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Resenha: F.D.P. – Se não morrer ninguém, não é notícia
Por Eloyr Pacheco
01/04/2008

Fazia muito tempo que eu não lia uma revista em Quadrinhos nacional num fôlego só! F.D.P. (saiba mais aqui) me segurou na poltrona do começo ao fim. A narrativa imposta pelo premiado roteirista Leonardo Santana na primeira página “segura” a atenção do leitor não porque ela apresenta o personagem e fecha com um “sonoro” palavrão, mas porque o personagem que está sendo apresentado está ali caído no meio do lixo com a boca sangrando e você quer saber o que está acontecendo. A cena, por dedução, mostra que o “herói” acabou de levar uma porrada e está à mercê de alguém. Virando a página você vê que o Fernando Drummond Pessoa (isso já está explicado na primeira página, daí o F.D.P.) está realmente aos pés de alguém e que a coisa está feia pro lado dele. Bem, nosso herói escapa dessa e segue em frente. Amanhece e ele vai trabalhar, na medida do possível, claro. O cara está um caco! Além da briga ainda tem uma ressaca daquelas! Nesta altura do campeonato, ou seja, na página seis, você não tem mais como largar a revista: você quer saber o que vai acontecer.

Na seqüência, Fernando é mandado para cobrir um assalto ao Banco Federal simplesmente porque ele é o repórter que está mais perto do ocorrido, três quadras de distância para ser mais exato. O destino (leia-se roteirista) coloca o jornalista dentro do banco, porque os assaltantes não aceitaram conversar com outros dois que o capitão da polícia mandou para lá. Fernando entra no banco e fica cara a cara com os larápios. Um deles é doentio, demente. Chega de mostrar como Leonardo Santana envolveu o leitor. Não vou entregar o jogo, você precisa ler F.D.P. para saber como acaba, porque acaba muito bem. A última frase da última página marca bem o que podemos esperar do personagem: “e o que é a vida se você não puder aproveitar cada dia como se fosse o último?”. Eu estou esperando a próxima edição. Fiquei intrigado com as influências de Leonardo Santana. F.D.P. me lembra, claro, Spider Jerusalém (de Transmetropolitan). E isso é ótimo. No roteiro, começar com a ação me lembra Indiana Jones, que nos prende começando com uma aventura que está terminando para depois começar a nova história. E isso também é ótimo. Santana sabe conduzir com firmeza o leitor e mostra que sabe o que está fazendo.

A equipe de F.D.P., além de Santana no roteiro, tem os alagoanos José Henrique na arte e Téo Pinheiro na cor e letreiramento. José Henrique é dono de uma narrativa muito funcional, resultado do roteiro de Leo Santana, que sei que é bastante descritivo, mas aliada à inteligência do desenhista que produziu cada quadro com a necessária clareza de idéias. As cores sem nenhum exagero de Téo Pinheiro cumprem sua função, mas, às vezes, poderiam ser melhor exploradas. Alguns contrastes grandes entre a cena e as anomatopéias (quase sempre em vermelho) não me agradaram. O letreiramento está bom, mas, com certeza, melhorará muito depois que ele observar os resultados. A edição está muito bem planejada. Tem posfácio e bio dos produtores. Quem assina o logotipo, a diagramação, programação visual e montagem é o Will. A revista está bem impressa, até achei um exagero usar um papel tão grosso no miolo (couché 150g, se não me engano), o mesmo da capa. O que nos resta é esperar (com muita ansiedade) o próximo número. Parabéns a todos os que participaram deste primeiro número de F.D.P.

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