Bem, se você está lendo agora o Banda Mamão, o fato é que acabou de acontecer em Belo Horizonte o FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos e durante este mega evento de Quadrinhos esteve presente o estande do Quarto Mundo - e se você é um freqüentador aqui do Bigorna.net e obviamente de alguns outros sites que falam de HQs e HQs nacionais sabe do que se trata e, se não sabe, desculpe a ironia, mas trata de saber, ser desavisado!!!!!
Quarto Mundo é uma união de editores independentes de todo o Brasil com o intuito de se auto-ajudarem na vendagem de seus trabalhos e o que mais vier pela frente. Quando li sobre essa formação, digamos assim, no fotolog do desenhista Will e do editor aqui do Bigorna.net, Eloyr Pacheco, muito me surpreendi e principalmente me entusiasmei pela força que vem alcançando a rapaziada independente dos Quadrinhos e isso, claro, só vem reforçar a idéia que há gente querendo produzir, há gente querendo publicar. Por quê? Porque ninguém faria isso se não existisse um mínimo de interesse por parte dos leitores, mesmo que espaçados, e o principal é a prova que não há concorrência entre os produtores de Quadrinhos, desenhistas, roteiristas e editores independentes. Muito tem se falado das Histórias em Quadrinhos nacionais nos últimos tempos e pelo que se vê por aí, nunca se falou tanto. Quase toda a semana se vê acontecer eventos sobre Quadrinhos, debates, entrevistas na TV, Internet e o que mais for. Mas sem dúvida nenhuma essa movimentação toda tem seu grande impulso do pessoal independente, é ele que realmente está produzindo; fazendo alarde ou não, produzem com qualidade excepcional. Procurando seu público, ou querendo expandi-lo. Tem muita gente fazendo e, melhor que viver se lastimando as dificuldades que se vê por aí, é produzir de um jeito ou de outro, depois se vê no bicho que vai dar. E há um público aí para isso, pode não ser grande, mas acredito que há. Se antigamente a leitura de “independente” vinha com os adereços de underground, Quadrinhos contestadores, hoje se percebe tanto pela qualidade do material criado, texto e desenho, como pela edição, que a rapaziada está muito mais interessada em mostrar ao que veio, sem querer carregar aquela carga antiquada de “udigrudi”. Coisa antiga. A rapaziada sim quer contar histórias, quer contar Quadrinhos. Palmas para quem produz e edita!!!! Palmas para quem lê.
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O fanzine Justiça Eterna: competência e talento juntos já há 9 anos |
Caras como
André Diniz, por exemplo, que em 2000 lançou sua Editora Nona Arte, editora independente, numa época em que os Quadrinhos não gozavam de um cenário tão aquecido como hoje, conseguiu vendas boas, realmente boas, de lançamentos como
Fawcett com desenhos do mestre
Flavio Colin e os exemplares da série
Subversivos, isso com uma distribuição mais capenga digamos assim, capenga não no sentido pejorativo, mas no sentido limitado. O roteirista
Wellington Srbek com
Estórias Gerais também com desenhos do Colin, que mesmo tendo recentemente uma belíssima reedição por parte da Editora Conrad, fez alvoroço com uma edição independente. E por aí vão muitos nomes,
Manticore, Quadrinhópole, Justiça Eterna, Quadrinhos Subterrâneos, Billy The Kid, Cão, Garagem Hermética, Manicomics e uma pá de rapaziada brava que mostra não se importar muito se estão na galeria de pretendentes a serem publicados pelas editoras. Mesmo os gêmeos
Fábio Moon e
Gabriel Bá, hoje estrelas da nossa HQ, transitam pelo meio independente e editorial com a série
10 Pãezinhos, se auto-editando, contando suas histórias na série, independente do interesse ou não das editoras. O importante é fazer. Sempre.
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GraphiQ: Novos e velhos num jornal só de Quadrinhos |
Recentemente caiu em minhas mãos o jornal
GraphiQ editado pelo
Mário Latino. Trabalho de imenso fôlego aglutinando gente nova e gente já velha de guerra. Sem distinção, todos desfrutam as páginas do jornal com o mesmo peso. Latino, nicaragüense, que inclusive foi guerrilheiro por lá, trouxe seu espírito de guerra para o Brasil e para os Quadrinhos; mesmo tendo começado tarde como cartunista, aos 34 anos, se esforçou no aprendizado solitário, estudando, lendo muito e principalmente fazendo. O jornal
GraphiQ é uma soma de muitas coisas aprendidas nesse tempo todo, além da imensa vontade de se publicar e abrir espaços para outros. Assim como Latino, que do seu jeito calmo, sem alardes, vai produzindo e se fazendo presente, o roteirista, escritor e também editor
José Salles e sua
Editora SM, já na ativa há algum tempo, mostra extrema competência e qualidade no que edita. Exemplos como a retomada do clássico herói
Raio Negro do mestre
Gedeone e
O Gaúcho, outro clássico dos anos 60 do mestre
Shimamoto, e com boas vendagens obtidas, mostra que há público, basta achá-lo e se fazer presente sempre. Para breve, além de dar continuidade aos gibis tanto do Raio Negro quanto de O Gaúcho, a editora SM deve lançar Benjamim Pepe do cartunista
Paulo Miguel dos Anjos e o infantil Krahomim do mestre
Elmano Silva.
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O Gaúcho: clássico do mestre Shima relançado em revista independente |
Tanto iniciativas como a criação do
Quarto Mundo, a união de editores e autores independentes provando que a união faz a força, como isoladas, porém não menos atuantes e presentes como da Editora SM e o
Jornal GraphiQ só reiteram que é preciso força e vontade no produzir. Que há um público, não importa se pequeno ou grande, que se deve cultivar e alimentar e que só o tempo trará respostas e frutos, mas que definitivamente o futuro de nossas Histórias em Quadrinhos, está nas mãos desta moçada desvinculada de qualquer grande empresa, de qualquer vício editorial, que nada mais quer do que produzir e levar até seu público. Isso é a premissa de qualquer obra de arte. De qualquer obra de comunicação.