|
Por Cadorno Teles 09/10/2007
O mundo que Jeff Smith criou com a sua famosa série Bone foi contra todas as expectativas imaginadas. O ano era 1991, a editora Cartoon Comics era totalmente desconhecida, a revista em preto e branco não tinha mercado nos comics norte-americanos, Smith era um incógnito artista, ninguém conhecia e tinha receio de um Quadrinho que fugia cabalmente do gênero super-heróis, seus principais personagens, os bones, eram criaturas indefinidas, nem humanas, nem animais, mais parecendo ossos animados, cada um com uma personalidade diferente do outro. Ao primeiro olhar, a revista não tinha nada que pudesse interessar o público leitor e, surpreendentemente, os Quadrinhos de Jeff foram um total sucesso, tendo ganho todos os prêmios da Indústria dos Quadrinhos daqueles anos, como o Eisner, o Harvey e o da National Cartoonist Society, como também no exterior (Yellow Kid de Melhor Autor em 1998, entre outros). A história têm início quando os primos Fone Bone, Phoney Bone e Smiley Bone são expulsos de sua cidade natal, Boneville, devido às trapaças de Phoney, indo parar por acidente - após o ataque de uma nuvem de gafanhotos - em um vale desconhecido, povoado por humanos, animais falantes e criaturas míticas. Ali conhecem, entre outros personagens, Espinho, a qual Fone Bone fica apaixonado, e sua avó, Ben, um dragão vermelho que sempre aparece oportunamente para ajudar Fone Bone e o dono da taverna, tosco mas de bom coração. Juntos enfrentaram as horrendas criaturas ratazanas e os mistérios dos vales. Embora a história seja de pura fantasia, Bone revela freqüentemente um lado cômico, bem exemplificado com as agruras do muquirana Phoney Bone ou com as peripécias de Smiley Bone, ao melhor estilo desenho animado. A série possui uma narrativa acelerada, repleta de aventuras, mas que também possui seu lado mais sério, que a cada número ficou evidenciado como um verdadeiro épico a la Tolkien das HQs. Os personagens de Bone são comparados com aqueles criados por Walter Kelly em Pogo, na aparência e na caracterização. Entretanto, suas personalidades respectivas têm também outros precedentes. A personalidade de Phoney Bone lembra muito a do Tio Patinhas de Carl Barks, a de Fone Bone a do Bilbo Bolseiro no O Hobbit de Tolkien e a de Smiley Bone a do Grouxo Marx. A cada história é revelado um parâmetro da série; o diálogo flui em harmonia com o suspense sutil e a aventura envolvente, um trabalho fantástico que Smith pontua com o "silêncio" que usa para temperar a ação. A magia de Bone encanta, cresce e amadurece a cada número. Aqui no Brasil, começou a ser publicada em 1998, pela Via Lettera; ela sai em edições que agrupam alguns volumes, ao contrário do original que sai em números avulsos. Já foram publicadas 11 edições: o último título, A Caverna do Ancião (72 páginas, R$ 25,00) foi recentemente lançado. Contudo, o acompanhamento das aventuras têm de contar com uma certa paciência do leitor, um problema que com certeza a Via Lettera estará resolvendo, pois a problemática da seqüência dos capítulos, sem resumo das histórias anteriores, dificulta a compreensão. Mas a editora promete publicar mais volumes e ainda um especial, intitulado Estúpidas Criaturas Ratazanas, esperamos com voracidade as novas edições. Humor, mistério, aventura e emoção em uma série que encanta a cada quadro, a cada desenho, pela história completa e inteligente e para falar a verdade quem lê se vicia. A seguir os números já lançados, com um pequeno resumo. |
Quem Somos |
Publicidade |
Fale Conosco
|