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Roteirista nacional: Profissão de paciência e fé
Por Leonardo Santana
04/12/2007

Para ser um roteirista nacional, alguns requisitos básicos se fazem necessários: ter uma certa cultura que vá além do que simplesmente os Quadrinhos, conhecer formatos e nomenclaturas técnicas de roteiros e, obviamente, saber contar uma boa história. Agora, se você quiser continuar a ser um roteirista nacional, você vai precisar de uma constantemente renovada dose cavalar de paciência e fé. Muitas vezes, quando escrevemos um roteiro, passamos por uma certa peregrinação em busca de um desenhista que possa desenhá-lo. Alguns roteiros permanecem inéditos por que, simplesmente, não conseguimos desenhistas para eles. Mas, o pior mesmo, é quando o roteiro é aceito por algum desenhista e o mesmo demora meses, até mesmo anos, para, depois de todo esse tempo, simplesmente desistir do projeto. O roteiro, então, é passado para outro desenhista e, não é raro, a mesma história se repetir e, após um novo longo intervalo, uma nova retirada.

Por isto, a paciência é um atributo fundamental para que o roteirista nacional não desista de seu ofício, de sua paixão, que não se desmotive por essa – e outras – dificuldades tão comuns num mercado inexistente como o nosso. E, se cultivar essa qualidade essencial, ele poderá exercitar outra característica que se faz necessária a este artista: a fé. É a sua fé que alimenta a sua paciência, que lhe justifica e que lhe dá sentido. Não se trata de uma fé religiosa, mas humanista. É a fé de que aquele roteiro que está sendo produzido por aquele desenhista será, finalmente, concluído. E, quando o objeto de sua fé se torna realidade, todos os problemas, contratempos e fracassos desfazem-se e uma espécie de nirvana percorre todo o seu ser. É quando tudo o que é incompreensível e ilógico nesta nossa atividade passa a, de alguma forma, fazer sentido e nos encher de uma imensa alegria e prazer.

Mas para que a paciência e a fé possam ter mais chances de êxito, convém não depositar todas as suas esperanças num único roteiro. Por isso, é importante que você esteja sempre produzindo seus roteiros continuamente e que eles estejam sendo encaminhados para desenhistas diversos. Não estou querendo dizer de mandar o mesmo roteiro para diversos desenhistas de uma vez, pois não considero isso uma boa prática – nem muito útil, no final das contas – mas que diferentes roteiros estejam sendo encaminhados para diferentes desenhistas. E não se admire quando, sem o menor aviso, estes roteiros começarem a surgir em forma de HQs completas e prontas para a publicação.

Para finalizar, não devemos condenar os desenhistas, pois, assim como a maioria de nós, têm outras atividades, outros objetivos, outras responsabilidades, outros contratempos e outras prioridades. Mas, se queremos de fato mergulhar nesta deliciosa loucura que é ser roteirista de Histórias em Quadrinhos nacionais, nunca é demais repetir: devemos ter uma certa cultura que vá além do que simplesmente os Quadrinhos, conhecer formatos e nomenclaturas técnicas de roteiros e, obviamente, saber contar uma boa história. Mas, e acima de tudo, devemos cultivar todos os dias em nossos corações essas duas qualidades que nos ajudarão a continuar quando tudo o mais indicar que devemos parar: a paciência e a fé.

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