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Resenha: Shima
Por Matheus Moura
31/10/2007

É sempre bom o resgate da memória de um povo independente se é literatura, pintura, folclore ou mesmo HQs. Além da ótima Arquivos HQB, de Leonardo Santana, agora também podemos contar com a Coleção Biografix da Marca de Fantasia, mesmo depois de um inicio conturbado com o não lançamento do primeiro volume, o qual seria dedicado ao cartunista Jaguar. Não foi esse problema (e não entraremos neste mérito aqui) que veio a minar a vontade do editor Henrique Magalhães em dar continuidade ao projeto. Passado algum tempo do ponta-pé inicial da série, já temos dois números à disposição: A Caravela, do mineiro Nilson; e Shima – HQs clássicas de um samurai dos Quadrinhos (Coleção Biografix #3, 68 páginas, formato 14 x 20 cm),  - sobre o qual iremos falar agora – que conta com oito histórias deste que é um dos maiores autores brasileiros.
 
De cara o que chama a atenção no livro é a bela capa feita exclusivamente pelo autor para a ocasião. Antes das histórias há uma introdução do pesquisador e roteirista Wellington Srbek situando o leitor à obra a ser lida, além de fazer um panorama a respeito da carreira de Julio Shimamoto. Logo em seguida começa as HQs, as quais são: A volta do Drácula, A ressurreição de Álfio!, Homem ou Tigre, Imagens do Futuro, Os Fantasmas do Rincão Maldito!, O Pintor Maldito, O Gêmeo e Sepultado com Vida. A maioria das histórias citadas acima contam com velhos clichês do terror – apesar das histórias não serem diminuídas por isso – além de algumas referências a contos de horror do final do século XIX e começo do XX, como Poe e H.P. Lovecraft; Os assassinatos da rua Morgue e Por trás dos portais da chave de prata, respectivamente. Entretanto há de se ter em mente quando se lê um material como esse que as histórias foram feitas em e para uma época especifica, fato este que pode causar estranhamento principalmente às novas gerações de leitores não habituados às diferenças de linguagens.
 
O mais interessante – assim como citado na intro de Srbek – é observar a evolução no traço de Shima, até ele chegar próximo ao formato utilizado atualmente. Porém, a impressão dada pela editora não valorizou o claro e escuro das histórias, fazendo com que em alguns momentos as imagens se tornem carregadas demais, prejudicando a leitura dos desenhos. Não sei se havia histórias coloridas, ou com tons de cinza, mas o preto deveras intenso acaba por tirar detalhes de personagens e principalmente de cenários. Um erro constante observado foi com relação ao português, em vários momentos há letras faltando, ou mesmo sobrando e erros de concordância também ocorrem. Mas o que mais senti falta foi de um índice e a relação dos outros artistas que trabalharam com Shimamoto nas histórias da coletânea, além das datas de cada história especificadas separadamente. Não são esses pequenos detalhes que ofuscam a importância de um lançamento como este. Material obrigatório para todos que se dedicam a conhecer um pouco mais sobre a história das HQs, em especial da brasileira. Para adquirir qualquer lançamento da Marca de Fantasia, basta acessar o site da editora ou escrever para o e-mail contato@marcadefantasia.com.br

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