|
Por José Salles 30/11/2007 Os fiéis leitores de Heróis em Ação* sabem que esta publicação sequer existiria se não fosse pelo Fã Zine #18 – Heróis Nacionais editado pelo sr. José Eduardo Cimó em meados da década passada. Fui conhecer esta pequena enciclopédia dos personagens brasileiros das agaquês tardiamente, e que me fez mudar a linha editorial deste fanzine. Desde então, venho pesquisando alguns dos gibis & personagens que constam no Heróis Nacionais – não só aqueles que me despertaram a memória afetiva, mas também outros de quem eu jamais ouvira falar. E confesso a vocês que, dentre tais tipos, alguns eu pensava que jamais fosse conhecer, como por exemplo aquele que consta da página 103 do Fã Zine #18: João Tymbira, de Francisco Acquarone. Mas não é que de vez em quando a vida nos reserva boas surpresas? Meu confrade Fig gentilmente me mandou um fac-símile de ótima qualidade do exemplar único de João Tymbira, e me deu a chance de conhecer este notável personagem brasileiro dos Quadrinhos. Sorte minha, já posso morrer um pouco menos triste. Diante da atual aridez nas bancas, e essa mania de se lançar edições luxuosas caríssimas aqui no Brasil, ler uma HQ como esta é um alívio refrescante que por momentos me fez esquecer a decadência de nossa sociedade. As reviravoltas são incessantes, por vezes os heróis é que ficam a mercê dos bandidos, por vezes acontece o contrário – o danado do Cascavel parece ser mesmo esguio, pois sempre consegue escapar. Esta primeira parte termina quando alcançam as cachoeiras de Paulo Afonso, de onde se inicia a segunda parte chamada Em Perigo nos Ares e no Mar. Da Bahia até Pernambuco, nosso herói faz jus a sua boa forma física: chega até a ficar pendurado numa corda amarrada a um hidroavião, tentando resgatar Gorgulho e Rosinha que haviam sido pegos pelos bandidos. A aventura prossegue incessante pelo rio Jaguaribe, entre perseguições de barcos e jangadas, prontos para a terceira parte, a mais emocionante da aventura: Entre os Selvagens da Amazônia, onde Tymbira e amigos prosseguem na caça aos meliantes pelas florestas das regiões norte e centro-oeste. Claro que numa aventura destas não poderiam faltar índios, alguns amigáveis, outros nem tanto. Finalmente o pérfido Cascavel é preso e nossos heróis podem retornar para casa.
João Tymbira Em Redor do Brasil é assim mesmo, aventura incessante. Entrando no campo especulativo, arrisco a dizer que o autor se inspirou nos heróis dos Quadrinhos que eram famosos na época – o visual de João é parecido com os mais famosos, como Brick Bradford, Flash Gordon, Red Barry, entre outros. Mesmo assim, nossos heróis encontram tempo para apreciar as belas paisagens das diferentes regiões brasileiras. É isso, a propósito, o grande diferencial desta monumental obra de Acquarone: verdadeiras aulas de História, Geografia, Botânica, Antropologia, enfim, um riquíssimo painel da vida do extenso território brasileiro. Alguns mais afoitos poderiam dizer “mas eram os tempos do Estado Novo, onde havia uma certa imposição aos artistas para engrandecer o país e dar consistência ao governo ditatorial de Vargas”. Devagar com o andor, minha gente! Uma frase assim, típica do atual esquerdismo ululante, só deprecia a obra de Acquarone. Lembremo-nos que em 1938 o Estado Novo ainda se organizava, de modo que todos os malefícios que ele trouxe à sociedade brasileira (especialmente com os abusos do DIP) ainda não se mostravam muito claramente. Tanto é assim que encontramos crítica social em João Tymbira. Eu particularmente preferiria mil vezes que Em Redor Do Brasil fosse distribuído e estudado em todas as escolas do ensino fundamental e médio em nosso país, no lugar da torpe doutrinação marxista dos dias de hoje. Mas quem iria dar importância para um reacionário paranóico como eu, não é mesmo? * Um dos fanzines editados por José Salles |
Quem Somos |
Publicidade |
Fale Conosco
|