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Por José Salles 14/04/2008 Vejam só que preciosidade fabulosa veio parar em minhas mãos, graças a uma gentileza do mestre & amigo Gedeone Malagola: um gibi com Capitão Astral, personagem de História em Quadrinhos criado por ele no início dos anos 50 do século passado. Na verdade, este e outros personagens eram publicados nesse gibi que oficialmente se chamava Júpiter, tal qual o nome da editora que o lançava nas bancas, fundada pelo próprio Gedeone junto aos colegas Auro Teixeira e Victor Chiodi. O número que tenho em mãos, o 22º (novembro de 1953) mostra HQs desenhadas por dois dos pioneiros dos Quadrinhos brasileiros: Gedeone Malagola e Diamantino Silva, ambos mostrando muito entusiasmo e criatividade na produção de HQs de ficção científica. Começa com a melhor do gibi, que tem momentos deslumbrantes, estrelando o herói em destaque na capa. Capitão Astral é um integrante da Patrulha do Espaço, e viaja de planeta em planeta com sua companheira Eletra (uma loira muito sensual), sempre tentando resolver problemas. Aqui, o casal se depara com um monstrengo gigante que mais parece uma versão punk (antes que o estilo fosse inventado) do Dr. Cérbero, t.c.c. Dr. Cérebro, a minhoquinha com radinho pendurado no “pescoço”, e que era também ferrenho inimigo do Capitão Marvel.
Completa esta edição de Júpiter outra HQ de Gedeone, sob pseudônimos, com outro personagem de sua autoria: Capitão Júpiter – O Rei do Espaço, herói intergaláctico vivendo aventuras semelhantes às de seu colega Astral. Se por todo o gibi podemos constatar algumas imperfeições nos desenhos das HQs, isso foi resultado das necessidades editorias da época, que exigiam prazo & pressa. Lembremo-nos de que Quadrinhos vendiam muito mais do que hoje, as tiragens dos gibis menos vendidos eram cinco vezes superiores do que a publicação de maior tiragem de nossos dias. Isso quer dizer que quanto mais gibis houvesse nas bancas, e quanto mais rápido lá chegassem, maiores seriam as vendas. Quantos gibis produzidos por brasileiros hoje em dia chegam até o número 22, excluindo os infantis? É difícil até com fanzine. E os caras naquela época tinham que lançar gibis todo mês, gibis que alcançavam a maior parte do território nacional. Estávamos então há anos-luz da “distribuição setorizada”... e qualquer um que tenha trabalhado nas editoras que publicavam HQs durante aqueles anos, pode confirmar que era senso comum nas redações a (falsa) necessidade de se copiar os similares estadunidenses, pois segundo a visão editorial da época as pessoas já estavam acostumadas com aquele padrão e portanto com ele haveria maior possibilidade de boas vendas. Por isso não é coincidência a capa desta revista que agora comento, ser idêntica ao Sky Pirates, de Murphy Anderson. Mas enfim, de qualquer forma, o que faltou em cuidado estético, sobrou em criatividade. Eram autores que, jovens de 30 anos na época, haviam lido durante toda a vida o que de melhor foi produzido na História dos Quadrinhos: Brick Bradford, Flash Gordon, Tarzan, Mandrake, Fantasma, Superman, Terry & Os Piratas, Jim das Selvas, Príncipe Valente, Buck Rogers, Tim Tyler, Buzz Sawyer, Dick Tracy, entre tantos clássicos. E toda essa influência resplandece em cada quadro de todas as páginas de Capitão Astral, ou Júpiter, numa intensidade fascinante, um mix frenético criado por alguns dos mais brilhantes neurônios tupiniquins. |
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