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Por Eloyr Pacheco 07/12/2007 Daniel Esteves (entrevistado aqui) recebeu neste ano o Troféu HQ Mix como Roteirista Revelação e, depois de publicar suas HQs em revistas independentes como Quadreca e Quadrinhópole, decidiu lançar uma edição somente com histórias suas. A Nanquim Descartável, título carregado com o tom irônico do escritor, apresenta “as loucas aventuras de Ju e Sandra” (chamada impressa sobre o título da publicação), duas jovens que querem produzir Histórias em Quadrinhos. As duas estudam na ECA/USP, a primeira faz jornalismo e a segunda, artes plásticas. Muito interessante a exploração do universo dos produtores de Quadrinhos ser explorado na história. As referências e as piadas são facilmente “digeridas” pelos que conhecem (e participam) do meio, e fazem com que a curiosidade dos que não conhecem esse universo seja aguçada. A revista é cheia delas: como a produção de arte é tratada pelas agências, as músicas que se houve, os Quadrinhos que se lê, as festas que rolam, as inspirações na hora de escrever... Muita gente se verá retratada nesta HQ. Daniel Esteves, que já critiquei negativamente em outra oportunidade pela HQ Uma Criança Nasce..., publicada na Quadreca #14, por tê-la achado muito piegas, surpreende positivamente e faz jus ao prêmio recebido, apresentando na Nanquim Descartável uma HQ madura e com conteúdo que podemos chamar de “casual”, sem superseres, sem grandes mistérios, sem grandes romances. Esteves explora, como mencionei, o cotidiano de duas garotas que estudam e querem produzir Quadrinhos. Aí está mais um fator complicatório para o escritor: escrever sobre garotas. Aqui, pelo menos neste primeiro número, o fez muito bem e consegue definir com excelência a personalidade das duas. Para narrar sua HQ Daniel também lança mão dos recursos da linguagem do Mangá. Em determinadas situações e expressões são utilizadas artes no estilo oriental para definir com mais ênfase a cena. Quanto à arte também só há elogios a serem registrados. Daniel convidou um time de primeira para produzir esta edição: Wanderson de Souza, Júlio Brilha (que tem sido um dos destaques da Front, publicada pela Via Lettera), Alex Rodrigues, Wagner de Souza, Mário Mancuso e Bira Dantas. Os vários estilos se mesclam para narrar a história escrita por Daniel com grande sincronismo e não trazem ao leitor, pela mudança de traço, nenhuma estranheza, algo comum de acontecer. A edição é bem tratada: expediente, apresentação e editorial devidamente publicados. A impressão também está muito boa. Fica um toque somente para a fonte muito pequena utilizada no editorial, que é menor que o corpo da fonte da apresentação das personagens. Este primeiro número da Nanquim Descartável vem com o selo Quarto Mundo estampado na capa e traz um checklist das publicações independentes nacionais na terceira capa. A Nanquim Descartável #1 veio para somar num ótimo momento do Quadrinho Nacional. Parabéns a Daniel Esteves e aos demais idealizadores desta publicação que merece estes elogios e muitos outros. |
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