Kowmori Misaki, ou melhor Cabo Morcego é um povoado cujos habitantes bem diferentes chamariam a atenção de qualquer um. Monstros, fantasmas, dinossauros e humanos, além de outros seres estranhos que convivem relativamente em harmonia uns com os outros nesse pequeno vilarejo à beira mar. Entre seus habitantes está Paifu, um menino-vampiro que se transforma em homem-coala quando alguém mostra uma cruz po mais de três segundo a ele. Somente quando ver algo redondo, volta ao normal, ação que na maioria das vezes seu amigo José Rodriguez faz; José é um fantasminha azul que tem a capacidade de moldar seu corpo a muitas formas. Juntos brincam com muitos outros amigos, se "divertindo" roubando produtos da horta do seu Mymmu, uma múmia agricultora ou brincando de "pega-anjo", um jogo em que cada um imita um anjo, ganha quem imitar melhor. A tranqüilidade chega ao fim quando uma epidemia de gripe afeta aos habitantes monstros do lugar; logo o médico diagnostica que é a gripe obakekaze, fatal para os monstros. Paifu, José e o intrometido Arpon são os encarregados de conseguir o antídoto para a gripe. Para isso, contam com a ajuda de Maruyama, um humano ex-lutador de sumô, para quem eles prometem um milhão de ienes se ele acompanhar os três jovens monstros na longa viagem – e assim segue o grupo, na direção da montanha onde vive a bruxa que faz o remédio para a tal gripe.
Essa é a narrativa de Cowa! (Conrad, 192 páginas, R$ 14,90), do desenhista e autor japonês Akira Toriyama, um mangá para todos os públicos, apesar da história infantil. Sem pretensão nenhuma, só entreter, Toriyama cria em uma linguagem simples, sem complicações narrativas e com personagens bem simples. Lançado originalmente en 1997 na Shonen Jump de Sueisha, muito depois de seu mangá de mais sucesso, Dragon Ball, o autor japonês queria fazer algo novo; estava cansado de histórias longas, com mais de 100 capítulos e optou por um volume auto-conclusivo menos "intenso" do que foram Dr.Slump ou as aventuras de Goku. Toriyama usa uma narrativa com o mesmo formato de Dr. Slump - a aldeia do Cabo Morcego tem semelhança com a Vila Pinguim do Dr. Slamp, mas com a abordagem de um conto infantil. Com um humor inocente, defende a bondade, a amizade e a ideía que não devemos julgar as pessoas de antemão.
A partir da descoberta da gripe, as aventuras ganham o lado fantástico de Toriyama. Os combates não deixam de existir, mas em uma menor freqüência e são encontradas muitas referências a outros personagens seus, como o fantasma José e sua capacidade transmorfa igual a Puar e Ooolong. Contudo, o que mais atrai em Cowa! são as cenas cômicas em que os personagens se envolvem. Os desenhos estão muito mais simples, bem infantis, e mudados do traço conhecido do autor. Ambientação única e genial, história rápida e menos cansativa que as outras que Akira Toriyama fez. Bom divertimento.