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Por José Salles 30/10/2007 Esta revista ainda mostrou um pouco da obra de outros valorosos artistas, entre eles o Mestre Gedeone Malagola, que além do roteiro para Tom Térik (que substituiria Brett Carson) teve uma HQ fantástica publicada no segundo número: Ginóide, formidável história futurista onde Gedeone pôde experimentar um estilo diferente daquele que o consagrou em Raio Negro e outros heróis. Neste mesmo número foi anunciado o lançamento de um título próprio de Raio Negro pela Icea, na contracapa inclusive mostram-se fotos de Gedeone assinando contrato com os editores da Icea. Foram lançados dois números com novas aventuras do Raio Negro. Enfim, como foi dito, após a saída de Dag Lemos se fez necessária a criação de um personagem substituto para Brett Carson. Gedeone pensou em Tom Térik, e para dar vida a esta criação dos Quadrinhos foi escaldo o excelente Eloir Carlos Nickel, que já havia cativado muitos fãs em vários gibis especiais da Press Editorial e da Vecchi (Guerreiros do Crepúsculo, Andróide, Ophydia, etc.). Gedeone Malagola assinou somente uma HQ do personagem, a que está publicada no número 3 e se chama O Ídolo dos Sete Olhos, e é fácil perceber a preocupação dos autores em criar um personagem ao mesmo tempo novo mas que não fugisse muito às características do antecessor Brett Carson. Assim como este, Tom Térik também é um arqueólogo, e esta sua primeira aventura é tão movimentada quanto aquela que vimos no primeiro número de Os Guerreiros de Jobah. Uma HQ eletrizante produzida no pique de Buck Rogers (que é uma das favoritas de Gedeone Malagola). Disposto a ajudar uma linda sacerdotisa, Térik parte em busca de um artefato místico-religioso, e nessa empreitada vai enfrentar toda sorte de perigos: felinos grotescos, serpentes gigantescas, guerreiros bárbaros, vampiros alados, desafios que enfrentará com seu vigor físico e sua espada – contando sempre com a ajuda da linda sacerdotisa Taiara. Nickel deixa sua marca, fazendo com que esta HQ tenha mais influência de Conan. A paixão irresistível de Nickel pelo personagem de Robert Howard (especialmente sob o traço de Barry Windsor Smith) fica muito clara para quem vê as 4 magníficas páginas de A Última Batalha, HQ que encerra a terceira edição de Os Guerreiros de Jobah, um fascínio visual magnífico, uma pequena obra-prima do quadrinhista paranaense.
A saída de Gedeone foi muito sentida na segunda aventura de Tom Térik, publicada no quarto e derradeiro número da revista. Nickel segue firme nos desenhos mas quem assina o roteiro de O Magnífico de Ur é a dupla Nicolau Nilson e Marcelo B. Cavalcanti. Na HQ, Térik junta-se ao bom, sábio e honesto Sr. Jethro no combate ao maior inimigo deste, chamado Jordan. O lance mais doido acontece quando Térik vai consultar o Mestre das Palavras, sujeito esquálido que vive em cima de uma pedra com os braços levantados para o céu. Se a primeira aventura de Tom Térik foi no estilo fervoroso de Buck Rogers e Conan, esta segunda é marcada especialmente por magia & misticismo, e a narrativa está mais para fábula do que para HQ de aventura & ficção científica. Ainda assim O Magnífico de Ur é divertida, bem movimentada e é claro, com os atraentes desenhos de E.C. Nickel. Mas nem só de heróis fantásticos viveu a revista Os Guerreiros de Jobah. Houve espaço para HQs com temática urbana, humana, existencialista, sem fugir do gênero aventura & ficção científica. E, como já foi dito, produzidas por grandes nomes do Quadrinho brasileiro. Como a dupla da pesada entre o carioca Júlio Emílio Braz e o paraibano Deodato Borges (t.c.c. Mike Deodato), que assinaram 3 curtíssimas HQs que marcaram profunda lembrança na retina dos leitores, todas publicadas no quarto número da coleção: O Velho Sábio, macabra fábula oriental; Bruxos – das três esta é a HQ mais longa (4 páginas) e merece um comentariozinho a mais, pois nada pode ser melhor para os fãs de Quadrinhos do que uma história como esta, brilhante metáfora sobre poder, tecnologia e messianismo, primorosamente desenhada por Deodato Borges, hoje um reconhecido talento internacional. Encerra esta trinca de HQs a engraçada Megalópolis, onde Braz e Borges fazem troça com o Exterminador do Futuro.
No terceiro número, presença de mais dois grandes da HQB: Elmano Silva (t.c.c. Mano) enriquece ainda mais esta coleção com Goran. Consagrado nas HQs de terror, aqui Mano surpreende com uma violentíssima aventura futurista, onde um policial andróide (cujo visual lembra o do herói do clássico Rei da Polícia Montada) mantém caçada implacável a um fugitivo, bandido sanguinário e sem escrúpulos (com o sugestivo nome de “More Spank”). E temos também Emir Ribeiro contando a origem de Nova, a sensual super-andróide que se tornaria a grande rival da gigantesca Velta. Finalizando, comento rapidamente sobre outras HQs que apareceram nas páginas de Os Guerreiros de Jobah, elas também influenciaram muito os leitores de então e certamente ainda impressionarão alguns leitores de nossos dias, entre aqueles que encontrarem esses gibis em sebos de usados: Pimenta em Terra Alheia (publicada no número 2), foi talvez o ponto alto da coleção, espetacular HQ de Alvimar Pires dos Anjos sobre discos voadores: vários terráqueos vêm sendo abduzidos por seres extraterrestres, e um jornalista acaba encontrando alguns pontos em comum entre os abduzidos. O traço é primoroso e esta HQ só não é totalmente memorável porque a conclusão ficou muito insatisfatória, na minha opinião; ainda no segundo número, HQ assinada por Carlos H. Claudino: Deuses e Máquinas, um singelo delírio visual – e poético – futurista; já no quarto número temos outra HQ marcante: 2010 – A Terra de Aghar, com argumento de Nicolau Nilson e desenhos de Carlos Machado, é uma agaquê futurista com toques bíblicos, uma visão pessimista sobre o destino do Oriente Médio – um tema árido mas que se torna brilhante visto através dos desenhos de Machado, realmente muito bonitos. Ainda nesta última edição, Valdir Fernandes manda muito bem na HQ Guarnical, o Forte, sobre um guerreiro prepotente que vai se lascar quando tenta massacrar um mago que todos consideram divino. |
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