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Entrevista: Renato Torelli
Por Eloyr Pacheco
28/03/2008

Renato Torelli está à frente da Lumus Editora, com um projeto de publicação de Manhwas (quadrinhos coreanos) no Brasil. Bastante ativo, Torelli sempre está participando de eventos para divulgação de sua editora e de suas publicações. O editor, formado em Economia e Jornalismo, também é co-autor do livro Histórias que o Dinheiro Conta (saiba mais aqui). Nesta entrevista, entre outros assuntos, ele comenta sobre a origem da Lumus, o mercado brasileiro para o tipo de publicação que edita e seus planos para o futuro.

Como começou seu interesse por Quadrinhos?

No início dos anos 1980, logo que aprendi a ler. A simplicidade do traço da Turma da Mônica me encantava. Aos poucos comecei a ler os Quadrinhos da Disney e depois vieram os heróis. Batman sempre foi o meu preferido. Já na adolescência, passei por uma experiência interessante. O país vivia com altas taxas de inflação e muitos Quadrinhos ficavam rapidamente com o preço desvalorizado. Então eu corria de banca em banca atrás dos gibis “encalhados”. Montei várias coleções dessa forma e ainda tenho tudo guardado em casa.

Como você decidiu montar a Lumus Editora?

Queria trabalhar em algo de que realmente gostasse. Fui auditor externo por quase cinco anos e sei bem como é trabalhar sem paixão. Por isso, juntei formação acadêmica (Economia e Jornalismo) com experiência profissional – minhas e de meus sócios. Além, é claro, da paixão por Quadrinhos, livros e cinema. Em janeiro de 2008, completamos dois anos de atividades.

Quem são seus sócios? Um deles escreveu um livro com você, não foi?

Meus sócios são André Martins e Daniel Torelli. O André já trabalhou em editoras como Conrad e Abril. O Daniel cuida da parte administrativa. Além disso, temos parcerias com outra editoras (NewPOP) e com o Estúdio Sapiens, de desenho. O autor do livro Histórias que o Dinheiro Conta se chama André Cintra. É um grande amigo e parceiro nosso também.

Como é o mercado de Manhwas no Brasil?

É um mercado em expansão. Começou com Ragnarok e Chonchu, da Conrad. Depois a Lumus trouxe ao Brasil Priest e Planet Blood. Atualmente, fizemos uma parceria com a NewPOP e lançamos Tarot Café. Outras editoras tradicionais também aderiram aos Manhwas, e o número de lançamentos cresce a cada ano. É verdade que a grande variedade de títulos aliada a diversos fatores de mercado fazem com que as tiragens sejam cada vez menores, mas as editoras precisam se adaptar a essa realidade.

Pode falar um pouco sobre esses números: qual as tiragens e o percentual de venda?

Antigamente, lançava-se um Pokémon ou um Dragon Ball e vendia-se 50.000, 100.000, às vezes até mais. O volume atual não chega nem perto disso. Preferimos trabalhar com tiragens entre 3.000 e 10.000 exemplares, para vender entre 35% e 70%. Em casos de produtos mais conhecidos, podem ser feitas tiragens maiores. Mas é preciso tomar cuidado, para não darmos passos maiores que as pernas.

Como você escolhe os títulos que lança? Como é a negociação com as editoras coreanas?

Como já fomos para a Coréia do Sul algumas vezes, temos bom relacionamento com as principais editoras de lá. Negociamos os títulos cara a cara e as pendências são resolvidas por e-mail. Eles sempre nos atualizam com as novidades do mercado coreano. O fato de pagarmos royalties em dia também ajuda a manter essa relação profissional. Há editoras brasileiras que estão se queimando lá fora por não prestarem contas corretamente aos parceiros.

E quais os critérios para a escolha dos títulos? No fim acaba sendo o gosto pessoal que determina se este ou aquele título será ou não publicado no Brasil, não é mesmo?

Gosto pessoal influencia bastante, mas temos que priorizar o gosto do leitor, afinal, é ele quem vai determinar o sucesso ou não do título. É preciso analisar cuidadosamente o potencial de venda do produto e os riscos envolvidos.

Sei que é difícil, mas você realiza algum tipo de pesquisa de mercado? Creio que a constante participação da Lumus em eventos propicia um maior contato direto com o leitor e com isso melhor conhecimento de seus gostos e vontades, não é?

Os eventos de fato ajudam bastante. Os leitores estão sempre conversando com a gente e dando opinião. Eles também mandam e-mails e participam de enquetes no nosso site e em comunidades do orkut. É claro que não se trata de uma pesquisa de caráter científico, mas nos ajuda a prestar mais atenção no que está à nossa volta.

Como é a distribuição dos títulos da Lumus?

Por meio de bancas, livrarias, comic shops e lojas virtuais. Priest e Planet Blod têm distribuição nacional. Já Tarot Café tem a distribuição dividida em duas fases: primeiro para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, e depois para o restante do Brasil. As comic shops também são grandes parceiras. Elas mantêm em estoque os números atrasados e recebem os lançamentos um ou dois dias antes das bancas.

Também são feitas vendas pelo Correio?

Sim, também fazemos vendas diretas e enviamos pelo correio. Os clientes fazem os pedidos pelo nosso site ou por telefone.

Quais os planos da editora para este ano? Há alguma novidade que possa falar em primeira mão aqui no Bigorna.net?

Os dois lançamentos do primeiro semestre de 2008 são Ark Angels e The Dreaming. Ark Angels conta a história de três fadas que são enviadas ao Planeta Terra para salvar a humanidade da extinção. O manhwa da sul-coreana Sang-Sun Park (mesma autora de Tarot Café) será lançado em parceria com a NewPOP Editora em três volumes a partir de maio. Já o mangá The Dreaming, da chinesa Queenie Chan, apresenta as gêmeas Amber e Jeanie, que lutam pela sobrevivência num colégio interno assombrado. Assim como Ark Angels, The Dreaming sairá em três volumes com data ainda a ser confirmada. Também vamos terminar de lançar Tarot Café (sete volumes) e trazer mais dois ou três títulos. Fora isso, estamos preparando outras novidades, mas ainda estão em fase de planejamento. Assim que tivermos algo mais concreto, o Bigorna terá prioridade na informação.

O Bigorna.net agradece a Renato Torelli pela entrevista concedida por e-mail e finalizada no dia 20/03/2008

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