularmente sou flexível demais quando o assunto é humor. Gosto de piadas mais "baixas" e "rasteiras" como esta, mesmo que ela esteja com um discurso aparentemente "doutrinado". Também gosto das mais elaboradas e sutis. E acho que existe espaço pras duas, quem dera eu conseguisse fazer ambas. Como reducionismo da questão, sem dúvida, esta charge é um mau exemplo, já que ela não cumpre seu papel primordial que é o de fazer rir e refletir. Neste caso, só faz rir, e nem a todos, já que o próprio Bira não achou graça nenhuma... Hehehehe Minha preocupação maior é o quanto de paixão ideológica está envolvida na charge em si (nenhuma, arrisco dizer, ali parece apenas uma manifestação de pouca reflexão - embora retratando uma certa "postura" do leitor alvo - embora eu não saiba em que mídia o artista citado publique). Ou, pior, paixão na crítica, já que o Bira é alguém que sabemos que veste a camisa e luta o combate em que acredita. O que é extremamente válido em seu trabalho, mas não lhe permite avaliações isentas. No geral, a charge não merecia sequer um comentário, já que é uma banalização que não faz tão mal quanto o Bira acredita, já que nossos vizinhos não precisam de nossa ajuda pra ganhar antipatia popular. Mas serve para uma discussão sobre limites, desde que estes sejam sempre de imposição pessoal (o tal "bom-senso") e não algo mais parecido com censura, que é onde acabamos chegando quando tentamos regular o bom senso por senso comum...” |
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