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Os Novos “Heróis” Brasileiros
Por Leonardo Santana
01/02/2008

Eles nem sempre são muito “super”. Alguns nem mesmo se consideram “heróis”. Alguns deles, poderíamos confundir com os vilões. Alguns se parecem com tipos que vemos em toda esquina. Alguns deles nos metem medo. E alguns deles,até parecem com aqueles super-heróis que estamos acostumados importar de outros países. Mas, estes novos “Heróis” aos quais estou me referindo, tem uma característica em comum que os separam de outros “Heroes”: Cada um deles, à sua maneira, está encontrando formas de contar suas aventuras (ou desventuras) com uma cara cada vez mais Brasileira, cada vez com mais personalidade própria. Senão, vejamos...

No álbum independente Muiraquitã, de Wellington Srbek e Laz Muniz, acompanhamos as aventuras de Miguel que é “possuído” por um muiraquitã, um amuleto indígena místico, e adquire superpoderes como o de ver e falar com criaturas mágicas e de enxergar no escuro. Wellington Srbek trabalha como ninguém os temas místicos e folclóricos brasileiros de uma forma natural, onde o personagem de Miguel não é um “super-herói” mas apenas um homem vivendo aventuras sobrenaturais e tentando entender melhor esse dom que recebeu por cidades brasileiras como a Amazônia, Ouro Preta e Rio de Janeiro. Também seguindo essa linha mística, temos a Pajé Janaína, criada e escrita por Marcelo Marat e desenhada por Emmanuel Thomaz onde temos uma jovem pajé que vive em Belém do Pará e combate as forças malignas do sobrenatural com amuletos e porções mágicas. Aqui também temos lendas urbanas e folclóricas trabalhadas em cidades Brasileiras de uma forma bastante empolgante e cativante.

É do roteirista José Salles que vem outros dois exemplos da nossa lista: Tormenta e Máscara Noturna. Foi preciso alguns números para que ambos os personagens e suas histórias atingissem uma certa maturidade e personalidade próprias mas, agora, estão ambos afiadíssimos misturando de uma forma espetacular dramas pessoais, eroticidade e violência urbana explícita em níveis elevadíssimos o que torna as duas séries, pelo menos para mim, algo totalmente original. Seguindo também uma linha que mistura sobrenatural e aventura, acaba de ser lançado o Penitente, personagem criado pelo artista Lorde Lobo, ex-editor do Areia Hostil e criador também do personagem Topman. O Penitente é um assassino profissional que é ressuscitado num corpo putrefato para combater as forças do mal. Por fim, temos o F.D.P., personagem criado por mim que, modestamente, vem agradando aos leitores que tem a oportunidade de ler sua história. A série mostra um anti-herói, sem poder algum, mas sempre envolvido com algum obstáculo poderosíssimo e fantástico. Aqui, como nos demais exemplos acima, é o desenvolvimento da história e do personagem, e não simplesmente a ação em si, que prendem o leitor e dá ao personagem uma cara própria, uma História em Quadrinhos com uma personalidade mais Brasileira.
 
É por isso que, como toda semente que precisa de um certo solo, sol e, principalmente, tempo para poder germinar, também os Quadrinhos nacionais precisam de um certo tempo para amadurecer e começar a produção de histórias seriadas com qualidade e, principalmente, com cara própria, com um estilo próprio, mesmo que ainda, inicialmente inspirado em outros modelos. E os últimos exemplos que tenho tido a sorte de conhecer, tem reforçado essa idéia que, cada vez mais, as Histórias em Quadrinhos brasileiras tem qualidade para se rivalizar com qualquer quadrinho do mundo. Só precisamos de tempo e produção para alcançar esse nível. Se não conhece algum desses personagens e histórias, não percam tempo. São excelentes exemplos do que temos produzido de bom e eu garanto que vocês não vão se arrepender.

(ilustração: Gerson Witte)

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